Como Esquecer
O que fazer quando uma relação amorosa termina? Partir para outra ou se afundar amargurado em si mesmo?
Júlia (Ana Paula Arósio) é uma professora universitária de Literatura Inglesa que, ao ser abandonada por Antônia, após uma relação de mais de 10 anos, perde o chão e desaba com a sua torre de “inviolável” felicidade. Se o amor não dura para sempre, ela vai buscar o porquê no seu conturbado âmago. Mesquinha, amarga, egoísta, na sua dor, a solitária mulher quer solidão e não solidariedade de raros amigos. Quer desaparecer em si mesma e sem planos de renascer tal qual uma Fênix. Para Júlia, a dor é a única coisa que importa, é incomparável, é maior que ela própria. No entanto, a sua vida continua, mesmo que ela não queira, mesmo que se envenene (corroída pela autocomiseração). Assim, ao se dar conta das dificuldades em manter o que antes era dividido, se permite (quase que inconscientemente) viver em uma república com outros dois desafortunados pelo Cupido: o ator Hugo (Murilo Rosa), que ainda sofre (mas busca dar a volta por cima) pela morte do companheiro, e a advogada Lisa (Natália Lage), abandonada grávida pelo namorado.
O que fazer quando uma relação amorosa termina? Partir para outra ou se afundar amargurado em si mesmo?
Júlia (Ana Paula Arósio) é uma professora universitária de Literatura Inglesa que, ao ser abandonada por Antônia, após uma relação de mais de 10 anos, perde o chão e desaba com a sua torre de “inviolável” felicidade. Se o amor não dura para sempre, ela vai buscar o porquê no seu conturbado âmago. Mesquinha, amarga, egoísta, na sua dor, a solitária mulher quer solidão e não solidariedade de raros amigos. Quer desaparecer em si mesma e sem planos de renascer tal qual uma Fênix. Para Júlia, a dor é a única coisa que importa, é incomparável, é maior que ela própria. No entanto, a sua vida continua, mesmo que ela não queira, mesmo que se envenene (corroída pela autocomiseração). Assim, ao se dar conta das dificuldades em manter o que antes era dividido, se permite (quase que inconscientemente) viver em uma república com outros dois desafortunados pelo Cupido: o ator Hugo (Murilo Rosa), que ainda sofre (mas busca dar a volta por cima) pela morte do companheiro, e a advogada Lisa (Natália Lage), abandonada grávida pelo namorado.
Tragédia demais pra um filme só, não é verdade? Mas, superado o trauma inicial, conhecidos os personagens com as suas idiossincrasias, assiste-se com interesse. Baseado no livro Como Esquecer: Anotações Quase Inglesas, de Myriam Campelo, o drama intenso (introspectivo ao extremo) e com boa direção de Malu Martino, infelizmente, é uma obra para uma minoria cinéfila, indiferente e independente de qualquer preferência sexual. Também porque esta, felizmente, não é uma obra panfletária gay, com todos os cacoetes e caricaturas que geralmente o clichê pede, para ser palatável aos mais “religiosos”. A redução de platéia, aqui, se deve apenas à questão da sua temática pesada, repleta de citações e discussões literárias (Cassandra Rios, Virgínia Woolf, Emily Brontë), cuja narrativa pode parecer arrastada demais. É curioso observar como a diretora trabalha o tempo de reflexão (à dor) de Júlia, Hugo e Lisa, que podem partilhar suas tragédias amorosas, mas não partilham os seus desejos e apostas futuras.
Como Esquecer (Brasil, 2010) é essencialmente um filme sobre amor e desamor. Um drama que explora o vazio na vida de Júlia, que perde a noção do afeto (possivelmente por conta de uma convivência submissa e possessiva com Antonia), mas também tange em outras formas de se encarar e reagir à perda ou ao abandono de quem se ama. Apesar do clima de melancolia, há algum humor (mesmo que ácido) na grosseria de Júlia, em resposta à insistente necessidade dos amigos em fazê-la feliz. Ela não quer (mais) a felicidade que vem de fora, já que precisa descobrir se há (ainda) alguma dentro dela mesma. Ela precisa aprender a esquecer. A sua catarse é lenta, como o ritmo da narrativa que inquieta o espectador (apressado), ao perceber que a personagem e a diretora têm a faca e o queijo nas mãos, mas parecem não (querer) encontrar a goiabada.
Como Esquecer talvez cause estranheza, pelo híbrido diálogo cinema/literatura. Ora se assiste o livro e ora se lê o filme. Tem uma fotografia naturalista agradável (muita gente é capaz de achar escura e sem vida) aos cuidados de Heloisa Passos, uma trilha boa e discreta e um final compatível com o enunciado. Realmente não poderia ser diferente. Ele traz uma Ana Paula Arósio que, longe da mesmice televisiva que a consagrou, surpreende num papel difícil e com o mérito de, apesar de toda antipatia da sua personagem, provocar empatia no espectador. Na verdade todo elenco está bem, Murilo Rosa convence ao fazer um amigo gay, nada caricato, assim como Bianca Comparato, na pele de Carmen Lygia, a insistente aluna de Júlia, e Arieta Correa, como a artista plástica Helena. É um filme pra quem quer alternativa (ôps!) ao cinema populista travestido em cine-denúncia à corrupção e outros tráficos brasileiros.
Sem mais o que acrescentar à sua crítica, a não ser que você deveria ver o Tropa 2 antes de comentar, pois o primeiro não é nada do que você imagina.
ResponderExcluirDestaque-se no Como Esquecer a excelente interpretação de Ana Paula Arósio, a personagem dela às vezes parece mais apaixonada pela dor, ou por ela mesma, que qualquer outra coisa. E o Murilo Rosa na sua melhor interpretação seja de cinema ou tevê.
P. S. A diretora de fotografia é a paranaense Heloisa Passos e não Heloisa Sanchez. Que faz uma fotografia primorosa, mais uma vez prejudicada pela projeção "digital" da RAIN.
Olá, Antunes.
ResponderExcluirAna Paula está divina e linda, mesmo rabugenta.
Malu Martino foi muito feliz (e agraciada) na escolha de todo o elenco. Gostei muito mais quando comecei a falar sobre ele, aqui, e com amigos. É um filme que faz pensar na dor do outro.
Valeu o toque sobre Heloisa Passos. Vou corrigir, já!
Eu ainda não comentei sobre o Tropa de Elite, porque não vi (e nem devo ver). O meu comentário final se refere a outros oportunismos cinematográficos.
Abração.
T+
Joba
Como Esquecer é um dos piores filmes da safra nacional 2010 (que já não rendeu grande coisa), é esteriotipado, morno, tendencioso, deselegante, desamarrado, desproposital... sobram-me adjetivos.
ResponderExcluirOlá, Por que você faz poema, seu adjetivos, realmente, são substantivos o suficiente, para perceber que o filme não lhe agradou.
ResponderExcluirEm 2010 destacaria: É Proibido Fumar!,Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo e Reflexõs de um Liquidificador.
Arte é demasiadamente pessoal (e passional) para agradar a todos ao mesmo tempo.
E isso é que é legal e o que nos diferencia dos que (sempre) vão na onda.
Abração.
T+
Joba
Está aí mais um ótimo filme brasileiro. Atuação carnal de Ana Paula Arósio, muito bem acompanhada de Murilo Rosa, ótima fotografia, bons argumentos com diálogos concisos e fortes (o que definitivamente não é nosso forte). Como Esquecer fala da história de Júlia, uma professora universitária que após romper o relacionamento de anos com sua parceira, vê seu mundo desabar de todos os lados, principalmente por dentro. Dependente sentimental confessa, Júlia mostra as facetas da solidão e da dependência amorosa, na qual uma pessoa só se sente completa e feliz quando tem a quem amar e seja amada. O personagem sofre na amplitude mais alta passando o verdadeiro mel negro das perdas sentimentais e a necessidade e dificuldade de se deixar e permitir ser ajudada, impossibilitando as águas de tomarem seu curso. Após a separação o amigo, Hugo, interpretado por Murilo Rosa, decide ir morar com ela e quando vê que isso não está surtindo efeitos decide comprar uma nova casa e ir morar junto com a amiga e Lisa, personagem de Natália Lage que é amiga comum dos dois, livrando-se assim do fantasma do apartamento da ex, das contas altas e iniciando laços de amizades e intimidade até então impossíveis para Júlia... mais em http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdefilmes/2608500
ResponderExcluirAlem desta sobre Como Esquecer, o Infeto tem outras resenhas cinematográficas no endereço acima.
ResponderExcluirT+
Joba
E' a primeira vez que leio seu Blog. Adorei!
ResponderExcluirSua critica, cheia de poesia, desperta a vontade de assistir ao filme.
Olá, Anônimo.
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Quando puder veja o filme.
É provável que goste.
Depois volte pra dar a sua opinião.
Abs.
T+
Joba
Amei o filme! Esperei um bom tempo pra poder baixar (já que aqui em RP não passou nos cinemas) e não me arrependi! Ana Paula e Murilo estão divinos no papel! Muito bom o filme! Cumpriu lindamente sua proposta. Para ver e rever!
ResponderExcluirOlá, Liv's From Lórien.
ResponderExcluirO filme é realmente tocante.
Apesar de toda amargura, a sua doçura é para poucos.
Abs.
T+
Joba
Olá. Adorei sua crítica. Não mudaria uma vírgula. Mas o filme é para poucos. Fazer o que né?
ResponderExcluirOlá, Anônimo!
ResponderExcluirObrigado pela visita.
É realmente um filme para os poucos que apreciam um bom cinema (brasileiro ou não)
e uma história bem contada.
Abs.
T+
Joba
fotografia sensacional
ResponderExcluirRevi o filme este fds e amei! Li muitas críticas negativas...mas simplesmente amei o filme! Diferente, não parece filme brasileiro, parece filme europeu, muito bom!
ResponderExcluir..., olá, QuacBiblio..., é uma delícia rever um filme (que a gente gostou) e confirmar que ele continua tão bom (ou melhor!) quanto à primeira vista.
ExcluirAbs.
T+
Joba