quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Crítica: As Aventuras de Tadeo



As férias estão terminando, mas ainda há um tempinho para a garotada apreciar a estreia de mais um desenho animado em 3D. Quem chega querendo aproveitar umas horinhas do verão tropical (com invernicos ocasionais) sul-americano é a ensolarada animação espanhola: As Aventuras de Tadeo (que no Brasil perdeu (?) o sobrenome Jones). A produção mira no público infantojuvenil (6 aos 12 anos), e, com um pouco de sorte, deve atingir os fãs dos caçadores de relíquias Indiana Jones (do Spielberg) e Lara Croft (do Toby Gard).

As Aventuras de Tadeo (Las aventuras de Tadeo Jones, Espanha, 2012), dirigido por Henrique Gato, é uma surpresa bacana num cenário dominado por produções norte-americanas. Criado por Gato, como uma paródia a Indiana Jones, o personagem Tadeo apareceu primeiramente em dois curtas-metragens do diretor: Tadeo Jones (2005), indicado ao Oscar de melhor curta-metragem, e Tadeo Jones e o Porão da Desgraça (2007), ambos ganhadores de inúmeros prêmios, entre eles o respeitadíssimo Goya.


Pensado para o mercado internacional (Thaddeus Jones Adventures) a animação, com roteiro simplório de Verónica Fernández, Jordi Gasull, Neil Landau, Ignacio del Moral, fica entre a paródia e a homenagem a Indiana Jones  e a Lara Croft. A história gira em torno de Tadeo, um sujeito sonhador e muito curioso que, quando garoto, queria ser arqueólogo, mas acabou mero pedreiro..., porém, sem deixar de sonhar e especular sobre “relíquias” que encontra ocasionalmente nos terrenos das obras.  Um dia, por conta de um incidente, ele e seu inseparável cachorro Freddy, vão parar no Peru, onde conhecem Jeff, um mascate de quinquilharias, Sarah, filha do professor Lavrov, que está à procura da cidade perdida de Paititi, e Belzoni, um papagaio mundo. Para Tadeo, que sempre sonhou em viver grandes aventuras em busca de tesouros perdidos, esta promete ser a sua grande chance..., isto é, desde que ele e seus amigos não caiam nas mãos dos piratas de relíquia que querem algo que acreditam estar em seu poder...

Alguns críticos espanhóis não gostaram (e com razão?) da nacionalidade norte-americana do personagem protagonista, Tadeo. Bem, cá pra nós, a Espanha tem mais vivência em invasão de antigos territórios e extermínio de ricas culturas locais (Incas, Maias, Astecas) do que os norte-americanos. Enfim, nessa narrativa a história se inverte, mesmo sem formação (profissional) em arqueologia, Tadeo fará o que puder para ajudar seus novos amigos a proteger antigos tesouros peruanos das mãos dos mercadores internacionais de obras de arte.


A pouca originalidade do roteiro (livremente inspirado nas três deliciosas aventuras de Indiana) e no desenvolvimento de alguns personagens, como o insuportável e caricato Jeff, é compensada pela eficiência técnica, incluindo o bom uso de 3D.  Acredito que pontos em comum entre o papagaio mudo (Belzoni) e o macaco mudo (Sr. Bobo) de Piratas Pirados é mera coincidência. As Aventuras de Tadeo não chega a ser um desenho hilário, para um adulto (acompanhante), mas é bem colorido e o clima pastelão nas perseguições de carro e de trem, deve prender a atenção e divertir a garotada. A animação tem algumas sequências muito bem resolvidas e o bonito prólogo é uma das aberturas mais emocionantes que já vi no mundo da animação.

Assim como quem quer nada, mas querendo o mundo, a Espanha vem chegando “distraída” com belíssimas produções para o público adulto, como a indicada ao Oscar: Chico e Rita, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, e ou a grande sensação do AnimaMundi: Rugas, de Ignácio Ferreras. Já para a garotada o destaque fica com: Planeta 51 (que sou fã!), de Jorge Blanco, Javier Abad e Marcos Martinez, e o razoável: O Lince Perdido, de Manuel Sicilia e Raúl García.

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