quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Crítica: Peter Pan


Peter Pan, o famoso personagem criado pelo escritor e dramaturgo britânico James Matthew Barrie (1860-1937) apareceu pela primeira vez em um capítulo do livro The Little White Bird (O Pequeno Pássaro Branco, 1902) e, antes que este capítulo, ilustrado por Arthur Rackam, fosse republicado com o título  Peter Pan in Kensington Gardens (1906), reapareceu na peça teatral Peter Pan, or The Boy Who Wouldn’t Grow (Peter Pan, ou o Menino Que Não Queria Crescer, 1904), cujo texto foi publicado em 1928. Com a publicação de Peter and Wendy (1911), mais conhecido (até renomeado) de Peter Pan, o cativante menino eterno, ganha de vez o mundo do entretenimento, abrindo espaço para as mais diversas adaptações (e versões) de teatro, cinema, animação, hq, série de tv,..., e até referência médica para a Síndrome de Peter Pan, que trata da imaturidade psicológica.


A história da “origem” de Peter Pan (Pan, 2015), que chega aos cinemas, sob a direção do britânico Joe Wright, é uma invenção do roteirista Jason Fuchs, que se apropriou de um ou outro elemento da obra original J. M. Barrie para dar asas à sua imaginação com muita liberdade poética. O longa de ação e aventura fantasia começa com uma garota (Amanda Seyfried) deixando um bebê na entrada de um orfanato dickensiano londrino, administrado por freiras. Doze anos depois, em meio a um clima de desconfiança da generosidade das freiras (nada) cristãs e de um ataque aéreo Nazista, Peter Pan (Levi Miller) e outras crianças são sequestradas por piratas do sanguinário Barba Negra (Hugh Jackman, irreconhecível), para trabalho escravo na Terra do Nunca. Lá, o ousado Pan descobre quem foram seus pais, fica amigo do James Gancho (Garrett Hedlund) - um sósia do Indiana Jones que no futuro será Capitão Gancho - e da Princesa Tigrinha (Rooney Mara), e coloca à prova uma decisiva profecia (?) a seu respeito.


Peter Pan tem um enredo simplório (e até esquisito!). Os contratempos de um menino em busca de sua origem, ou melhor, de sua mãe, podem desagradar aos mais puristas, principalmente pela “redefinição” de personagens clássicos criados por Barrie. Porém, se por um lado há pouco conteúdo para o imaginário do espectador, por outro, há um visual tão deslumbrante que faz a gente quase (!) esquecer os altos e baixos da narrativa que se arrasta ou se apressa, como se justificando para futuras (e definitivas?) explicações ou reinvenções nos próximos volumes cinematográficos da franquia que claramente se semeia.


Enfim, Peter Pan não me pareceu engraçado (ou misterioso!) o suficiente para o público infantojuvenil. Mas, sabe com é, a leitura de uma criança é sempre imprevisível. Assim, algumas sequências e gags que achei bem tolas podem guardar algum humor oculto ao alcance apenas dela. Acostumado aos games, talvez o jovem espectador concorde que as muitas cenas de batalhas, lutas e pancadarias “assim-assim” são assépticas demais. Talvez! De uma coisa tenho certeza, ninguém vai reclamar da paleta de cores. Ou será que vai? Impossível, tem cor ali que nem existe...


Todavia aérea e ou terrestre, considerando a transparência do 3D e os efeitos especiais de cair o queixo; o figurino adorável (principalmente do elegante Barba Negra e da fashion Princesa Tigrinha), que não é novidade no cinema de Wright; o elenco bacana..., Peter Pan é um filme que vai além do que se espera, mas fica aquém do que poderia ser. Ainda assim, um bom programa.

Ah, e o Peter que me desculpe, mas a Terra do Nunca está mais para um misto de Nova Zelândia, Hawaii e Austrália, tanto na cor da natureza quanto nas canções, do que para o Canadá.

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