quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Crítica: Thor - O Mundo Sombrio


O embate entre luz e trevas parece não ter fim na mitologia do entretenimento ou vice-versa. No mundo da ficção globalizada (religiosa ou pagã) há sempre alguém querendo ser dono da eletricidade e outro louco pra cortar a fiação. Heróis da luz e vilões da escuridão povoam a imaginação de adultos e crianças nas mais diversas manifestações culturais. Quando se trata de histórias em quadrinhos, então, é um esconde-esconde sem fim. Pegando carona na meada do apagão, chega aos cinemas Thor - O Mundo Sombrio.

A história se passa logo após a pancadaria desenfreada em Os Vigadores, quando Thor (Chris Hemsworth) retorna a Asgard, levando o prisioneiro Loki (Tom Hiddleston), e parte para novas batalhas na pacificação dos Nove Reinos. Mal a ordem é restabelecida e eis que surge das profundezas o pesadelo asgardiano: Malekith (Christopher Eccleston). O maldito elfo negro, derrotado por Bor, avô de Thor, acorda para o seu maior ato de vingança universal: escuridão eterna para todos! O pivô inocente útil, para que a trama se cumpra, é Jane Foster (Natalie Portman), a namorada do herói.


Filme-hq de fantasia, Thor - O mundo Sombrio (Thor - The Dark World, EUA, 2013), dirigido por Alan Taylor, mescla muito bem ação, aventura, drama, imaginação e (entre uma referência bíblica e outra) bom humor. Despretensioso (até demais) cumpre o que promete: diversão. Ao trocar acertadamente a base terráquea, (geralmente) em Nova York por Londres (Greenwich), muda, além do ritmo, o nível destrutivo das lutas. Na Inglaterra a destruição urbana é mínima, se comparada à dos seus (heroicos) concorrentes anteriores em solo norte-americano. Mas não menos intensa. Ah, o irônico humor inglês é muito melhor que o pastelão escatológico estadunidense.

Thor - O Mundo Sombrio tem excelente produção. Os cenários, com riqueza de detalhes, são extraordinários e as aeronaves inspiradíssimas. O elenco continua afinado, o que não é uma árdua tarefa, com Hiddleston roubando cena a cena. Duas emocionantes sequências, envolvendo a Rainha Frigga (Rene Russo), merecem destaque pela perfeita composição de elementos dramáticos e técnicos: a perturbadora visita a Loki, na prisão, e o deslumbrante funeral dos guerreiros asgardianos. É o que fica na memória depois de todo o caos.

Originalidade pode não ser o forte do argumento que malha o trevoso ferro frio, mas o roteiro sopra umas brasas da forja e as fagulhas que iluminam história e personagens, fazem de Thor - O Mundo Sombrio, um excelente filme-hq, mesmo com escorregadas, uma das melhores adaptações do gênero. Não acho que deva ser comparado ao ótimo shakespeariano Thor (2011), dirigido por Kenneth Branagh, porque o palco é outro. Agora a lenda cabe mais aos Céus do que à Terra que, como sempre, é um planeta pairando no meio do caminho de algum vilão intergaláctico sem planeta e ou (pior!) chegado numa escuridão.

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