sábado, 10 de agosto de 2013

Crítica: Círculo de Fogo


Quem é chegado em ícones populares da cultura cinematográfica e televisiva japonesa, como Godzilla, Mothra, Gamera, Robôs..., não deve perder Círculo de Fogo, uma divertida homenagem que o formidável diretor Guillermo Del Toro faz ao gênero que povoou (e ainda povoa) a imaginação de muita criança mundo afora..., inclusive a dele.

Círculo de Fogo (Pacific Rim, EUA, 2013) é um filme para se curtir e se lembrar de antigas produções nipônicas com seus cenários de papelão e, honestamente, não se preocupar muito com a lógica. É claro que, se você for um espectador-cabeça preocupado com mensagens (edificantes?) e ou críticas (socioeconômicas?) aos governantes etc, vai encontrar algumas “metáforas” a respeito. Mas só se procurar muito entre os vários clichês clássicos que (é claro!) não poderiam faltar numa sci-fi desse porte. Pois, acredite, isso é o que menos importa.


O argumento é bacana: robôs gigantes enfrentam dinossauros imensos (saídos de uma fenda no fundo mar) que querem dominar Terra. O roteiro de Travis Beacham e Del Toro é direto. Logo após o prólogo que conta como apareceram as monstruosas criaturas Kaiju (em japonês: Monstro Gigante) e o que levou a união das nações à fabricar os robôs gigantes Jaegers (em alemão: Çaçadores)..., a história vai logo ao que interessa: embate entre os colossos, na maioria das vezes, em alto mar. Enquanto os lagartões querem se apossar do planeta, os humanos (cérebro e membros dos complexos robôs) querem acabar com a raça deles, fechando o seu portal. Simples assim. Quer dizer, não tão simples. A empreitada vai ser dureza, para delírio e compensação da plateia em pouco mais de duas horas de projeção.

Longe de ser infantilóide ou boba, a narrativa tem alguns achados fantásticos, os dois melhores podem até passar despercebidos em meio à pancadaria: um Berço de Newton (equilíbrio e delicadeza!) e um navio como arma de ataque de um robô (gore sem sangue!). A fotografia de Guillermo Navarro faz a diferença nas intensas cenas de combate noturno, mas arrasa mesmo nas menores (?), como a da misteriosa garota com seu guarda-chuva preto e ou a garotinha com seu sapato vermelho (que tanto apavora quanto emociona). Merece também destaque, apesar de breve, uma sequência que registra peões de obra sobre vigas altíssimas. Os efeitos especiais e o 3D realmente impressionam.


Círculo de Fogo é um filme de ação e aventura e, portanto, os batidos dramas pessoais dos protagonistas humanos (todos relacionados à família) ficam em segundo plano. Eles estão na história só para constar. Qualquer espectador sabe como e quando serão resolvidos. O elenco é formado por competentes novatos e notáveis da Inglaterra, EUA, Japão... Entre os heróis tripulantes dos Jaegers estão Charlie Hunnam (Raleigh Becket), Diego Klattenhoff (Yancy Becket), Rinko Kikuchi (Mako Mori), Robert Kazinsky (Chuck Hansen) e Idris Elba (Stacker Pentecostes).

Não é uma comédia, mas tem lá a sua graça. O seu melhor momento de humor está na figura (fora de ordem!) e na atividade do extravagante Hannibal Chau (Ron Perlman), um negociante que “recicla” e comercializa no mercado negro tudo que consegue “limpar” dos lagartos mortos. Há também uma “dupla cômica” de excêntricos cientistas (Charlie Day e Burn Gorman) que começa chata, mas que acaba encontrando o tom na segunda parte.


Círculo de Fogo continua divertido após a sessão, quando a gente começa a brincar com o porquê das ações dos Kaiju e dos Jaegers ou o porquê das armas ocultas dos robôs ou o porquê de dupla de pilotos em vez de controle remoto e ou etc. Bobagens! O melhor é concluir que tudo que se viu, nostalgicamente faz sentido, além de humanizar a história (com tipos peculiares, mesmo que caricatos), dá a algumas sequências um clima retrô deliciosamente trash. É uma história que parece inventada por um menino (pré-adolescente) para ser contada para todos (outros meninos) que adoram robôs e dinos... Será que tem por aí alguma menina que também curte?

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