Meu
Malvado Favorito 3
por Joba Tridente*
Sete anos depois de tentar roubar a Lua; adotar as
adoráveis órfãs Margo, Edith e Agnes; se casar com a agente Lucy
e entrar para o seleto time da Liga
Anti-Vilões (AVL), o ex-malvado Gru
está de volta para viver dias de grandes surpresas: é demitido da AVL, por não conseguir capturar o vilanesco
Balthazar Bratt; descobre que tem um
charmoso irmão gêmeo chamado Dru, um playboy
exibicionista cheio de “más” intenções..., e, de quebra, ainda conhece um dos
mais bem guardados segredos de família sobre o seu desconhecido pai.
A esta breve e suficiente sinopse junte muita ação,
algumas boas piadas e gags inteligentes, mais ação e momentos fofos, mais um
bocado de ação e “violência-cartum” e moderada dose de vilania vintage e ou
retrô, tipo oitentista..., e você tem o divertido Meu Malvado Favorito 3 (Despicable
Me 3, EUA, 2017).
Em Meu Malvado Favorito 3, dirigido por Pierre
Coffin, Kyle Balda e Eric Guillon, os roteiristas Cinco Paul e Ken Daurio não alteram a saga de Gru
e sua estranha família, que agrega também os amorais Minions...,
apenas acrescentam novos (e bons) elementos para que ela siga em frente sem
comprometer as duas histórias (de sucesso) anteriores. Foi assim também com o Meu Malvado Favorito 2. Agora, além
de pais superprotetores, o casal de agentes Gru
e Lucy só não dá trégua para os
vilões. Principalmente para o complexado Balthazar,
um ex-prodígio mirim da tv que perde o posto de protagonista num seriado maluco,
quando vira adolescente, e (adulto) decide se vingar dos espectadores (que o
esqueceram) e de Hollywood (que o dispensou) com um plano mirabolante (que lembra
as tramas trash da Asilum e seriados de monstros japoneses).
A
animação tem tudo para agradar a todas as faixas etárias, principalmente pelo
seu ritmo alucinante (comum em filmes de super-heróis) para desenrolar e
costurar num bom epílogo as quatro tramas paralelas em distintos níveis de ação
e aventura: a da vingança de Balthazar
que, com seu extravagante figurino com ombreiras, bigodão, estilo musical e
dança a la Michael Jackson, age como se
estivesse vivendo nos anos 1980; a do “afetadíssimo” (na horrorosa dublagem
brasileira) Dru, irmão “perdido” de Gru, num estilo meio steampunk; a da garotinha Agnes e o seu amor pelos unicórnios, num
dos momentos lúdicos de intensa beleza e nonsense; e a da revolta dos Minions que, ansiosos por uma
maldadezinha (ou travessura), vão mais uma vez cair na estrada e acabar fazendo
homenagens hilárias a produções como Sing -
Quem Canta Seus Males Espanta (2016) e Amor Sublime Amor (1960). Ah, entre outras marcantes referências
cinematográficas e televisivas estão Star
Wars - O Império Contra-Ataca (1980) e Pantera
Cor de Rosa (1963).
Enfim,
Meu Malvado Favorito 3 deixa a
pieguice de lado, e fala naturalmente da complexa convivência em família, das sempre
bem-vindas fantasias infantis e dos percalços e mágoas (profundas) no meio
artístico, com o descarte (mais comum do que se imagina) de atores e atrizes
que já não rendem tanto dinheiro quanto os estúdios esperam deles..., tema também já
desenvolvido em diversas ficções para adultos, como em o perturbador Mapa para as Estrelas (2014), de
David Cronenberg. Mas não se preocupe, no desenho a linguagem da narrativa é
básica e cômica (ou seria irônica?) e ao alcance de todos os públicos. Não tem
nenhuma lição de moral, ou sequer jornada
do herói (será que jornada do vilão
conta?), mas tem uns toques bem bacanas sobre responsabilidades.
Com
sua técnica irrepreensível; trilha sonora (que não incomoda!!!) pop; roteiro
redondo; excelente direção e personagens (ainda) cativantes; sequências geniais
(e ousadas) como a da mãe do Gru (ela
é que sabe viver, viu!) à beira da piscina (se cuidem, conservadores!)..., se é
fã da franquia, acho que vai gostar! Bem, se não é fã, vai gostar também! Pode
não ser tão arrebatador quanto o primeiro Malvado,
mas continua um bom programa e um saudável escracho do princípio ao fim.
*Joba Tridente:
O primeiro filme vi
(no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990.
O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer
crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se
compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de
última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power
Play (Jogo de Poder,
2003), de Joseph Zito,
rodado aqui em Curitiba.
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