quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Crítica: Projeto Dinossauro



O dinossauro é um lagartão de sorte. De tempos em tempos a grande fera pré-histórica (em suas variações), que não é herói e nem vilão, é reciclada na certeza de apavorar nos cinemas. Ultimamente a concorrência com vampiros e zombies tem diminuído seu território, mas nada que uma mordida voraz não resolva!

Projeto Dinossauro (The Dinosaur Project, Reino Unido, 2012) é uma produção inglesa que chega, com um curioso cartaz, prometendo muitos sustos, adrenalina, nervos à flor da pele, medo visceral... A história acompanha uma pequena equipe de exploradores, liderada por Jonathan Marchant (Richard Dillane), que vai ao Congo (África) com a intenção de comprovar a existência de alguns animais pré-históricos, considerados apenas folclore local, como o monstro de Loch Ness. Porém, no meio da viagem, um acidente com o helicóptero, deixa o grupo perdido na selva e, digamos, à mercê de (nada folclóricos) dinossauros carnívoros e de dinossauros amistosos (?). No vale tudo do divã da selva serão expostos, é claro, traumas familiares, discórdia, intrigas, inveja e algum salve-se quem puder! Quanto à promessa de um thriller espetacular, daqueles de deixar o cabelo em pé e o braço cheio de hematomas...


Projeto Dinossauro é uma mistura pouco criativa de filmes de exploração e sci-fi anos 1950/1960 (onde iguanas e lagartos de chifre eram “terríveis” dinossauros “rex”), com a franquia Jurassic Park, a série Dinotopia, entre outras produções mais ou menos animadas. Em busca de novidade narrativa, no batido tema, o diretor Sid Bennett, premiado documentarista e roteirista de TV, buscou o já batido gênero found footage (fitas de vídeo encontradas) e acabou abatido na edição da gênese. No calor da mise-en-scène tecnológica, assim como o foco da “trama” não decide o público alvo (óbvio: infantil), o foco das câmeras não decide os protagonistas e os coadjuvantes. A “linguagem” atropela o drama, se enrola com o mocumentário e despenca na ficção. Haja tremeliques e cortes abruptos nos momentos cruciais do drama. E olha que as câmeras utilizadas no registro da movimentação do grupo são high tech. Será que o problema esta na compactação dos modelos? Bons tempos aqueles de Júlio Verne e Arthur Conan Doyle.


Com diálogos fracos, interpretações medíocres (isso, levando em conta que vi uma cópia - horrivelmente - dublada, na Cabine) e direção ruim, Projeto Dinossauro parece um festival de improvisos que confunde até mesmo os dinossauros. Ora, num filme desses espera-se ver sangue, vísceras expostas, corpos humanos (ou não) mordiscados, lagartões se deliciando com suas presas, mas... Esquece! Na paradisíaca selva africana a morte (ou o desaparecimento) de algum personagem é implícita. Não passa de uma rapidíssima sugestão e, aos olhos do espectador (que não piscar!), uma brevíssima dedução. Será que, ao menos uma morte decente, é culpa do orçamento dilacerado? Não quero nem saber quanto custou as jujubas coloridas!

Uma boa definição para a indefinida produção é a de que faz jus ao título, ou seja, ela não passa de um projeto (a ser desenvolvido e ou esquecido?). O baixo orçamento não pode ser usado como desculpa para a falta de criatividade do roteiro (Atividade Paranormal, com muito menos, fez muito mais). Acho que nem uma boa bússola ajudaria o roteirista (que por acaso é o diretor) a encontrar o rumo e ou a dar um destino digno aos “exploradores”. O CGI inglês é bom, mas (inferior ao usado há 20 anos na criação dos dinossauros do Jurassic) não o suficiente para tapar buracos ou costurar as várias sequências confusas. O filme carece de ação e de aventura reais (e vida inteligente!) para compor as belíssimas e selvagens locações africanas. Nesta salada dinossáurica nada convincente, uma pitada do saboroso humor inglês faria uma grande diferença.

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