domingo, 3 de janeiro de 2010

Crítica: Planeta 51


Pra quem ainda não viu, a dica de férias é para a divertida e levemente satírica animação Planeta 51, dirigida por Jorge Blanc, com roteiro de Joe Stillman (de Shrek). Apresentando uma técnica apuradíssima, bem superior a muitas produções de sucesso, ela deita e rola em cima de clichês de filmes de ficção científica e fantasia.

Planeta 51 é onde o astronauta norte americano Charles “Chuck” Baker chega, pra tomar posse, e descobre que não está sozinho. Para a sua surpresa e “terror” o planeta é habitado por seres verdes, parecidos com marcianos da ficção (se um dia encontrarmos algum marciano em Marte, “ou em outro planeta”, poderemos sanar a dúvida). Interrompido, na sua cinematográfica missão, Chuck entra em pânico e foge apavorado. Ao mesmo tempo, em algum lugar do planeta, Rover, uma sonda de pesquisa mineral, que age como se fosse um cachorro, consegue escapar da Base 9 (similar a Área 51), onde “não” são guardados “destroços alienígenas” e sai à procura do astronauta. A partir daí, na pacata cidade (que vive nos dourados anos 1950), a confusão está armada. É correria pra todo lado. A explicação pra histeria coletiva está na exibição do filme Humaniacs - II (similar ao Guerra dos Mundos (The War of the World, EUA,1953) - clássico baseado no livro homônimo de H. G. Wells - dirigido por Byron Haskin, que narra a invasão da Terra por marcianos) no cinema da cidade e que, num exercício de metalinguagem, o espectador assiste junto com os habitantes do Planeta 51. O filme Humaniacs - II é o segundo, de uma série de três, sobre alienígenas que invadem o Planeta 51, levando pânico a toda população, matando uns e transformando outros em zumbis (referência a Invasores de Marte (Invaders from Mars, EUA, 1953) de William Cameron Menzies). E assim, os sugestionáveis habitantes, influenciados pelos filmes sobre alienígenas e persuadidos pelo General Grawl e pelo Professor Kipple (especialista em dissecar cérebros), com medo de virarem zumbis, se juntam à caçada ao apavorado astronauta.


Chuck sabe que não é lá muito inteligente e que se tornou um astronauta por causa do seu charme e boa aparência. Ao se “juntar” a Lem, o subgerente do Glipforg Observatório, e seus amigos (Skiff e Eckle) loucos por ficção científica, Chuck, que continua acreditando que os alienígenas são os habitantes do Planeta 51 e não ele, que veio da Terra, vai provar a si mesmo que não é apenas um apertador de botões de uma nave automática que cruzou o universo. A divertida paranóia no Planeta 51 é a mesma vivida pelos americanos na década de 1950, quando viam perigo em toda parte do céu e da terra (com a invasão de comunistas ou de alienígenas), não que isso tenha mudado muito nos dias de hoje. O filme faz referências legais a muitos filmes de FC como Guerra dos Mundos, 2001, Invasores de Corpos, Invasores de Marte, O Dia em Que a Terra Parou, Alien, ET, Star Wars, Zumbis, Cantando na Chuva, Exterminador do Futuro, sempre em situações propícias. O que me parece uma excelente oportunidade para os pais cinéfilos ensinarem aos filhos o que uma sátira, referência ou refilmagem ou, ainda, falar de filmes da FC que (duvido) não tenham ouvido falar.


Apesar de excelente produção, Planeta 51 tem algumas (poucas) escorregadas percebidas por um adulto mais atento (como algumas piadas escatológicas e situações sexualmente mal resolvidas). Talvez pra ficar mais ao gosto das comédias americanas. Inclusive a dublagem é americana. Mas nada que comprometa a diversão certa. Só o fato de se tratar de uma co-produção entre os Estados Unidos, Espanha e Reino Unido, já valeria dar uma olhadela. Aliás, um dos ótimos momentos, que pouquíssima gente (inclusive a crítica especializada) compreende, é quando Lem, um nativo do Planeta 51, tenta entender (em vão) porque que o astronauta alienígena fala a mesma língua dele, o inglês. Inclusive usa a mesma grafia. Não queria, mas tenho que desvelar a sátira... Ora, é muito simples, em todo filme americano de ficção científica, que se preze, os alienígenas que invadem a Terra falam inglês americano! Em alguns filmes, principalmente “trash”, os alienígenas se justificam dizendo que aprenderam assistindo televisão, captando transmissão de rádio etc. (Caramba, até parece que nunca assistiram a Papai Noel Conquista os Marcianos (Santa Claus Conquers The Martians, EUA, 1964), de Nicholas Webster!). Fora isso o espectador não tem a menor idéia (e nem liga) do aprendizado do inglês americano pelos ETs. Genial!

Está de férias? Quer passar o tempo? Já viajou em 3D até Pandora em busca de um Avatar? Então, relaxe e se divirta no Planeta 51. Ah, mas só saia do cinema depois de descobrir os destinos do cientista, do astronauta e do cachorro alien, revelados junto com os créditos finais. O site do filme também é bacana, tem jogos, vídeos, downloads etc.

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