LIGA DA JUSTIÇA
por Joba
Tridente
Com a telona de cinema formatando cada vez mais as
histórias em quadrinhos, parece que finalmente a sombria DC, assim como aconteceu
com a sua concorrente Marvel, está encontrando o foco ideal dos seus heroicos e
ou vilanescos personagens, cujo enquadramento mais iluminado começou a
surpreender com o ótimo traçado da poderosa Mulher
Maravilha (2017).
Pode não ser fácil encontrar o tom exato da linguagem
quadrinista no cinema (bem menos custoso se testado em gibis)..., mas é possível.
Se bem que, assim como na guerra ideológica na rede social FakeBook, quando se trata de filme de super-herói, mesmo o público
mais ciente é capaz de travar guerra de comentários e xingamentos (em alguns
sites) por conta do estilo taciturno DC (Esquadrão Suicida) e ou do estilo
desenvolto Marvel (Guardiões da Galáxia) das histórias
projetadas. Eu, hein!!!
Ainda que cada fã de HQ tenha lá a sua preferência
“editorial”, já passou da sessão dele aprender (de uma vez por todas!) que, em
cinema, uma história anteriormente quadrinizada (ou não) está sujeita à visão
capitalista dos produtores, nem sempre familiarizados com o mundo de fantasia
encenado, já que pensam tão somente em cifras e não em multiversos. Mudança de personalidade de herói e de vilão,
argumentos tosco e roteiros chochos sempre vão “atender” mais ao mercado do que
aos fanáticos. O que não quer dizer que produtores, roteiristas e diretores
acertem sempre. Em muitos casos é uma calamidade gráfica.
Liga da
Justiça, dirigido por Zack Snyder,
que recentemente escorregou com Homem de Aço (2013) e foi ao chão
com Batman vs Superman: A Origem da Justiça
(2016), tem tudo para recolocar (?) o diretor e a DC nos trilhos do sucesso. A
trama de ação e aventura, que teria sido finalizada por Joss Whedon, conta a
origem da Liga da Justiça em meio ao
ataque do trevoso Lobo da Estepe (voz
de Ciarán Hinds), um alienígena que
chega a Terra, por um orifício no Céu (com tanto vilão invadindo o planeta
através de fendas celestiais, haja camada de ozônio!), à procura de três Caixas Maternas para liberar o seu poder
devastador (feito uma Caixa de Pandora),
instalar o caos e preparar (?) o caminho para o Darkseid, o tirano de Apokolips.
O que o chifrudo Lobo, feliz com a
morte de Superman (Henri Cavill), não contava é que o Batman (Ben Affleck) seria capaz de reunir quatro (novos) heróis: Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Ciborgue (Ray Fisher) e partir para o contra-ataque. Quanto à participação do
Superman na defesa da Terra e na
fundação da Liga, você vai ter de assistir pra saber como o Homem de Aço volta à vida e reencontra o
seu “rival” Batman (com os seus
infalíveis planos “B”).
O roteiro infantojuvenil de Chris Terrio e Joss
Whedon tem a simplicidade e a eficiência de uma boa história em quadrinhos, equilibrando
habilmente o tempo de aventura, de ação e de humor. As piadas (com algo meio nonsense) e as gags são pontuais e totalmente compatíveis com o enredo leve e
principalmente com seus personagens díspares. Embora o Flash seja um bom alívio cômico e roube a maioria das cenas, na
velocidade de um raio, o humor sarcástico do Batman não deve ser descartado. O Morcegão tem timing e, feito
um Buster Keaton (que faz graça da própria desgraça), está impagável com suas
tiradas desconjuntadas. As piadas do herói soturno podem até soar clichê e você
achar que ele realmente diria o que diz, mas o que conta é o momento, o
contexto em que ele solta as suas inesquecíveis pérolas. Ah, fique atento, tem uma
cena íntima (!) do herói noturno fazendo algo que você nunca imaginou ver. O Alfred (Jeremy Irons) pode ser um mordomo de mil e uma funções, mas parece
que certas coisas, o milionário Bruce Wayne
prefere fazer pessoalmente.
Liga da
Justiça tem uma narrativa linear totalmente descompromissada e flui que é
uma beleza. A história não cansa e muito menos aborrece o espectador, ainda que
o vilão (em CGI) não seja lá grande coisa. O enredo desenvolve razoavelmente o
encontro dos heróis em torno de uma causa comum (combate ao Lobo da Estepe e resgate das três Caixas Maternas)..., mas fica a dever
sobre o passado “confuso” de Flash, Ciborgue e Aquaman. Há pancadaria e violência (sem sangue), mas a destruição
urbana, desta vez, está mais restrita à periferia “desabitada” em um país bem
longe dos EUA. O elenco é ótimo e rola aquela química essencial para que o grupo
de personagens realmente funcione como grupo, ressaltando a personalidade
esdrúxula de cada um. Já no quesito romance, enquanto o Superman e a Lois Lane (Amy Adams) têm direito a seus
minutinhos “a sós”, é bom saber que o resto da turma não é assexuada e que
pode muito bem rolar futuramente um clima mais quente entre a Mulher-Maravilha e o Batman e ou entre a Mulher-Maravilha e o Flash...,
por que não?
Enfim, considerando a abertura bem legal e as duas cenas
pós-créditos (prefiro a primeira: Flash
vs Superman); a notável direção de Zack Snyder (com a colaboração final de Joss
Whedon?); e apesar dos efeitos (games) especiais ficarem a desejar..., Liga da Justiça é realmente um novo
farol para a DC. Tomara que continue iluminando as próximas produções com mais
humor e menos dramas ou tragédia pessoais!
*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de
idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo),
em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista
e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
Crítica: Liga da Justiça, Ação e Aventura,
Super-Heróis, Zack Snyder, Joss Whedon, Henri Cavill, Ben Affleck, Gal Gadot, Ezra
Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Personagens de HQ,