por Joba Tridente
Dizem que quem vê cara não vê coração. Foi pensando nisso que, deixando de lado a lembrança do feio e modernoso cartaz, resolvi ver o documentário O Samba Que Mora Em Mim (O Samba Que Mora Em Mim, Brasil, Portugal, 2010) de Georgia Guerra-Peixe. A sessão era a do Clube do Professor que, verdade seja dita, por maior que seja o esforço do Unibanco Arteplex, se não for produção (com gente) da TVXXXXX, os professores passam ao longe. Ou melhor, nem passam. Éramos apenas 10 espectadores esperando que o filme (em algum momento da projeção) começasse ou que (em algum momento da projeção) terminasse.
Desta vez devia ter seguido ou meu instinto. Mas, como gosto de documentário e, pelo que havia lido a respeito, ele tinha uma abordagem diferenciada das pessoas que moram em favelas, mais precisamente no Morro da Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, resolvi arriscar. Bem, pela tal “abordagem diferenciada”, ele poderia ser rodado em qualquer favela do mundo. Já que os entrevistados são “anônimos” e (parecem) tão sem importância que cabe ao espectador imaginar a quem se encaixa os nomes nos créditos finais. Ele traz histórias comuns de pessoas comuns vivendo as suas vidas comuns e, por coincidência, morando na Mangueira que, além do samba, dá funk e pagode. Nada interessante, ou sequer curioso, que já não tenha sido explorado por outros documentários e até por exaustivas matérias televisivas que adoram tirar proveito da miséria, apelando para o “registro” da dignidade humana.
Os “depoimentos” e as respostas automáticas às perguntas ocultas não empolgam, e ficam ainda pior com a intrusa câmera detalhando partes do “solitário” depoente (sem a mesma categoria do clássico Ensaio, antigo programa da TV Cultura de São Paulo). Ela se faz de distraída, mexe, corta e recorta sem se importar com o que é dito. Falta respeito em quem escuta aquele que fala, mesmo que a fala seja banal. É enfadonho ficar vendo ruelas, escadas e atalhos, barracos, gentes, gatos e cães andando a esmo, fiação cruzada e perigosa, pessoas comendo, bebendo, dando um trato no cabelo e nas unhas etc. Se a opção era por uma fotografia “intimista” ela bem que poderia ser de melhor qualidade. Tentei ao menos descobrir a que samba o título se refere (dança ou música?) e não consegui. Eu também gosto muito de samba, mas este que vi, definitivamente, não mora em mim.
Entre a emoção barata sugerida por uma câmera à espera de uma lágrima, de um soluço, de um desabafo piegas qualquer, fico com o Dia Seguinte, belo samba paulista de Carlinhos Vergueiro e J. Petrolina, que diz: E depois/ Quando a festa acabar/ O que vai ser dessa vida/ Vai voltar ao que era/ Antes de passar pela avenida/ Nem melhor, nem pior/ Porque não pode ser mais dolorida/ Que será deste reino de branco e de azul/ Quando a voz das pastoras emudecer/ Quando o som da batida do surdo parar/ Igual um coração para de bater/ Que será desta porta bandeira/ Que foi aplaudida/ Amanhã, quando o rei começar/ A tristeza interrompida/ E este rei, que perdeu a coroa/ E a glória consentida/ Volte a ser camelô, biscateiro ou gari/ Ou de berro na mão por aí a reinar/ Poderá ser mais um pingente que cai/ Que no ano que vem ninguém vai notar.
Dizem que quem vê cara não vê coração. Foi pensando nisso que, deixando de lado a lembrança do feio e modernoso cartaz, resolvi ver o documentário O Samba Que Mora Em Mim (O Samba Que Mora Em Mim, Brasil, Portugal, 2010) de Georgia Guerra-Peixe. A sessão era a do Clube do Professor que, verdade seja dita, por maior que seja o esforço do Unibanco Arteplex, se não for produção (com gente) da TVXXXXX, os professores passam ao longe. Ou melhor, nem passam. Éramos apenas 10 espectadores esperando que o filme (em algum momento da projeção) começasse ou que (em algum momento da projeção) terminasse.
Desta vez devia ter seguido ou meu instinto. Mas, como gosto de documentário e, pelo que havia lido a respeito, ele tinha uma abordagem diferenciada das pessoas que moram em favelas, mais precisamente no Morro da Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, resolvi arriscar. Bem, pela tal “abordagem diferenciada”, ele poderia ser rodado em qualquer favela do mundo. Já que os entrevistados são “anônimos” e (parecem) tão sem importância que cabe ao espectador imaginar a quem se encaixa os nomes nos créditos finais. Ele traz histórias comuns de pessoas comuns vivendo as suas vidas comuns e, por coincidência, morando na Mangueira que, além do samba, dá funk e pagode. Nada interessante, ou sequer curioso, que já não tenha sido explorado por outros documentários e até por exaustivas matérias televisivas que adoram tirar proveito da miséria, apelando para o “registro” da dignidade humana.
Os “depoimentos” e as respostas automáticas às perguntas ocultas não empolgam, e ficam ainda pior com a intrusa câmera detalhando partes do “solitário” depoente (sem a mesma categoria do clássico Ensaio, antigo programa da TV Cultura de São Paulo). Ela se faz de distraída, mexe, corta e recorta sem se importar com o que é dito. Falta respeito em quem escuta aquele que fala, mesmo que a fala seja banal. É enfadonho ficar vendo ruelas, escadas e atalhos, barracos, gentes, gatos e cães andando a esmo, fiação cruzada e perigosa, pessoas comendo, bebendo, dando um trato no cabelo e nas unhas etc. Se a opção era por uma fotografia “intimista” ela bem que poderia ser de melhor qualidade. Tentei ao menos descobrir a que samba o título se refere (dança ou música?) e não consegui. Eu também gosto muito de samba, mas este que vi, definitivamente, não mora em mim.
Entre a emoção barata sugerida por uma câmera à espera de uma lágrima, de um soluço, de um desabafo piegas qualquer, fico com o Dia Seguinte, belo samba paulista de Carlinhos Vergueiro e J. Petrolina, que diz: E depois/ Quando a festa acabar/ O que vai ser dessa vida/ Vai voltar ao que era/ Antes de passar pela avenida/ Nem melhor, nem pior/ Porque não pode ser mais dolorida/ Que será deste reino de branco e de azul/ Quando a voz das pastoras emudecer/ Quando o som da batida do surdo parar/ Igual um coração para de bater/ Que será desta porta bandeira/ Que foi aplaudida/ Amanhã, quando o rei começar/ A tristeza interrompida/ E este rei, que perdeu a coroa/ E a glória consentida/ Volte a ser camelô, biscateiro ou gari/ Ou de berro na mão por aí a reinar/ Poderá ser mais um pingente que cai/ Que no ano que vem ninguém vai notar.
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