quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Crítica: Encontro de Casais


Encontro de Casais
Encontro de Casais
uma divertida viagem numa canoa furada

Estréia, neste Natal, mais uma comédia americana sobre relacionamento amoroso. Quem gosta de cinema e vê de tudo um pouco ou quase tudo que chega às telonas, conhece de cor e salteado todos os clichês do cinema americano, principalmente das comédias românticas do tipo opostos que se atraem, depois de algumas confusões e indefectíveis piadas escatológicas, trombadas e escorregões. Certo? É ver pra crer ou nem precisar ver. É assim, mesmo. Quem viu (ou vê) uma comédia americana, já viu todas. Quando começa o Encontro de Casais, um espectador estraga prazeres (feito eu) com toda certeza vai dizer, já vi isso (desentendimento de casal) e já sei como vai terminar. Comédia romântica americana é previsível demais. Certo? Errado! Encontro de Casais (Couples Retreat, EUA, 2009), com direção de Peter Billingsley e roteiro de Vince Vaughn, Dana Fox e Jon Favreau, é uma comédia que navega contra a maré da previsibilidade até mesmo na esquisitice.

Construído na linha amor estranho amor, bem ao gosto (mas sem a ousadia) de Woody Allen, Encontro de Casais diverte ao colocar quatro casais amigos numa terapêutica canoa furada, em uma ilha paradisíaca. A história é a seguinte: numa última tentativa de salvar o seu casamento, Jason (Jason Bateman) e Cynthia (Kristen Bell) decidem participar de uma terapia de casais, chamada Eden, num resort no Tahiti. Como o programa custa caro, tentam convencer três casais de amigos: Dave (Vince Vaughn) e Ronnie (Malin Akerman), Joey (Jon Favreau) e Lucy (Kristin Davis), e Shane (Faizon Love) e Trudy (Kali Hawk) a embarcarem com eles, em troca de um grande desconto e sem a obrigação de participar da terapia. O lugar fantástico lembra tanto A Ilha da Fantasia que a gente acha que logo vão aparecer Tattoo (Hervé Villachaize) gritando: “É o avião! É o avião!“ e o Sr. Roarke (Ricardo Montalban) recebendo os convidados. Nesta ilha da terapia, os casais são recebidos com muitos sorrisos por Sctanley (Peter Serafinowicz), que dá os votos de boas vindas e o aviso de que, pra usufruir daquela maravilha ao redor, todos serão obrigados a participar das terapias que exigem concentração e entrega total. O que, numa ilha de tantos prazeres (comida e bebida) e desejos (pegação/sexo), não é nada fácil. Malditas letrinhas miúdas!

O humor apresentado em Encontro de Casais é meio nonsense e aposta mais na sugestão da imagem do que no diálogo. Apesar do absurdo jovial de ambos. É um humor mais próximo (mesmo que distante) do inglês do que do americano. Talvez, por isso, algumas situações podem ser engraçadas pra um espectador e entediante pra outro. Vai tudo da leitura “terapêutica” das terapias convencionais, estranhas, bizarras e/ou até “educativas”, como a de Tantra Yoga, orientada por Salvadore (Carlos Ponce), um musculoso e sensual Yogue (que sai das águas azuis, feito um Deus Grego, numa sunga sumária, para ensinar posições sexuais). Há uma boa carga de humor negro na crítica ao padrão dos terapeutas e na necessidade de padronizar os casais, cada um com seu uniforme, distintos pela estampa escura e desordenada dos psicanalistas e pela cor diversificada por casal (lavanda, amarelo escuro, ouro, laranja).

Encontro de Casais, com seu humor alternativo (já partilhado por Vince Vaughn e Jon Favreau em outras comédias amorosas), provocante e leve, é um filme simpático, com uns dois ou três vacilos que não o comprometem. Recheada de gente bonita e de tipos curiosos, no cenário encantador de Bora Bora, na Polinésia Francesa, a comédia é um convite ao relaxamento, diversão e, de quebra, terapia de casais quase de graça.

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