sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Crítica: Jobs


Para boa parte de leitores e ou de espectadores, seja no livro ou na tela de cinema, a biografia de uma personalidade jamais satisfaz plenamente. A suspeita é a de que o biografado é ou era (muito) melhor e ou pior do que o desvelado. Quando se trata de autobiografia, a desconfiança é maior.

Em 2011, logo após a morte de Steve Jobs, aos 56 anos, em consequência de câncer no pâncreas, descoberto em 2003, começaram a aparecer biografias e matérias na mídia, abordando as mais diversas facetas do homem que revolucionou e popularizou a informática e a comunicação móvel. São tantas histórias polêmicas e ou bizarras que não se sabe quais merecem créditos e ou algum desconto. Jobs, a cinebiografia do cofundador da Apple, traz a síntese de um bocado delas e a se crer no que se vê, o gênio era genioso, difícil no tratamento e no relacionamento com qualquer pessoa (mesmo!) ao seu redor.

Jobs (Jobs, EUA, 2013), dirigido por Joshua Michael Stern, chega aos cinemas dividindo opiniões entre parceiros, críticos e admiradores. O conteúdo (superficial) do período retratado (1971 a 2001) é discutido conforme o grau de interesse e ou de conhecimento da vida atribulada desse empreendedor visionário. Para o leigo, a primeira impressão é a de que se trata da parte um ou dois de uma trilogia, o que justificaria a “superficialidade” do intrincado assunto que envolve processos de criação, disputa de patrimônio, exploração de mão de obra, amizades, drogas, família.
  

Longe de ser uma hagiografia (como muitos fãs gostariam), o dramático roteiro de Matt Whiteley, detêm-se apenas no que lhe parece essencial para se conhecer (vagamente) a complexa personalidade do antissocial Jobs (Ashton Kutcher) em família e no trabalho. Assim, os fatos que ganham maior foco são os relacionados à sua formação profissional: associação com Steve Woziniak (Josh Gad); Atari; Apple; Macintosh; Lisa; NeXT. A “falta de tempo” (?) para aprofundamentos também se nota na ausência de questões mais explosivas, envolvendo a Xerox (PARC) e Bill Gates (Microsoft), e ou o lucrativo investimento na Pixar e na The Walt Disney Company.

Jobs é um filme independente para iniciantes em Jobs, para quem, se muito, o conhece de ouvir falar e não necessariamente de fã para fã.  Tem uma boa produção e narrativa razoável, mesmo limitada em flashbacks e praticamente batendo numa tecla só. Kutcher fez um bom trabalho de casa e excelente laboratório, pois impressiona na pele do arrogante Jobs. No entanto não creio que este drama (com raras pinceladas de humor) seja o suficiente para a maioria leitores-espectadores que o louvam cegamente (e não aceitam o seu lado nada cult). É mais provável que pareça apenas um aperitivo para a sua próxima cinebiografia, que deve estrear em 2014.

2 comentários:

  1. Parece um telefilme de final de semana da tevê americana, E um telefilme ruim. Aquele telefilme Piratas do Vale do Silício sobre Jobs e Bill Gates é bem superior. Vamos aguardar o filme do Aaron Sorkin este com certeza vai valer a pena.

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    Respostas
    1. ...., não aposto no próximo que, acredito, será mais controverso..., já que Jobs já é morto do lado de lá!

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