quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Crítica: Aviões


Houve um tempo em que filmes direcionados ao público infantil, principalmente animações, eram lançados, preferencialmente, nas férias. Neste atípico 2013 tem chegado, às salas de cinema, ao menos um desenho por mês (*). O de setembro é Aviões, alçando voo diretamente do “mundo de Carros”. Ou mais ou menos, já que não é exatamente uma produção Pixar, mas um, digamos, similar meio genérico, do Estúdio Disneytoons que, por sua vez, é uma divisão do Estúdio Walt Disney Animation. Ou seja, em família, pero no mucho.

Aviões (Planes, EUA, 2013), dirigido por Klay Hall, voa entorno de Dusty, um pulverizador de defensivos agrícolas, gente boa, digo, aeronave boa, que sonha em se tornar um grande “piloto” de competição aérea..., mesmo não tendo sido criado para isso. Assim como Turbo, o caracol que (em animação recente) se tornou um az das pistas de corrida, Dusty, o avião caipira que tem medo de altura, costuma sonhar alto e não desiste da ideia de participar de uma competição profissional e se tornar um az do céu. Não é preciso de spoiler para saber como vai bater asas essa trama de aventura e ação!


Todo o universo automatizado da franquia Carros está reciclado em Aviões. Qualquer espectador vai reconhecer a turma do orgulhoso Relâmpago McQueen na turma do determinado Crophopper Dusty e se familiarizar com o inocente caminhão tanque: Chug; a confiante empilhadeira: Dottie; o misterioso: Skipper; o arrogante campeão: Ripslinger; o romântico conquistador El Chupacabra (o que há de melhor na fita!) etc. Uma repetição de personalidades (caricatas) que torna a história ainda mais redundante e bem menos reluzente.

Apesar da simpatia de alguns personagens, Aviões é uma animação que voa às cegas, em meio a turbulências do limitado roteiro de Jeffrey M. Howard, que não define a faixa etária do aeroporto em que deseja pousar. Nesse voo rasante, quicando aqui e acolá, o humor hilário acabou extraviado e o que ficou na bagagem de mão não é suficiente para fazer gargalhar.

No saguão é até possível resgatar alguns gracejos culturais: avião britânico e seu chá; tratores-bois indianos. Ou aproveitar o tempo de espera para admirar algumas belas sequências, como a do voo de planadores brancos, feito garças rumando ao Taj Mahal; dos balões vaga-lumes; ou da tempestade em alto mar. Mas é preciso estar atento ao painel, já que são pontuações breves. Muito breves!


Pensado, a princípio, para a televisão e lançamento direto em DVD, Aviões, é mais do mesmo já visto e revisto em outras animações (inclusive) de outros estúdios e outras ficções protagonizadas por “gente” de carne e osso. Nem na TV seria original, já que há um bocado de animações onde barcos, trens, caminhões falam e alguns até interagem com humanos. Para (ao menos) parecer original, não basta que um carro “vire” um avião, mas que a sua (batida) história de superação seja realmente diferente..., se é que é possível reinventar o assunto superação.

Em todo universo paralelo que se preze há espaço para todo tipo de vida que se imagina. No de Carros, a Terra é o habitat de máquinas com características (sociais, políticas, esportivas, sexuais) humanas. Para um espectador adulto, um planeta tomado por seres automatizados, que agem tal e qual os humanos, pode parecer bizarro, mas, para uma criança, a imaginação não tem limites. Será? Há controvérsia.

Apesar de descartável, o previsível Aviões deve encontrar seu público aeronauta no campo dos meninos (de 6 aos 10 anos) e dos aeromodelistas (de todas as idades).


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