Jumanji: Bem-Vindo à
Selva
por Joba
Tridente*
Em 1995, uma das grandes sensações nas salas de
cinemas, que marcou a infância e a juventude de muita gente, foi o filme de
aventura e ação Jumanji, dirigido
por Joe Johnston, a partir do roteiro alucinante de Jonathan Hensleigh, Greg
Taylor e Jim Strain. Baseado no livro infantil homônimo de Chris Van Allsburg,
publicado em 1982, ele tanto apavorava os menores (e os maiores) quanto
divertia com seus efeitos (muito) especiais (para a época). Vinte e dois anos depois,
eis que o misterioso tabuleiro reaparece (atualizado em videogame de cartucho) nas
telonas para conduzir os novos e os velhos espectadores a uma deliciosa viagem
no tempo e direta para o coração da aventura em Jumanji: Bem-Vindo à Selva, com direção de Jake Kasdan.
Roteirizado por Chris McKenna, Jeff Pinkner, Scott
Rosenberg e Erik Sommers, também a partir do livro Jimanji, do escritor e ilustrador norte-americano Chris Van
Allsburg (Zathura, O Expresso Polar), o despretensioso Jumanji: Bem-Vindo à Selva, dirigido
com desenvoltura por Kasdan, leva o
público aonde o filme anterior apenas insinuou. Aquela trama, situada em 1969 e
1995 e estrelada por Robin Williams (Alan
Parrish), trazia a ação e os horrores da selva para a cidade, esta, nos
dias de hoje, leva os nerds Spencer (Alex Wolff) e Martha (Morgan Turner),
a popular das selfies Bethany (Madison Iseman) e o esportista Fridge (Ser'Darius Blain), quatro estudantes americanos típicos do ensino
médio, para viverem uma aventura perigosa e com muita adrenalina e humor no
coração da selva.
Nesta “plataforma” selvagem e atemporal, onde não
faltam bandidos motoqueiros, homens broncos, hipopótamos, rinocerontes,
elefantes, tigres, cobras, mosquitos..., os jovens aspirados pelo Jumanji (em nova plataforma vintage) compartilham
suas personalidades originais com as dos avatares
adultos escolhidos no início do jogo, numa divertida inversão de corpos: o
magricelo Spencer é o arqueólogo Dr. Smolder Bravestone (Dwayne Johnson), a recatada Martha é a sensual lutadora Ruby Roundhouse (Karen Gillan), a fogosa patricinha Bethany é o cinquentão cartógrafo Professor Shelly Oberon (Jack
Black), o grandalhão Fridge é o
miúdo zoologista Moose Finbar (Kevin Hart). Uma mudança física e dupla
identidade que vai dar muita confusão...
Bem, como os adolescentes (em corpos adultos) não estão
de férias e ou simplesmente exercitando a jornada
do herói, se quiserem voltar vivos para casa vão ser obrigados a trabalhar
juntos para derrotar o grotesco vilão Van
Pelt (Bobby Cannavale) e devolver
o olho esmeralda (roubado por ele) à gigantesca escultura do tigre de pedra. E
para provar que não é tão “sádico” quanto parece, o místico Jumanji dá três vidas para cada jogador e a possibilidade de contarem com a ajuda do aviador Alex (Nick Jonas), aprisionado por ele há muito tempo. Naquele lugar só o
tempo é relativo. Portanto, quem só tem três vidas que se cuide! Corra, lute,
use a massa cinzenta..., ou seja deletado para o todo sempre!
Com sua história um tanto infantojuvenil, Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Welcome to the Jungle, EUA, 2017) pode não
causar o mesmo impacto daquela contada em 1995, mas funciona agradavelmente
como um bom passatempo..., graças ao ritmo ágil e ao clima de game-pastelão. O
roteiro simples não perde tempo explicando o óbvio e nem vacila no propósito de
aventura pateta e de pancadaria de cartum. O elenco é afinadíssimo e tem ótima
química (inclusive de personagens). As gags e piadas pontuais são engraçadas, principalmente
quando os personagens (descobrindo habilidades e discutindo aspectos físicos)
riem de si mesmos. Algumas sequências e diálogos (onde se destacam Jack Black e
Dwayne Johnson) são impagáveis. Ah, e o fato do vilão parecer caricato e
provocar mais riso e nojo que medo faz parte da fantasia.
Enfim, se quiser apenas uma boa diversão, emoldurada
com excelentes efeitos especiais, só é preciso que você deixe seu adulto
rabugento em casa e embarque no enredo “ingênuo” do indestrutível jogo inteligente
(alienígena?) que reaparece quando menos se espera para testar a coragem e a
paciência dos jogadores (humanos?). Se quiser algo mais “cabeça”, busque outra
sala de cinema. Porque nem mesmo a repetida mensagem edificante de “vencer os
próprios medos” é piegas...
*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de
idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo),
em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista
e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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