No mundo da animação cinematográfica (?) os animais
estão cada vez mais humanos (racionais?)..., haja idiossincrasia. No mundo da
ficção cinematográfica (?) os humanos estão cada vez mais irracionais (animais?)...,
haja barbárie. Sabe-se lá quem imita (ou inventa) quem!
Multicolorido e apresentando uma fauna aquática
diversificada, O Mar Não Está Pra Peixe:
Tubarões à vista! traz de volta o peixe-herói Pê, em mais uma luta, praticamente solitária, contra o seu grande
(e bota grande nisso) inimigo e rival tubarão Troy, que retorna “bombado” e mais malvado, para tentar dominar o
recife e ficar de vez com a ingênua Cordélia,
agora acasalada com Pê e mãe de Junior. Ao saber que Troy (e sua gang de tubarões famintos) quer
revanche, o estrategista Pê decide treinar
seus amigos cabecinhas de vento. Porém, as coisas não saem exatamente como ele
planejou e para complicar aparece Dylan,
um estranho no ninho, digo, no recife, com uma ideia mirabolante (um espectador
constante de desenhos animados vai dizer: eu
já vi isto!): montar um espetáculo musical subaquático e trazer humanos
para assistir, criando ali uma área livre de tubarões. Bem, nem é preciso dizer
que é uma onda de confusão atrás da outra quando os pretendentes a lutadores e
artistas entram em ação.
O Mar
Não Está Pra Peixe: Tubarões à vista! (The Reef 2: High Tide, EUA, 2012), dirigido por Mark A.Z. Dippé (do abominável Spaw), é uma animação muito animada para
o público infantil, ali dos cinco aos dez, doze anos (no máximo!)..., passou
disso a desanimação pode ser geral. O roteiro clichê-básico (capaz de entediar
os mais velhos), recheado de referência ao cenário artístico pop, é simplório e
explora a clássica história edificante e enaltecedora dos valores humanos, digo,
aquáticos. Os personagens são facilmente reconhecíveis: herói; desastrado; destrambelhado;
artista; esperto; malvado; traidor; inocente etc. Uma galeria de tipos (coadjuvantes)
para todos os gostos, mas pouco cativantes. O humor é pastelão-infantil, com
uma ou outra indiscrição para o público adulto e nenhuma música (?) ou
sequência memorável.
Com uma narrativa rala e previsivelmente
didática, na infantilização de um tema (sobrevivência), digamos, adulto, a
animação fala um pouco de tudo: Broadway, filosofia oriental, truculência
ocidental, cultura Jedi, traição, insegurança,
lição de moral etc... Excetuando o peixe Junior,
todos os outros animais aquáticos são adultos. Não há sequer um adolescente em crise,
apaixonado e ou em pé de guerra com os pais..., coisa rara na animação, hoje em
dia! Quem sabe no próximo filme, quando o Junior
crescer. O alvo, sem dúvida, é mesmo a criançada despreocupada que (na falta de
um assunto mais adequado) se contenta com uma musiquinha, uma dancinha e uma
briguinha agitada em águas rasas.
No mundo da fantasia politicamente correta (ou
quase) vale tudo (ou quase), até mesmo peixe carnívoro que não come (literalmente)
peixe não-carnívoro. A animação tem alguns furos e sequências sem nadadeiras e
nem cabeça..., não sei se algum pequeno espectador se importará com tais
escorregadelas. O filme em 3D não chegou para a Cabine e não fez falta o efeito
da moda. O traço dos cenários e dos multicoloridos personagens é simples e
simpático, às vezes lembra um protetor de tela (pouco sofisticado) aquário. A
dublagem (em português), com seus chiados cariocas, incomoda que está
acostumado com legendas.
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