quinta-feira, 9 de julho de 2015

Crítica: Cidades de Papel


Ainda que até hoje não tenha lido nenhuma obra do escritor John Green, o que me levou a ver Cidades de Papel, dirigido por Jake Schreier, foi ter amado o filme A Culpa é das Estrelas (2014), de Josh Boone.

Baseado no romance homônimo de Green, lançado no Brasil em 2013, a adaptação de Cidades de Papel, feita pelos mesmos roteiristas do filme anterior, Scott Neustadter, Michael H. Weber, traz novamente para o cinema o jeito diferenciado do autor se comunicar com seus jovens leitores. A narrativa juvenil, na contramão das atuais produções, cheias de aventura e muita ação, mas de pouca ou nenhuma personalidade, é no mínimo simpática e creio que tem charme suficiente para cativar grandes plateias.


Assim como em A Culpa é das Estrelas, não é necessário o conhecimento prévio do livro Cidades de Papel. O roteiro é simples (mas não simplório) e bem amarrado ao falar da insegurança adolescente, dos desejos sexuais (à flor da pele) e dos amores não confessados. A história gravita em torno do tímido (bom menino) Quentin (Nat Wolff), que nutre, desde a infância, um amor platônico pela descolada vizinha Margo Spiegelman (Cara Delevinne), que o ignora totalmente. Na adolescência a vida dos dois segue sem um “oi”, até que certa noite Margo o “convida” para ser seu cúmplice num impensável missão noturna e desaparece na manhã seguinte sem nem um “tchau”. O garoto exemplar, claro, fica preocupado e acreditando que a garota tenha deixado pistas sobre seu paradeiro, com a ajuda dos seus amigos Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith), sai em seu encalço numa jornada que o fará compreender que nem todo mundo é um livro aberto e ou uma guia de viagem atualizado.


Cidades de Papel (Paper Towns, 2014), tem umas duas cenas bobas, mas passa bem longe da clicheteria do gênero. O elenco é enxuto e Jake Schreier, fazendo jus ao ótimo argumento, conta a estranha história de amor, obsessão e desapego juvenil, num ritmo agradável e sem atropelar o envolvente enredo. Dos jovens atores o destaque fica com Wolff e seu convincente nerd Quentin. Delevigne pode não render tanto quanto a sua complexa personagem exige..., mas também não compromete no todo.



Considerando que é um drama (com ar melancólico) que não subestima a inteligência de nenhum espectador; que seus personagens são interessantes; que a trilha sonora incidental é de qualidade; que as curiosas citações (não gratuitas) de alguns ícones da contracultura, como Woody Guthrie e Walt Whitman, são lumes raros; que algumas mensagens (subliminares) são resolvidas de forma inteligente e sem traumas; que os diálogos são divertidamente possíveis; que a história contemporânea fala de um cotidiano que já parece distante, nostálgico..., sendo leitor ou não de Green, acho que vale cada minuto em tão boa companhia...

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