quarta-feira, 1 de julho de 2015

Crítica: O Exterminador do Futuro: Gênesis


Em Hollywood é assim, quando faltam ideias, ou se pensa com a caixa registradora, refilma-se algum clássico (ou nem tanto!) e ou se recomeça alguma franquia de sucesso (ou nem tanto!).

Demorou um pouco, mas a vez do O Exterminador do Futuro (1984), de James Cameron, ser recauchutado chegou e o T-800/Arnold Schwarzenegger voltou em dose tripla (ou quádrupla, dependendo do ponto de vista ou do upgrade). Se bem que, trinta anos depois, nada do que foi será na caótica Los Angeles. E ou assim é se lhe parece o novo futuro do passado e ou o novo passado do futuro no pré ou pós-apocalipse da Skynet (que insiste em passar a humanidade a limpo) e no rotineiro ir e vir de exterminadores em viagens no tempo e equações quânticas. Panorama americano confuso?  Você ainda não viu nada!


Velho, mas não obsoleto!..., é um dos bordões do idoso Exterminador/Guardião “Papi” (Arnold Schwarzenegger) no reboot da franquia. Como todo espectador sabe (ou espera), quando se recomeça e ou se reconta uma história, que já pode andar meio esquecida, faz-se uma sinopse, reedita-se sequências, presta-se homenagem à obra principal. Uma revisão que pode ser breve ou se estender filme adentro. O sci-fi O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys, 2015), de Alan Taylor, é uma aventura de duas explosivas horas ao redor de velhos personagens com roupagem rejuvenescedora em um enredo alternativo.


Após um prólogo ilustrativo sobre os 45 anos de terror sob o domínio da Skynet, acompanhamos o jovem soldado Kyle Reese (Jai Courtney) em sua viagem no tempo, na cola do robô exterminador T-800 (Arnold Schwarzenegger). Ambos saíram da Los Angeles de 2029 rumo a Los Angeles de 1984 com uma missão: encontrar Sarah Connor (Emilia Clarke), a mãe do futuro líder da resistência John Connor (Jason Clarke). O diferencial entre eles é que Kyle precisa salvar Sarah e o T-800 exterminá-la. O futuro da humanidade (alheia a isso tudo) depende do sucesso deles e da paciência dos espectadores para decifrar o intrincado roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier, cujo GPS leva o herói e o vilão para um 1984 alternativo, onde Sarah já é protegida por um velho Exterminador “Papi” (Schwarzenegger), que chegou por lá há muito tempo. Bem, enquanto até mesmo Kyle tenta entender o quiproquó em que se meteu, além de enfrentar o robô de metal líquido T-1000 (Byung-hun Lee), o trio procura um jeito de viajar para 2017, ano em que a Skynet planeja o tal Dia do Juízo Final através da conexão do sistema operacional Gênesis, um app Cavalo de Troia. Nem é preciso dizer que a realidade de 2017, com um novo vilão-amigo, será muito mais sinistra.


O Exterminador do Futuro: Gênesis é uma grande plataforma de game, aliada à mais alta tecnologia (sequências de cair o queixo), que oferece apenas mais do mesmo: violência (pancadaria, explosões por terra e ar) ad infinitum. Assim como o recente reboot Jurassic World, é um mix (com cenas praticamente idênticas) dos três filmes anteriores da franquia..., o quarto (O Exterminador do Futuro: A Salvação), considerado híbrido, ficou meio de fora. Ou seja, o “novo” passado pode até ser alternativo, mas a história continua a mesma: matar ou salvar Sarah Connor e (mais uma vez!) acabar com os planos (sem fim!) da Skynet. Neste “recomeço” o T-800 garantiu que vai voltar, já a Skynet preferiu o silêncio..., mas deve continuar assombrando a humanidade.


Enfim, como nem só de alta tecnologia se faz uma boa narrativa, O Exterminador do Futuro: Gênesis deixa a desejar. O roteiro (já visto) é incoerente e mexe e vira alguma cena cai num buraco. O clima de destruição total é o rotineiro do gênero. Argumentar sobre outras possibilidades da previsível história é bobagem, já que os personagens parecem aprisionados num círculo vicioso de 45 anos. O elenco é esforçado, mas o enredo fragmentado (por explosivos?) não colabora para grandes performances. Excetuando um ou outro gracejo de Schwarzenegger, com seus bordões, a trama carece de humor..., e principalmente de algum sentido. Até mesmo a tentativa de “paródia” na articulação do app Cavalo de Troia Genisys tem o sabor insosso da tolice.



Considerando que o redundante O Exterminador do Futuro: Gênesis é um filme de ação que acaba, mas não termina (Eu voltarei!); que a catarse (a)final de Sarah não passa de palha no fogo; que os fãs de Schwarzenegger/T-800 também acreditam que ele está “Velho, mas não obsoleto!”; que o grande público não vai questionar (mesmo!) a (in)coerência do roteiro de cientista maluco; que os jovens ainda curtem tal nível de (enfadonha) violência no lado de lá da tela e nas terras do Tio Sam..., vá ver por conta e risco!

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