Crítica: Cabeça a Prêmio
Cabeça a Prêmio (Brasil, 2010), de Marco Ricca, é um drama policial (?) tenso, arrastado e diferenciado, na sua forma de narrar uma história de traficantes, sem muitos tiros ou violência explícita, comuns nesse gênero de filme. O roteiro (pouco convincente) não é lá dos mais originais. A não ser que falar de tráfico e desestabilidade familiar (ainda) seja novidade e o Nelson Rodrigues não tenha sido avisado no além. Todavia (pelo menos isso), a história baseada no romance homônimo de Marçal Aquino, que colaborou no desenvolvimento do roteiro (de Marco Ricca e Felipe Braga), desceu do morro (tradicional em outras recentes produções) e foi se assentar no centro-oeste, ali na fronteira entre Brasil, Paraguai e Bolívia.
Cabeça a Prêmio (Brasil, 2010), de Marco Ricca, é um drama policial (?) tenso, arrastado e diferenciado, na sua forma de narrar uma história de traficantes, sem muitos tiros ou violência explícita, comuns nesse gênero de filme. O roteiro (pouco convincente) não é lá dos mais originais. A não ser que falar de tráfico e desestabilidade familiar (ainda) seja novidade e o Nelson Rodrigues não tenha sido avisado no além. Todavia (pelo menos isso), a história baseada no romance homônimo de Marçal Aquino, que colaborou no desenvolvimento do roteiro (de Marco Ricca e Felipe Braga), desceu do morro (tradicional em outras recentes produções) e foi se assentar no centro-oeste, ali na fronteira entre Brasil, Paraguai e Bolívia.
A "cabeça a prêmio", do título, pode se referir a um dos personagens ou a (quase) todos. Miro (Fulvio Stefanini) e Abílio (Otávio Müller) são dois irmãos que dividem o lucro de atividade pecuária e de contrabando. Eles contam com o “prestimoso” serviço de dois capangas (o que há de melhor e o que merece algum destaque na fita): Brito (Eduardo Moscovis), um assassino frio e carente de amor, (afinal: hay que ser duro pero sin perder la ternura jamas), que se apaixona pela ex-prostituta Marlene (Via Negromonte) e Albano (Cassio Gabus Mendes), um assassino falastrão (“Eu sou bom, mas estou do lado errado!”) e mulherengo. Elaine (Alice Braga) é a filha mimada e “esperta” de Miro e Jussara (Ana Braga - em atuação constrangedora). O leva e traz muamba é Dênis (Daniel Hendler) e o seu o contato fronteiriço é Porfírio (Cesar Troncoso).
Cabeça a Prêmio é falado em português e espanhol. A fotografia crua, (por vezes) lânguida, de José Roberto Eliezer, e a ausência de trilha sonora condutora de emoções, dão um ritmo curiosamente contrário ao que se espera (influência do Dogma 95?). Se bem que a monotonia tem a ver com aquele fim de mundo onde até mesmo o tráfico parece significar nada, em meio a terras de ninguém. No entanto, essa disritmia é o “calcanhar de Aquiles” que faz a produção escorregar perto do fim, perdendo o rumo feito uma tumble weed, aquela planta do deserto que rola solta nos filmes de bang-bang.
Ao apostar na sugestão do ato criminoso e na violência implícita, Ricca promete uma diferença que não se cumpre, já que, excetuando os diálogos minimalistas e as expressivas presenças de Moscovis e Gabus Mendes, há nada pra sustentar um filme que parece, então, mais longo que a história narrada. Também porque a “inflamada” desestruturação da Família Menezes soa ridícula, em sua pretensão de escândalo, até mesmo naquele interior. Se focasse apenas na crônica amorosa e no dilema da vida assassina, de Brito e Albano, poderia render um filme muito bom. Mas, com o imbróglio da “decadente” família de Miro, um obeso mórbido e disforme que não sabe lidar com seus sentimentos, fica (e muito) a desejar.
"Cabeça a Prêmio" tem boas atuações principalmente do Moscovis e Via Negromonte. Alice Braga é boa como sempre. Mas o filme sofre com uma narrativa truncada onde faltaram, na minha opinião, algums planos para deixar a história melhor esclarecida. Mas mesmo que tivesse isso e trilha sonora pouco diferença faria. É um filme bem meia boca mesmo.
ResponderExcluirOlá, Antunes.
ResponderExcluirEu gosto da ausência de trilha e do ritmo lento da narrativa, o problema é que o roteiro, que já não lá essas coisas, desanda de vez no final.
Abs.
T+
Joba