sexta-feira, 25 de março de 2011

Crítica: Sucker Punck - Mundo Surreal


Finalmente estreia um filme, para meninas, que tem tudo para agradar (e assustar) os meninos. Bem, “filme para meninas” é modo de dizer, já que a coreografada violência, tipicamente masculina, rola solta (do começo ao fim) nessa nova empreitada de Jack Snyder, que brinda os fãs cinéfilos com um grupo de cinco garotas (em figurino sexy), muito boas de briga, num thriller psicológico: Babydoll (Emily Browning), Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung).

Sucker Punck - Mundo Surreal (Sucker Punck, EUA, Canadá, 2011) inicia com uma arrepiante versão de Sweet Dreams (Are Made of This), de David Stewart e Annie Lennox (na voz de Emily Browning), embalando a excelente abertura-prólogo do perturbador conto de fantasia, que narra os dias de terror vividos por Babydoll, na Casa Lenox para Insanidade Mental, onde está aprisionada. Apesar da temática pesada (violência contra a mulher, prostituição, estupro), como pano de fundo (ou por conta disso), o espectador logo se envolve com a causa da garota, que busca a liberdade através da força mental e física, e tudo parece mais aceitável. É difícil saber o que é mais delirante, se a crueldade do “tratamento” psiquiátrico, no manicômio, ou se a sua fuga, para sobreviver a esta doentia realidade, para o mundo dos sonhos (e da imaginação). A psique humana não é um tema fácil de se trabalhar, já que não se basta com as imagens que ilustram os transtornos mentais do paciente. E, por isso, provavelmente algumas sequências vão confundir o espectador mais impaciente e até aqueles que curtem Freud além da alma e Jung além do signo. Uma vez que Snyder está fazendo cinema e não terapia de grupo, não deixa de ser divertido (curioso e até “educativo”) esse seu painel de arquétipos do inconsciente coletivo, essa mistura exacerbada de libido e Dominus vobiscum.


Baseado no roteiro de Jack Snyder e Steve Shibuya, o filme tem e um visual fantástico, que mistura anime, quadrinhos e game. Se ele impressiona, não é apenas por conta da experimentalíssima fotografia de Larry Fong (que já havia mostrado categoria nas parcerias anteriores com Snyder: 300 e Watchmen), e edição de William Hoy, conta também com a competente direção de arte de Rick Carter e o fetichista figurino Michael Wilkinson, sob uma trilha sonora eletrizante. Não gosto das incômodas trilhas sonoras condutoras de emoção ou de susto barato, mas aqui é impossível o desenvolvimento da trama sem a trilha de Tyler Bates e Marius de Vries. Ela é 50% do filme. Todavia, esta mesma trilha (excessiva) pode cansar, pela exposição (visual) repetida nas “sequências videoclipe” das cinco “tarefas” a serem realizadas por Babydoll e suas amigas, para se libertarem de Blue (Oscar Isaac) e Madame Gorski (Carla Gugino).


Sucker Punck - Mundo Surreal é trágico e dramático, mas pode cair no gosto dos adolescentes e de muito marmanjão. Snyder (cada vez mais à vontade na direção) faz um curioso uso de (meta)linguagem em momentos essenciais da ótima história (atemporal), que parece confusa (a certa altura), mas que se justifica (com boa amarra) ao final. É um bom espetáculo para passar o tempo e também para refletir sobre os limites da maldade humana.

2 comentários:

  1. O Filme realmente é involvente-E eu o recomendo{Vale a penadar uma olhada com atenção}
    A trilha sonora do filme é muito atraente.

    Parabéns por este Post

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  2. Olá, Gabriel.
    Realmente é um filme muito bacana.

    Abs.

    T+
    Joba

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