sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Quem TV vê TV Quem


arte postal: Sônia/Oficina em Juranda-PR

Quem TV vê TV Quem

Não sou muito de ver TV. Não tenho paciência pra mesmice. Novela, então..., quando estou com tempo só a do chá das 6. Outras, só os primeiros capítulos, que são os mais elaborados, e, às vezes, os últimos. Assim, na hora de bebericar um chá, me ligo na novelesca, pra não ver programas de baixaria e bobices nos outros canais. Se começa a chatear zappeio até o fim do chá. E me desligo. Não me acabo numa TV por assinatura. A maioria dos canais pagos é tão ruim quanto os abertos. Mesmo sendo pagos. E filme bom é filme visto no cinema.

De ano a ano as novelas alcançam outros canais e vão ficando cada vez piores na sua repetência. Dizem que o custo de uma novela daria pra fazer dezenas de filmes..., alguns até com melhor qualidade do que se vê por aí. Mas o público quer saber de novela e não de cinema. Assim...

Enquanto isso em uma novela:
- Como é que um sujeito (chato) que quer se esconder da família, da polícia e de seus inimigos, continua com a mesma cara, barba e cabelo? Não seria mais fácil cortar e parecer um pouco mais diferente e/ou (ao menos) demorar o reconhecimento?
- Como é que uma mulher que aparenta no máximo 30 anos pode ter filhos adolescentes de quase 18 anos? Se teve filhos ainda na adolescência, por que não se discute isso?
- Por que em plena era da informatização alguém faria um curso de dactilographia?
- Como uma pessoa pode ser demitida e não receber (e nem saber existir) Fundo de Garantia e Salário Desemprego, ficando, da noite pro dia, na miséria?

Enquanto isso em outra novela:
- Por que um sujeito fotógrafo famoso numa novela das 21 horas é exatamente o mesmo sujeito e fotógrafo famoso (até na barba) de um personagem caboclo/aviador que vai pra Europa e é premiado em uma novela que fez época às 18 horas? Ah, magia das novelas!

Enquanto isso numa novela que acabou:
Paraíso, versão 2009, foi uma das novelas mais sem noção que já passaram na TV brasileira. Paraíso (na trama) é o nome de uma cidade, praticamente no meio do nada. Lá pras bandas de Mato Grosso. Um lugar onde não tem agência dos Correios e nem rodoviária, banco, escola. O comércio não passa de um posto de gasolina, um bar/restaurante/boteco, uma pensão, uma farmácia, um taxi e uma igreja sempre vazia. O lugarejo é uma ilha rodeada de fazendeiros e administrada por um prefeito sem vice e sem vereadores. A população ali é mínima e 100% de fofoqueiros. Um punhado de homens e um punhado de mulheres e todos fofoqueiros. Não se tem nada a fazer ali. Só um ou outro tem família. Na purgativa Paraíso vivem dois chatos chorões: Zeca “Diabo” e Santinha.

E então: aparecem por ali dois sujeitos (sem família) metidos a espertos, “formados” em publicidade e jornalismo, que pensam em instalar, na praça, um “moderníssimo” serviço de auto-falante, pra vender anúncios (ou seria reclames?) e noticiar (?) aos moradores. Em vez disso abrem uma rádio e na cidade, que não tem nem televisão, todos passam a ouvir a rádio. A partir daí, aquele lugarejo regido pela igreja católica (que não comemora nem a semana santa), e que já teve até um (minúsculo) cinema, finalmente começa evoluir. As fofocas mudam o foco e em pouco tempo uma financeira e duas lojas de marca se estabelecem na “cidade”, pra vender seus serviços pra ninguém. A rádio passa de mão em mão e qualquer basbaque consegue colocá-la no ar. Lá pelas tantas, um dos fundadores da rádio, que tinha ido embora daquele vilarejo esquecido no meio do nada, volta pra lançar um jornal (um jornal!), ali onde as pessoas nunca viram um helicóptero e tem uma ponte quebrada, Mas, como Paraíso quer sair do anonimato, mesmo não tendo serviços essenciais, termina com a inauguração de um aeroclube. Pode?!?

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