Duas
Rainhas
por Joba Tridente
Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino (des)Unido...,
terra(s) de muitas histórias e cenário ideal para as tragédias e comédias shakespearianas.
Um palco onde não falta (?) espaço para embates psicológicos, patológicos,
físicos e variações de blefes sentimentais. Tampouco bastidores ardentes com
fofocas sobre as maquiavelices de favoritas e favoritos enquanto prestadores de
serviços (também sexuais) a seus (suas) monarcas. Pelo menos é o que nos faz
crer as especulativas obras dos mais recentes contadores de histórias de
cinema, com suas tramas libertinas mais inspiradas que baseadas em fatos
(confiáveis).
A mais nova adaptação cinematográfica, envolvendo a
monarquia europeia, que chega com atraso ao Brasil, é o drama, com boas doses
de luxúria, Duas Rainhas (Mary Queen of Scots, 2018), com roteiro
de Beau Willimon e direção de Josie Rourke.
Baseado no livro Queen of Scots: The True
Life of Mary Stuart, do historiador e biógrafo John Guy, a trama que, em
tempos modernos de cotas raciais, compõe a corte inglesa do século XVI com
negros e asiáticos, busca foco na intrincada disputa político-religiosa pelo trono
inglês, entre as “primas-irmãs” Elizabeth
I (Margot Robbie), a rainha protestante
da Inglaterra, e Mary (Saoirse Ronan), a rainha católica da
Escócia..., com uma delas literalmente perdendo a cabeça, já que “uma rainha não tem irmãs, mas um país”. Quanto
a perda de cabeça de uma delas, não é spoiler
é prólogo! Ou melhor, é fato consumado!
O curioso nesse imbróglio histórico, onde as religiões
(temerosas da perda de poder e do alto “dízimo”) mostram seus tentáculos
venenosos, é o modus operandi do
mercado de fidalgos (ainda que as aparências enganam) para rainhas carentes que,
dependendo da “compra” do nobre ideal, pode mover o fiel da balança, digo, da
coroa. Diante da relevante aposta casada “poder + sexo + poder”, em meio a
guerra de egos soberanos, é impossível ao espectador ficar indiferente à habilidade
de persuadir e à versatilidade sexual dos nobres cortesãos em Duas Rainhas e em A Favorita. Não (?) que seja o
assunto central do enredo, mas, nas preliminares, digo, “paralelas”, o
homossexualismo é o que chama a atenção, já que tais relacionamentos teriam desencadeado
grandes tormentas na vida das carentes e obcecadas rainhas..., segundo as versões
cinematográficas.
Não creio ser preciso conhecer a conturbada e
sanguinária história inglesa (satirizada na série britânica Deu a Louca na História) para apreciar (ou
não!) ao Duas Rainhas, que traz
excelentes intepretações de Margot Robbie e Saoirse Ronan. Embora menos
exuberante e irônico que A
Favorita, conta com excelente produção, bela fotografia e boa direção.
O seu roteiro, que despertou a ira de estudiosos, pode ser discutível (por
causa das liberdades poéticas), mas funciona como bom entretenimento cinematográfico,
com seus punhados de drama, de tragédia, de sexo, de romance e algum respingo
de sangue. É um filme meio raso, sem nenhum toque de humor e até um pouco
confuso, é verdade..., mas quem tiver interesse em se aprofundar na história
alheia, corre atrás da veracidade (se disponível). Afinal em cinema, assim como
alguns personagens, nem tudo é o que parece ser..., nem mesmo em documentário.
*Joba Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros
vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em
35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e
coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder,
2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
Super publicação.
ResponderExcluir..., obrigado, Marina Seischi. ..., se assistir, diga o que achou. abs.!
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