quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Crítica: 007 Contra Spectre


A grande cartada do universo James Bond começou em 1953, com o sucesso do romance Cassino Royale, de Ian Fleming (1908-1964)..., seguiu por mais 13 livros do autor britânico e, a partir de 1968, em diversas obras pelas mãos e imaginação de outros escritores. No cinema chegou em 1962, apresentando Sean Connery em Dr. No. Na trilha aberta pelo ator escocês, o agente secreto especial OO7 ou “Bond, James Bond!”, com licença para matar e sempre a serviço de Sua Majestade (inglesa) foi incorporado também por George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e o atual Daniel Craig..., que anda dando sinais de cansaço da “espionagem bondiana” na telona.


007 Contra Spectre (Spectre, 2015) dirigido por Sam Mendes (Skyfall) traz o elegante agente secreto, com licença também para dirigir máquinas possantes e pilotar aeronaves e lanchas, numa operação complicada e talvez derradeira (?) na pele de Craig..., a se interpretar (literalmente) a cena final aberta a novos rumos. Com um prólogo espetacular, em sequência de tirar o fôlego, a trama “começa” na Cidade do México, no dia da Festa dos Mortos (Finados). Ali, James Bond (Daniel Craig) encontra um pedaço do fio da meada que o levará ao tradicional tour pelo mundo (Londres, Roma, Alpes, Marrocos), à cata de Franz Oberhauser (Christoph Waltz), o chefão da Spectre, uma organização terrorista que atira para todos os lados e ataca em todas as frentes (no momento: fármaco e internet) em busca de um alvo perfeito para corroer e dominar (?!) o mundo (e quiçá, no futuro, o universo!).


Com um roteiro um tanto confuso (para quem se importa!), onde é difícil entender a razão (se é que há!) da vilania, alguns furos, clichês e aquela previsibilidade, entre um desconcerto amoroso maduro (Lucia/Monica Belucci) e o outro jovem (Madeleine Swan/Lea Seydoux), o agente de grife continua na sua lida (acompanhado e ou sozinho) para sanear o planeta de todas as psicopatias. Desta vez, seguindo uma pista deixada pela falecida chefe M (Judi Dench), o garboso agente precisa voltar ao seu passado, se quiser garantir o seu futuro. É que, de certa forma, o seu passado (aquela coisa de família e de infância) e o seu presente (aquela coisa de agente secreto) carregados de tragédias, estão amarrados no carretel de frustrações (?) e vinganças (?) e demência do maléfico Oberhauser, que também espera desmontar caprichosamente o MI6.


Embora 007 Contra Spectre busque a originalidade (num gênero batido!), é a história padrão, com suas cenas de ação e pancadaria, humor nonsense e meio pastelão, intrigas internacionais, intrigas nacionais, intrigas de agentes culminando na suspensão (pro forma) de James Bond, que acaba predominando. Sem ir muito além do lugar comum, a narrativa a que se acostumou (e gosta!) o espectador, (aparentemente) está apenas mais comedida, ou melhor, menos explícita na violência (menos sangue!) e na insinuação sexual (menos cama).

Se as declarações de Craig sobre o seu futuro sem James Bond, são verdadeiras e ou mero marketing, isso só o tempo dirá. No entanto, o que se percebe nesta nova aventura, que presta homenagem a algumas das mais mirabolantes produções anteriores (se é fã vai curtir as citações!), é que James Bond está mais humano (!) e claramente cansado dessa vida de caçador de bandido pelo bem da “humanidade”. Ou será apenas a perturbação do personagem Bond numa grande performance de Craig?


Enfim, considerando a marca James Bond, o ótimo elenco e excelentes sequências de ação; a inspirada fotografia de Hoyte van Hoytema em perfeito casamento com algumas músicas da trilha de Thomas Newman (ou seria o contrário?); as duas gags antológicas (sofá e o motorista velho)..., ainda que a trama se apresente embaralhada e o jogo nunca fique muito claro na mesa, 007 Contra Spectre é uma boa diversão pipoca. Chegue no horário e cuidado para não engasgar na sequência inicial. Só por ela, o filme já vale uma olhada.

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