sábado, 6 de agosto de 2016

Crítica: Esquadrão Suicida


Esquadrão Suicida
por Joba Tridente

Após o fiasco de Batman vs Superman - A Origem da Justiça (2016), do Zack Snyder, a taciturna DC, inspirada (ou invejosa?) pelos excelentes desempenhos dos tresloucados Guardiões da Galáxia (2014) e Deadpool (2016), nos cinemas, outra vez ataca com a pretensão (impossível?) de superar os números (e a qualidade) da concorrente Marvel. Material de Heróis vs Vilões não lhe falta..., já bons argumentos e roteiros cinematográficos com um mínimo de humor e menos drama(lhão) parecem (ainda) a cada dia mais distante...


Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016), com roteiro tosco e direção sonolenta de David Ayer, novamente desvela os pontos fracos das produções DC. O filme de ação e ação e ação tem um argumento infantilóide e indigno até de Contos de Fadas: um bando improvável de criminosos desclassificados, chantageados pelo governo americano, deixa uma prisão de segurança máxima para enfrentar um bruxa fajuta e seu irmão bronco. Uma bruxa??? Você disse uma bruxa??? Sim!

Vamos ver se consigo melhorar isso: dois carnavalescos irmãos bruxos alienígenas (que, pela fantasia, parecem ter saído diretamente do set (ôps!) do mega brega Deuses do Egito, de 2015) indignados por não serem mais venerados como deuses, resolvem submeter os humanos aos seus caprichos e (assim como em trocentos outros filmes, inclusive de animação!) mergulhar a Terra nas trevas. Oh! Aí, com a “morte” do Superman (como se “viu” em Batman vs Superman) e o luto (?) do misterioso Homem Morcego (Ben Aflleck), quem poderá salvar os americanos da Bruxa má (e sem coração!) do espaço sideral que tomou o corpo da insossa arqueóloga June Moone (Cara Delevingne)? Quem? A Dorothy? O Mágico de Oz? Não, esse é um serviço sujo para o inacreditável e improvável Esquadrão Suicida, criado pela psicopata agente Amanda Waller (Viola Davis) e que reúne os melhores criminosos da pior qualidade..., também psicopatas (de bom coração): Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), El Diablo (Jay Fernandez), com participação especial de Katana (Karen Fukuhara), interferência de Coringa (Jared Leto)..., sob o comando do oficial militar Rick Flag (Joel Kinnaman).


Com um famigerado elenco de personagens tão descerebrados, imagina-se ter em mãos (certas e ou competentes!) uma história pra se deitar e rolar numa trama cheia de ironia, humor ácido, esculhambação... Porém, o que se vê na telona, é apenas uma história medíocre pra se deitar e dormir, mesmo com o tiroteio sem fim, a destruição sem fim, a matança sem fim (e sem sangue!)..., igual a trocentos outros recentes filmes de super-heróis, inclusive feitos pela concorrente Marvel.


A trama de bruxaria (ridícula!) começa até curiosa, lembrando a peça sinfônica Pedro e o Lobo (1936), de Sergei Prokofiev (1891-1953) na apresentação de cada personagem. Enquanto o inspirado Pokofiev utiliza instrumentos musicais, o desastrado Ayer usa trechos de música pop para “desenhar” cada perfil..., só não sei onde foi parar (porque não ouvi além do trailer) I Started a Joke (Confidential Music - ft Becky Hanson). Toda via rotatória, no entanto, não demora pra narrativa virar um caos com seu enredo sem talho e nem galho pra se amarrar no passado, presente e ou futuro. E dá-lhe sentimentalismo barato envolvendo papais bandidos, casaizinhos bandidos e suas famílias adoráveis. Oh! Tem certeza? Claro! Haja coração para aquietar os sentimentos mea-culpa dos papais Pistoleiro e El Diablo e a apaixonite aguda (arghhh!) da Arlequina e Coringa, da Bruxa/June Moone e Rick Flag, da viúva Katana e a alma do marido... Cansei! Cadê o Deadpool?

A apresentação dos personagens é fundamental para se saber quem é quem nessa arapuca de fã de HQ dos degenerados, o problema é que..., antes de ir combater uma bruxa extraterrestre sem noção e que de tão basbaque seria reprovada até no jardim da infância da Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts..., cada personagem não recebe mais que “duas linhas visuais” em sequências sem começo e sem fim: 1. fulano é torturado (sem que nem mais porquê) na prisão; 2. fulano é preso em ação (dramática) criminosa. Um perfil desses e nada é a mesma coisa. Mas, como o enredo bobo e sem rumo é mais raso que um pires raso e o espectador não vai sentir empatia alguma por esses vilões “heróis” (sem personalidade)..., tanto faz como tanto fez a motivação criminosa. Não dá pra sentir alguma ternura nem pela Arlequina? Bem, o cérebro é seu..., se é que me entende! Afinal, um coração de papel embrulha qualquer baboseira..., até o estômago.



Enfim, considerando a narrativa confusa e totalmente sem ritmo; atores e atrizes no automático; efeitos especiais da pior qualidade (os monstrengos criados pela Bruxa parecem ter saído de algum capítulo da fase clássica trash do Doctor Who); o medonho e indefectível “buraco de energia no céu”; a armadura brilhosa do Incubus (Alain Chanoine); “diálogos” ruins; furos e clichês de arco dramático e ou moral (a imoralidade dos bandidos não faz deste um filme amoral); a total falta de humor (a caricata Arlequina até tenta, mas fica por isso mesmo: nada de graça nessa desgraça!)..., excetuando algumas cenas, umas três, não mais que meia dúzia, de belíssimo enquadramento gráfico..., tenho cá minhas dúvidas se a trupe vai voltar pra atazanar o Batman... Se bem que, numa época de violência fofura, tudo é possível!

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