Talvez por puro saudosismo, lembrança da
adolescência vivida numa comunidade onde partilhávamos chá de camomila, pão
integral com mel e manteiga de missô com tahine..., e buscávamos o equilíbrio
das forças elementais: ar, terra, água, fogo e, acreditando que poderíamos
dominar os elementos simplesmente vencendo uma ventania ou um terremoto ou uma
enchente ou um incêndio, me simpatizei com O
Último Mestre do Ar (The Last
Airbender, EUA, 2010).
O filme, roteirizado e dirigido por M. Night Shyamalan, baseado na
televisiva série animada Avatar: The Last
Airbender, criada por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, não é
nenhuma obra-prima, mas é agradável de se ver. Por desconhecer a série da Nickelodeon,
não tive o ranço crítico de ficar comparando personagens, temporadas etc.
Acredito que, por isso, curti (de verdade) esta boa história recheada de
elementos pertinentes ao estilo oriental dos Contos Maravilhosos. Num tempo em que toneladas de lixo americano
trafegam por rios caudalosamente contrários à maré do equilíbrio, na
desenfreada busca da mesmice, faz um bem danado apreciar uma antiga mensagem
com uma nova roupa.
Acredito que tanto o público infantil quanto os
orientalistas se identificarão com a história, simples, que acompanha a
evolução de Aang (Noah Ringer), um Avatar, ainda jovem, que por desconhecer o seu potencial (de
equilibrar as forças elementais), teme o poder e as responsabilidades que vêm
com ele. Compreender a vida é se libertar da morte anunciada, mesmo que não se
concretize. Ao despertar para um mundo
em decadente transformação, onde a Nação
do Fogo quer reinar sobre a Tribo da
Água, o Reino da Terra e os Nômades do Ar, o jovem Aang, além da ajuda dos “Dobradores”, pessoas excepcionais que
são capazes de manipular os elementos do seu grupo étnico, vai precisar
conhecer a si mesmo, para finalmente ocupar o seu lugar (de fiel da banca) no
mundo.
Se a direção de Shyamalan não é das mais
memoráveis, também não é esse desastre todo que estão apregoando. Está dentro
do razoável, principalmente num ano em que grandes diretores apostaram alto e
afundaram com suas “pérolas” douradas. O
Último Mestre do Ar tem lá seus excessos, como qualquer produção com o
(pecaminoso) propósito de se concluir em três ou mais partes (que nunca esteve
tão em voga). Mas os belíssimos efeitos especiais e as notáveis coreografias
compensam os possíveis deslizes de um roteiro que, infelizmente, não se bastou
num único filme, e até mesmo a “atuação” dos novatos que, por enquanto, não
passam de promessas bonitinhas. É uma produção pra se ver sem pressa e em total
relaxamento. Pode até faltar umas pitadas de humor (que dizem presente na série
animada), mas não lhe falta bela cenografia, mesmo que digital.
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