quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Crítica: Megatubarão


Megatubarão
por Joba Tridente

O primeiro Tubarão (1975), de Steven Spielberg, a gente não esquece. Assim como o primeiro Sharknado (2013), de Anthony C. Ferrante. Entre o assustador e a paródia (e lá se vão 38 anos!) apareceram trocentos Tubarões genéricos. Um mergulho no Google é você encontra a fera dentuça dos mares em filmes para todos os gostos. Principalmente para os fãs de trash não falta material.

Megatubarão (The Meg, EUA/China, 2018), com roteiro preguiçoso de Dean Georgaris, Jon Hoeber e Erich Hoeber, baseado no romance Meg (1997) de Steve Alten, e com direção de Jon Turteltaub, é um filme de ação tão linear quanto uma linha de pesca retesada. Ou seja: trama simplória, sem surpresas, personagens caricatos, diálogos curtos e toscos (ou moralista: Nós fizemos o que sempre fazemos: descobrir, para depois destruir.) e aquela manjada previsibilidade do “gênero”: tubarão atacando tudo que encontra pela frente e humanos buscando uma forma de eliminá-lo. Você tem dúvida de quem será o vencedor dessa grande peleja em alto mar e (de bônus) uma rapidinha pela praia repleta de turistas chineses?


Então, vamos lá: três oceanógrafos de uma estação de pesquisa submarina, ao se aventurar pelas profundezas do mar, onde nenhum homem jamais esteve, acabam esbarrando em um pesadelo gigantesco, um Megalodonte (dente enorme), o maior tubarão e ou predador pré-histórico de baleias de que já se ouviu falar. A boa notícia é que este é um achado de valor inestimável. A má notícia é que o (peixão) monstrengo está louco para variar o cardápio. E o tira-gosto, com os três apetitosos tripulantes, está encalhado bem ao alcance da sua bocarra. Será que vai ter sashimi para o almoço?


Bem (como nem tudo está perdido quando resta uma esperança...), tudo vai depender da resposta de um mergulhador chamado Jonas Taylor (Jason Statham), especialista em salvamentos, mas que, traumatizado com o resultado do seu último trabalho de resgate, anda preferindo se embebedar com cerveja e ganhar uns trocos em águas mais mansas com seu pesqueiro velho, na Tailândia. Porém, como é norma criar uma expectativa de suspense (em filmes desse porte) e todo espectador de cadeirinha sabe que o quê um personagem (protagonista) fala não se escreve, (isso não é spoiler, é clichê) é óbvio que quando ele souber quem está para ser devorado pelo Megatubarão, vai se curar do alcoolismo (de cinco anos em cinco minutos), aceitar o caso e ainda ficar para o rescaldo..., já que nenhum tubarão que se preze, mesmo sendo um cabeça oca pré-histórico, vai deixar barato tamanha ousadia em seu território, podendo contra-atacar no território do inimigo. E também, se não for para salvar (ou adoçar) o dia, para que serve um herói (proscrito!) que emborca cerveja atrás de cerveja sem perder a admirável forma física?


Assim, na maresia dos acontecimentos, com a astúcia (humana) e a força bruta (animal) se digladiando ao sabor das ondas, o clima padrão da narrativa multirracial, com pegadas científicas (por vezes constrangedoras), envolvendo patrões e empregados, segue-se a lengalenga dos traumas e dramas familiares, inimizades e ofensas pessoais, atos de heroísmo e de covardia, salvamento e morte, rivalidade e romance..., em meio a cenas de ação mirabolantes que, além de não meter medo algum, remetem a um viés (de situação) trash ou comédia (à beira do humor negro), com perseguições típicas de cartoon.


Enfim, considerando a direção claudicante e o script batido, que acrescenta absolutamente nada à filmografia de tubarões (principalmente depois da esculhambação de Sharknado); lembrando de algumas gags legais, no mar e na praia, principalmente as protagonizadas pelo gigantesco e insaciável tubarão sádico, que ajudam a engolir o passatempo com excelentes efeitos especiais (em 3D IMAX); certo de que as sequências de ataque (por serem tolas) parecem mais divertidas que traumatizantes e salientando que o elenco multinacional, que inclui Winston Chao, Rainn Wilson, Bingbing Li, Cliff Curtis, apenas cumpre o dever de casa..., Megatubarão, que começa com prólogo (até) dramático de um resgate de tripulantes presos em um submarino e ganha mais leveza e bom humor (involuntário!), a partir do segundo ato, é um filme pipoca que tem isca suficiente para fisgar o espectador (pouco ou nada exigente). Um filme-família totalmente esquecível cinco minutos após a sessão.  


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

6 comentários:

  1. Só vi um trailer meses atrás e não vi nada demais. Particularmente admiro a criatividade e o impacto que teve o primeiro Tubarão do Spielberg, mas não é um filme que eu goste. Esse daí eu nem tenho expectativa, o que vier é lucro, isso depois que sair do cinema. Ainda não me senti nem mesmo encorajado a ver esse último Jurrassic, tamanha a decepção que fiquei com o de 2015. Mas a melhor parte foram seus trocadilhos. Leva em média quanto tempo para escrever um textos desses?

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    1. ..., olá, Ozymandias, como você disse (e já deve ter visto e esquecido!) o que vier dessa megababa é lucro. ..., bem, também não sei se já assistiu, mas gostei de Jurassic World: Reino Ameaçado. ..., cara, tem filme cujo texto vai se montando mal eu saio da cabine de imprensa. ..., alguns saem numa sentada só (principalmente os mais leves, esquecíveis e ou sem muito compromisso além da diversão). ..., outros (mais cabeça) demoram um pouco mais. ..., como tenho outras atividades e quatro blogs pra alimentar (me dedico mais ao de cinema e de literatura) tenho que ser rápido. ..., à vezes assisto ao filme na quarta com estreia na quinta. ..., às vezes são várias cabines na semana e aí... ..., no momento ando tão ocupado que estou selecionando o que ver, principalmente por falta de tempo para escrever. ..., grato, mais uma vez, pela visita e considerações!

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    1. ..., hello, Ewa Stanewska, the translator is under the "Blog Archive". ..., thanks for the visit!

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    1. ..., taí, Ozymandias, aprovado e respondido. ..., tenho encontrado alguns problemas no blog. ..., antigamente eu recebia informação sobre os comentários. ..., hoje em dia não recebo mais coisa alguma. ..., assim, só quando me lembro de dar uma espiada em comentários é que encontro as opiniões dos leitores e, então, trato de responder tudo numa dedilhada só. ..., como agora. ..., grande abraço e desculpe o atraso!

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