Alô, Alô,
Terezinha!
O ridículo bom é o
ridículo do outro.
Finalmente chega às salas de cinema o esperado
documentário Alô, Alô, Terezinha, de
Nelson Hoineff. Se alguns cineastas brasileiros descobriram o filão DOC, o
público ainda tem as suas ressalvas. E é bem provável que elas aumentem com
este Alô, Alô, Terezinha, um filme que
decepciona quem se dispõe a ir ao cinema para saber algo que ainda não saiba ou
simplesmente para matar saudades do irreverente Velho Guerreiro.
Alô, Alô,
Terezinha não é, exatamente, uma biografia
cinematográfica de Chacrinha. Talvez
um título mais correto fosse Adeus,
Adeus, Terezinha, já que se trata dos sobreviventes dos Programas do Chacrinha (Discoteca do Chacrinha, Cassino do
Chacrinha, Buzina do Chacrinha), mais precisamente das suas chacretes. Recheado
de imagens de arquivo (que parecem reprodução de fita VHS rodando num
vídeo-cassete com cabeçote sujo), o filme resgata uma dançarina aqui e outra
ali e elas vão falando (ou desfiando lamúrias) sobre o antes, o durante e o desafortunado depois da “fama”. É um
vale tudo sem fim (droga, sexo, prostituição) numa viagem incômoda que vai do vulgar
ao grotesco em questão de segundos.
Chacrinha (José Abelardo Barbosa de Medeiros (30/09/1917 –
30/06/1988) “criou” um jeito irreverente de fazer programas de televisão com
muitas baixarias, devidamente apropriadas e multiplicadas pelos atuais
apresentadores (“Na televisão nada se
cria, tudo se copia!”) que transformam cada vez mais a TV brasileira num
mundo cão sem nenhuma coleira à vista. Alô,
Alô, Terezinha insiste na dose e no desfile vexaminoso de depoimentos (e
desnudamentos) de chacretes, de ex-calouros com suas bizarrices, e até mesmo de
cantores conhecidos ou esquecidos, sobre o Velho
Guerreiro (e muito mais sobre si mesmos), que acrescentam absolutamente
nada à biografia do apresentador ou à memória cultural (televisiva) brasileira.
Alô, Alô,
Terezinha pretende ser engraçado, mas o
seu “humor” é constrangedor. Se Chacrinha
dizia que “veio pra confundir e não pra explicar”, Hoineff não faz nem uma
coisa e nem outra, apenas expõe o ridículo de todos que passaram pelo Circo do Velho Palhaço. O apresentador
tinha nada de sutil, mas grosseria demais também cansa. O ridículo bom é o
ridículo do outro.
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