quinta-feira, 31 de julho de 2014

Luiz Renato Roble: Cinema em Curitiba


C I N E M A em C U R I T I B A
Luiz Renato Roble

Sempre gostei de cinema. Lembro que chorava porque queria ir ao Cine Marajó, para escutar o sino que tocava antes da sessão. Depois fugia do jardim da infância para ver desenho animado na televisão em casa. As fugas acabaram sendo formalizadas e então eu era devidamente acompanhado com segurança por uma servente do grupo escolar até a casa.

Foi muito emocionante minha primeira sessão de faroeste naquele mesmo Marajó. Foi Paulo, meu irmão quem me levou. Me senti mais que apenas um simples menino depois de assistir cowboys atirando uns nos outros. Uma vez simplesmente deixei de ir à aula no CEFET para assistir a um filme na Sessão da Tarde. É que Cine Paradiso, uma comédia deliciosa que já tinha assistido na Sessão Corujão, iria reprisar naquele dia. Em outra ocasião, convidei Raquel para matarmos as últimas aulas e irmos de micro-ônibus até ao Shopping Pinhais, que ficava quase no fim do mundo, pois queria que ela assistisse comigo A Noviça Rebelde. Deu certo.

Mais tarde, quando nos casamos, todas as músicas eram do filme. Cinemas, estivemos em todos. Condor, o meu preferido. Astor, o da sessão da meia noite. Rivoli, aquele das filas dos filmes de Walt Disney. Ópera, na frente do Avenida. Vitória, aquele muito grande. Scala, o virado do avesso. E o Plaza, aquele que tinha jardim na frente. Quando nos casamos, ganhamos uma TV velha P&B, com imagens fantasmagóricas e sem som. Para assistirmos o canal 12, o único que pegava, ligávamos o rádio FM, que na época, sintonizava canais de TV. A primeira TV O Km a cores, saiu através do consórcio.

Inesquecível, foi quando finalmente saiu o videocassete no consórcio. Que emoção! Eu dirigindo com aquela caixa do lado, não vendo a hora de chegar em casa. Antes, passei para me inscrever e locar minha primeira fita cassete: Excalibur. Com o passar do tempo a televisão foi aumentando e a quantidade de cabeças dos vídeos também.

Por pouco tempo, tudo muito moderno.

Veio o DVD, que logo foi substituído pelo Blue-Ray e que agora foi soterrado pelo Netflix. Mas quer saber, nada como ir ao cinema. Esses dias fomos numa sala VIP. Muito VIP mesmo. Preço VIP e tudo VIP. Nos sentimos os VIPs. Mas toda a vipaiada não se compara à emoção de deixar tudo lá fora e viajar nas asas da imaginação de um maluco contador de histórias.

Já não choro mais por causa do som do sino, mas confesso que ainda o desejo.


*
Luiz Renato Roble é Diretor de Criação na DATAMAKER DESIGN, em Curitiba-PR.

2 comentários:

  1. Também fui fanático por cinema, pois sou de uma geração que não tinha TV para ver, teatro infantil, nunca ouvi falar, sou do tempo dos seriados, apos o ultimo filme, vinha o seriado, um especie de filme-novela, geralmente de far-western ou ficção cientifica, como o Flash-Gordon, ou de aventuras como O Fantasma, que nunca morre! Com seu cão e seu anel em formato de caveira, quando ele dava um soco na face do bandido, deixava a estampa da caveira marcada, ainda acho que era para o todo sempre!No cinema de meu bairro, O Guarani, nos bons tempos tinha matinê aos sábados e domingos, os seriados só passavam aos sábados, eramos obrigados a ir aos sábados e aos domingos! Mas antes de morar no Portão morávamos no centro da cidade, e meus pais também gostavam muito de cinema, e quando eu tinha os meus 7 anos, já podia entrar nos cinemas a noite, acompanhado dos pais, ainda não havia uma censura por faixa de idade, o filme era livre ou impróprio para menores de 18 anos! Nessa época passavam muitos filmes italianos, alemães ainda de antes da II Guerra, mas os que mais me marcaram foram os italianos, filmes noir, soturnos mesmo, ainda lembro um que me marcou muito, uma cena noturna em uma pequena aldeia, cercada por uma muralha, onde um vigia noturno, com um lampião nas mãos percorre toda as muralhas, entoando "Mezza notte! Tutti dormine tranquilo" e sua sombra refletia por muitos metros no chão da calçada por onde passava! E eu ficava aterrorizado com o que podia acontecer a seguir, aí eu falava "pai, quero ir fazer xixi"! Uma vez, duas, três, quatro! Ai minha mãe dizia, Carlos leve o Joãozinho para o banheiro, lá ia eu e ele para o banheiro, eu na realidade não queria fazer xixi nenhum, eu queria era sair da cena soturna do filme, entreva no banheiro e ficava contando os azulejos do banheiro. Meu pai já louco de raiva por estar perdendo o melhor da fita (nesse tempo era esse o termo para filme), dizia: faz logo! E nada de fazer! Aí o jeito era voltar para a poltrona, muitas vezes a cena já era outra, ai tudo bem, se a cena ainda era a mesma, o jeito era sentar e fechar os olhos, mas continuava ouvindo o som! Que sufoco!Ainda bem que meu pai tinha uma paciência de Jó!

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    1. ..., deliciosa crônica cinéfila, João Carlos. ..., o cinema é realmente mágico e marcante, principalmente na infância. ..., também tive uma infância divertida indo ao cinema vendo artistas mirins: Marisol, Joselito, Pablito Calvo e astros como Oscarito e Grande Othelo, Cantinflas, Chaplin, o Gordo e o Magro (nunca gostei dos 3 Patetas), desenhos animados e seriados (que acabavam sempre no melhor pedaço), comédias, ficção científica (minha paixão). .., grato por compartilhar essas adoráveis memórias com a gente. .., ah, concordo com a paciência de Jó, do seu pai!

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