quarta-feira, 6 de abril de 2011

Crítica: RIO



Rio
por Joba Tridente

Pelo que tudo indica, 2011 será o ano da graça animada. Ele começou ainda embalado pelos resquícios do ótimo Megamente e com a estreia do engraçadíssimo Enrolados. Logo chegaram o belíssimo As Aventuras de Sammy e o divertidíssimo Rango. Como as prometidas produções brasileiras ainda não deram as caras (o fraquíssimo Brasil Animado, não conta), é hora de ver o Brasil, através de RIO, a sensacional animação de Carlos Saldanha (A Era do Gelo, Robôs) que, numa narrativa só, fala das alegrias e das tristezas do ser brasileiro


RIO conta as aventuras de Blu, o último macho da espécie arara azul que, ainda filhote, é sequestrado por traficantes de animais exóticos e vai parar em Minnesota, nos EUA, onde é criado por Linda. Ele não saber voar, mas vive uma feliz vida terrestre ao lado da amiga que é dona de uma livraria. No entanto, a relação amorosa entre eles será interrompida com a chegada do ornitólogo brasileiro Túlio, propondo levar Blu ao Rio de Janeiro, para se acasalar com Jade, a última fêmea da espécie. Os três chegam em pleno Carnaval e a estadia no Rio acaba se tornando uma aventura romântica e perigosa para o domesticado Blu e a selvagem Jade. Entre voos e correrias a dupla vai se enturmar com o canário Nico, o cardeal Pedro, o tucano Rafael e o buldogue Luiz, uma força-tarefa muito bem-vinda para ajudar na luta contra o dramático vilão Nigel (uma cacatua australiana) e os seus malandros Saguis Capoeiristas, atrapalhando os planos dos contrabandistas de ocasião.


RIO tem uma boa história (de Saldanha) e um bom roteiro (apesar de escrito por roteiristas de comédias americanas de gosto duvidoso), o que é sempre meio caminho andado para uma boa animação, o resto é direção e equipe técnica. Toda a ação se passa nos dias de Carnaval, quando o país, e não apenas o Rio de Janeiro, para “pra ver o bloco passar”. O enredo, bem costurado, fala, ao mesmo tempo, da paixão do brasileiro pelo carnaval e futebol, e do jogo de cintura do cidadão comum (e animais raros) pela sobrevivência. Enquanto para a maioria parece acontecer mais nada, no Brasil e no mundo, para a minoria de sempre, a vida continua indiferente à sorte de cada cidadão.


Muito além do belo catálogo turístico em 3D, RIO é um filme de sutilezas que o mais apressado ou xenofóbico não perceberá. Se o Rio de Janeiro é ou não apenas um grande carro alegórico cercado de favelas por todos os lados, mesmo que não passe de mero cenário de fundo, para contar uma história ao mesmo tempo divertida e preocupante, sobre a preservação das espécies, somente o espectador com a sua leitura particular poderá dizer. A verdade é que a cidade, até mesmo em animação, continua maravilhosa, embalada pela eficiente trilha sonora, produzida por Sergio Mendes, que funciona também onde o diálogo seria redundante. Quanto ao fato de Blu e Linda falarem tão bem o português e ou os brasileiros (incluindo os animais) entenderem perfeitamente o inglês, nem vale a pena entrar no mérito, tal idiossincrasia americana foi muito bem ironizada no ótimo Planeta 51 (de Jorge Blanc).

4 comentários:

  1. Olá, Juliana.
    RIO é realmente uma animação encantadora.
    Tomara que os espectadores consigam vê-la
    muito além do que consideram clichê.

    Abs.
    T+
    Joba

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  2. Perfeita crítica... Não gostar de "Rio" é de um mau-humor ímpar. Carlos Saldanha brinca com os estereótipos com habilidade incomum. Palmas pra ele...

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  3. Olá, Rafael.
    Gostar de RIO é uma questão de senso
    pra deixar de lado a velha mania brasileira
    de achar que um filme que fala do Brasil
    é tudo igual, mesmo que seja diferente.
    Pra turma dos desconstentes de sempre, tanto faz se a produção aborda as belezas e ou as mazelas da Cidade Maravilhosa, sem a espetaculosidade comum àqueles que exploram a violência sem reflexão, nos seus filmes gratuitos. Descordar é o que importa.

    Abs.

    T+
    Joba

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