quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Crítica: Jumanji: Bem-Vindo à Selva


Jumanji: Bem-Vindo à Selva
por Joba Tridente*

Em 1995, uma das grandes sensações nas salas de cinemas, que marcou a infância e a juventude de muita gente, foi o filme de aventura e ação Jumanji, dirigido por Joe Johnston, a partir do roteiro alucinante de Jonathan Hensleigh, Greg Taylor e Jim Strain. Baseado no livro infantil homônimo de Chris Van Allsburg, publicado em 1982, ele tanto apavorava os menores (e os maiores) quanto divertia com seus efeitos (muito) especiais (para a época). Vinte e dois anos depois, eis que o misterioso tabuleiro reaparece (atualizado em videogame de cartucho) nas telonas para conduzir os novos e os velhos espectadores a uma deliciosa viagem no tempo e direta para o coração da aventura em Jumanji: Bem-Vindo à Selva, com direção de Jake Kasdan.


Roteirizado por Chris McKenna, Jeff Pinkner, Scott Rosenberg e Erik Sommers, também a partir do livro Jimanji, do escritor e ilustrador norte-americano Chris Van Allsburg (Zathura, O Expresso Polar), o despretensioso Jumanji: Bem-Vindo à Selva, dirigido com desenvoltura por Kasdan, leva o público aonde o filme anterior apenas insinuou. Aquela trama, situada em 1969 e 1995 e estrelada por Robin Williams (Alan Parrish), trazia a ação e os horrores da selva para a cidade, esta, nos dias de hoje, leva os nerds Spencer (Alex Wolff) e Martha (Morgan Turner), a popular das selfies Bethany (Madison Iseman) e o esportista Fridge (Ser'Darius Blain), quatro estudantes americanos típicos do ensino médio, para viverem uma aventura perigosa e com muita adrenalina e humor no coração da selva.


Nesta “plataforma” selvagem e atemporal, onde não faltam bandidos motoqueiros, homens broncos, hipopótamos, rinocerontes, elefantes, tigres, cobras, mosquitos..., os jovens aspirados pelo Jumanji (em nova plataforma vintage) compartilham suas personalidades originais com as dos avatares adultos escolhidos no início do jogo, numa divertida inversão de corpos: o magricelo Spencer é o arqueólogo Dr. Smolder Bravestone (Dwayne Johnson), a recatada Martha é a sensual lutadora Ruby Roundhouse (Karen Gillan), a fogosa patricinha Bethany é o cinquentão cartógrafo Professor Shelly Oberon (Jack Black), o grandalhão Fridge é o miúdo zoologista Moose Finbar (Kevin Hart). Uma mudança física e dupla identidade que vai dar muita confusão...


Bem, como os adolescentes (em corpos adultos) não estão de férias e ou simplesmente exercitando a jornada do herói, se quiserem voltar vivos para casa vão ser obrigados a trabalhar juntos para derrotar o grotesco vilão Van Pelt (Bobby Cannavale) e devolver o olho esmeralda (roubado por ele) à gigantesca escultura do tigre de pedra. E para provar que não é tão “sádico” quanto parece, o místico Jumanji dá três vidas para cada jogador e a possibilidade de contarem com a ajuda do aviador Alex (Nick Jonas), aprisionado por ele há muito tempo. Naquele lugar só o tempo é relativo. Portanto, quem só tem três vidas que se cuide! Corra, lute, use a massa cinzenta..., ou seja deletado para o todo sempre!


Com sua história um tanto infantojuvenil, Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Welcome to the Jungle, EUA, 2017) pode não causar o mesmo impacto daquela contada em 1995, mas funciona agradavelmente como um bom passatempo..., graças ao ritmo ágil e ao clima de game-pastelão. O roteiro simples não perde tempo explicando o óbvio e nem vacila no propósito de aventura pateta e de pancadaria de cartum. O elenco é afinadíssimo e tem ótima química (inclusive de personagens). As gags e piadas pontuais são engraçadas, principalmente quando os personagens (descobrindo habilidades e discutindo aspectos físicos) riem de si mesmos. Algumas sequências e diálogos (onde se destacam Jack Black e Dwayne Johnson) são impagáveis. Ah, e o fato do vilão parecer caricato e provocar mais riso e nojo que medo faz parte da fantasia.


Enfim, se quiser apenas uma boa diversão, emoldurada com excelentes efeitos especiais, só é preciso que você deixe seu adulto rabugento em casa e embarque no enredo “ingênuo” do indestrutível jogo inteligente (alienígena?) que reaparece quando menos se espera para testar a coragem e a paciência dos jogadores (humanos?). Se quiser algo mais “cabeça”, busque outra sala de cinema. Porque nem mesmo a repetida mensagem edificante de “vencer os próprios medos” é piegas...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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