quinta-feira, 28 de junho de 2012

Revolutionart - Revista Internacional de Arte: Grátis



Para quem gosta realmente de Arte em constante ebulição, a dica é visitar o site Revolutionart Magazine e baixar gratuitamente (em PDF) as deslumbrantes edições temáticas. Repletas de artes gráficas, plásticas, fotografias. É um deleite visual em mais de 200 páginas. Já foram editadas e disponibilizadas para download 36 números: Mitos e Lendas Africanos (28); Água (36); Espaço (23); Reciclagem (21). Ah, e a revista abre espaço para artistas (de todo o mundo) que acreditam na revolução pela arte: O próximo tema é Energia e o prazo para o envio dos trabalhos vai até 15 de Julho.


Revolutionart

REVOLUTIONART Internacional Magazine é uma publicação distribuída em formato PDF como uma amostra coletiva dos melhores das artes gráficas, vídeos, músicas, modelagem e tendências mundiais.

É uma plataforma revolucionária, uma propaganda maciça para comunicar mensagens globais e fazer as pessoas pensarem. REVOLUTIONART oferece puro talento a mais de 120.000 assinantes e leitores por edição em todo o mundo.

O objetivo do REVOLUTIONART é servir como uma fonte de inspiração para artistas, modelos, publicitários, fotógrafos, designers e comunicadores em geral que desejam explorar novas alternativas de expressão através de amostras gráficas de design, fotografia, ilustração, anúncios, moda, música, e gerais artes visuais.

Depois de mais de vinte números, REVOLUTIONART tornou-se uma das publicações mais respeitadas do mundo. Talentos internacionais, como Floria Sigismondi, Dragan Andzej, Simone Legno, Adhemas Batista, Lemmy Kilmister, Jeremyville, e muitos mais se tornaram parte das edições passadas.

E você pode ser parte de REVOLUTIONART também. Porque esta é a primeira revista internacional feito pelo povo e para o povo. Somos contra o fascismo artístico. Estamos totalmente abertos pessoas que pensam que não têm medo de falar sobre sexo, política, religião, ecologia, amor, natureza, e quaisquer outras questões globais.”

terça-feira, 26 de junho de 2012

Crítica: A Era do Gelo 4


Parece que foi há muito tempo, mas se passaram apenas dez anos, desde que o mamute Manny, o bicho-preguiça Sid e o tigre-dentes-de-sabre Diego ganharam o mundo através das telas de cinema, com uma divertida (porém) dramática história que explorava (bem!) temas como solidão, abandono, amizade, vida em grupo, onde não faltou nem um inusitado encontro com seres humanos que ainda não sabiam falar. De 2002 para cá, os três inseparáveis e improváveis (?) amigos já viveram mais duas (2006 e 2009) emocionantes aventuras cheias de ação, romance e instinto maternal: Manny conheceu Ellie, com quem teve a graciosa Amora, o Sid já foi “mãe” de três tiranossaurinhos, o Diego bem que tentou, mas não conseguiu deixar o bando...

Em se tratando de franquia está cada vez mais difícil saber com quantas partes se fecha uma série. Era do Gelo é uma marca rentável, portanto, se ela não fechou o círculo no 3, dependendo da bilheteria, pode vir mais algarismos por aí. O problema das franquias é que nem sempre os realizadores são capazes de fazer algo realmente novo com velhos personagens, já que dependem de bons roteiristas, diretores, da versatilidade dos personagens e, principalmente, do grau de expectativa do público. Se bem que o espectador de cinema está cada dia menos exigente, se contentando mais com o conteúdo dos efeitos especiais do que com os efeitos especiais do conteúdo. Não se engane, há uma distinta diferença!


 Era do Gelo 4 (Ice Age 4: Continental Drift, EUA, 2012), ainda que na zona de conforto dos desastres naturais, aborda de forma amalucada a curiosa divisão de Pangeia em Continentes. O “culpado” pelo cataclismo é (claro!) o adorável (e incansável) esquilo Scrat e sua noz indomável, sempre alheio ao mundo ao seu redor..., ou quase. Assim, sem se dar conta do “estrago”, ele acaba colocando Manny, Diego e o atrapalhado Sid, com a sua Vovó, num mesmo “barco” de gelo. Em terra, Ellie, companheira de Manny e sua filha adolescente Amora, fazem o que podem para encontrar um lugar firme. Em mar aberto, os quatro navegam às cegas e em rota de colisão com um “navio” de gelo comandado pelo orangotango pirata Entranha, que tem como “contramestre” a bela tigresa-dentes-de-sabre Shira. O encontro entre os bandos do terrível Entranha, que quer ser o senhor dos mares, e do pacato Manny, que só quer voltar para casa e proteger a sua família, será repleto de confusões e mandos e desmandos suficientes para aumentar o caos (ou seria blefe?) entre os animais “inocentes” na popular arte do toma lá, dá cá.


A Era do Gelo 4 tem um roteiro bastante simples (tipo família), linear, com muita ação (e mensagens edificantes) e clima déjà vú. A premissa parece ser a de aproveitar a onda dos piratas (nos cinemas) para contar uma história de gelo e espada que agrade a crianças e adultos. Todavia, ao situar piratas na “pré-história” a narrativa provoca mais estranheza que riso. Busca-se o bizarro, o absurdo, mas em nenhum momento é realmente nonsense, ou sequer alegórica. A sua mira é (sem dúvida) o público infantojuvenil, daí, talvez, a falta de (mais) graça (e originalidade) para o espectador adulto que vai ter que se contentar com o impagável (ladrão de cenas) Scrat. Os personagens novos, como o simpático ouriço “nerd” Louis, a rebelde Amora, a esclerosada Vovó, o vilão Entranha, e até mesmo a linda Shira, são interessantes, mas não chegam a cativar. No mundo animado (ou de carne e osso) há um padrão de espertos, vilões, tongos..., que se repetem em diversas produções, em algumas (Piratas Pirados) funcionam, em outras, não. Pode ser mera coincidência, mas Era do Gelo 4 tem alguns piratas em comum com Piratas Pirados.


Com direção de Steve Martino (Horton e o Mundo dos Quem) e Mike Thurmeier (A Era do Gelo 3), o filme não empolga tanto quanto os anteriores, mas encanta pela técnica impressionante (que mar é esse?!) na cenografia e no desenho (e textura) dos animais, e no uso do 3D. Os personagens centrais (mesmo não surpreendendo) ainda são agradáveis, apesar do roteiro derrapar na introdução de elementos “modernos” (esfinge, estátuas, lenço vermelho) e citações (telefone, jangada, navio, coelhinho da páscoa), ou melhor, ao antropomorfizar demais os personagens. A impressão é a de que a bicharada viajou no tempo e voltou “atualizada”. Aí, quanto mais humanos, menos engraçados! A ficção (?) de ontem está cada vez mais parecida com o hoje.

Se não é fácil criar uma gag atrás de outra, e já que nem toda piada encontra eco, será que referências cinematográficas aos fofos Ewoks (de Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi, 1983) e aos rebeldes escoceses de caras azuis (de Coração Valente, 1995), e ou as míticas sereias de Odisseu (Ulisses), por exemplo, funcionam com o público jovem ou devem passar batido? Em Shrek elas patinaram. Bem, na ausência de um pai cinéfilo e leitor, o Google está aí para tirar dúvidas. Na versão brasileira a dublagem principal ficou por conta de Diogo Vilela (Manny), Tadeu Mello (Sid) e Marcio Garcia (Diego).

Ah, não chegue atrasado, porque, principalmente se for um fã dos Simpsons, vai perder um divertido (e quase lúdico!) curta-metragem The Longest Daycare (O dia mais longo na creche) protagonizado por Maggie Simpson, em 2D-3D.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Crítica: Sombras da Noite



Semana passada, enquanto aguardava a vez para comprar ingresso para o espetáculo A Mecânica das Borboletas (Otto Jr e Suzana Faini estavam soberbos!), aqui em Curitiba, um conhecido comentava sobre os filmes de terror feitos hoje em dia, com os vampiros bonzinhos e bonitinhos que não metem medo em ninguém. Penso que o problema desse tipo de entretenimento, dirigido ao público infantojuvenil, não tem a ver com os malvados bonitões, mas com o conteúdo (personagens vazios e trama rasa). Afinal, a maldade nunca foi “privilégio” dos feios!

O propósito do comentário acima é por conta da estreia de Sombras da Noite (Dark Shadows, EUA, 2012), de Tim Burton, um filme na medida (?) para a geração crepúsculo e assemelhados televisivos. A ficção de Burton não é a primeira adaptação cinematográfica da série cult homônima, criada por Dan Curtis (1927 - 2006), que foi ao ar, pela rede ABC, de 1966 a 1971. O programa pioneiro na mistura de terror e ficção científica (em 1225 episódios) fez tanto sucesso na TV que, além de dois filmes: House of Dark Shadows (1970) e Night of Dark Shadows (1971), dirigidos por Dan Curtis, “inspirou” também diversos livros e HQs, para o deleite de fãs.


A versão burtoniana de Sombras da Noite traz Johnny Deep no papel de Barnabas Collins, herdeiro de um império de pesca em Collinsport, no Maine, que ao se apaixonar pela doce e bela Josette DuPres (Bella Heathcote), magoa a fogosa e não menos bela Angelique Bouchard (Eva Green), que resolve se vingar, transformando o objeto de sua paixão em um vampiro e, não satisfeita, enterrando-o vivo. 196 anos depois Barnabas está de volta e descobre que tudo naquela pequena cidade mudou, inclusive alguns parentes que agora ocupam a sua velha e decadente Mansão Collinwood: a matriarca Elizabeth Collins Stoddard (Michelle Pfeiffer), com a filha adolescente Carolyn Stoddard (Chloë Moretz); o irmão dela, Roger Collins (Johnny Lee Miller), com o filho David Collins (Gully McGrath); e ainda a psiquiatra Dra. Julia Hoffman (Helena Bonham Carter), a babá de David, Victoria Winters (Bella Heathcote), e o caseiro Willie Loomis (Jackie Earle Haley). Mas para resgatar o brilho de outrora Barnabas terá de enfrentar a poderosa Angie (Eva Green).

Sombras da Noite é uma ficção um tanto preguiçosa. A ideia original era criar o mesmo clima gótico da série, onde havia espaço para: vampiro, lobisomens, zumbis, fantasmas, monstros, bruxas, feiticeiros..., além de viagem no tempo e universo paralelo. Burton chegou bem próximo, o problema é que, o que era novidade e divertia os adolescentes nos anos 1960/1970, hoje soa ingênuo demais até para a garotada. O roteiro irregular é uma grande salada e acaba se perdendo nas encruzilhadas do terror e do humor. Até tem uma ou outra piada engraçadinha, mas não produz mais que um sorriso amarelo. Quanto ao terror..., nem um arrepiozinho. É tudo morno: drama, romance, humor, terror, suspense, ação, luxúria, libertinagem.


Excetuando a explosiva relação obsessiva entre Barnabas e Angie, há pouca ou quase nenhuma interação entre os personagens. E não é por falta de “assunto” da família decadente. A narrativa parece um canguru, saltando apressada de um “misterioso” personagem para outro, antes do público absorver cada história. Não há tempo (e nem interesse) do espectador se envolver com quem quer que seja, nem mesmo com a trama leve (de crimes sem castigo). Não fossem umas duas cenas mais ou menos tórridas (que talvez excitem a imaginação dos adolescentes), seria um filme quase infantil. Há sequências que poderiam ser hilárias, como a dos hippies (queimando uma erva) em volta da fogueira, em entrevista com o vampiro Barnabas (cujo desfecho fica longe do esperado), que perdem o tempo da piada e ou do horror.

Sombras da Noite tem uma belíssima direção de arte e efeitos especiais excelentes. A trilha sonora, que inclui grandes sucessos dos anos 1970, como Knights in White Satin, do Moody Blues, Season of the With, de Donovan, Superfly, de Curtis Mayfield, Crocodile Rock, de Elton John, Top of The World, dos Carpenters..., é muito bacana. Mas o melhor dela é, sem dúvida, a participação especial de Alice Cooper, a lenda do rock, cantando Ballad of Dwight Fry e No More Mr. Nice Guy, num show ao vivo na Mansão Collins. Por falar em Alice, o cara parece ter feito uma viagem no tempo, não envelheceu nadica. O elenco de Burton é sempre eficiente, mesmo quando roteiro não ajuda. Deep faz bem (?) mais um tipo estranho (ou uma variação de outros tipos estranhos?). Pfeiffer convence como a matriarca dos Collins (de aparência), mas quem rouba a cena é a “endiabrada” sedutora Green.  Um filme para fãs não muito exigentes de Burton e Deep.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Crítica: E aí, Comeu?



Nos últimos anos tem se intensificado, com inacreditável sucesso de público (principalmente) juvenil, o uso e abuso do “humor” baixaria (sexista) nas “comédias” norte-americanas e no Brasil. Por mais que repitam (filme a filme) as “piadas” de gosto duvidoso e o culto à genitália masculina, essas produções continuam bombando. Não é à toa que até Cilada.com vai ganhar (?) continuação.

E aí, Comeu? (Brasil, 2012), é o filme outonal, com pretensões cômicas, que tem tudo para agradar ao público cativo do “gênero”. Baseada na peça teatral homônima de Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o roteiro em coautoria com Lusa Silvestre, a narrativa gira em torno de Fernando (Bruno Mazzeo), Honório (Marcos Palmeira) e Fonsinho (Emilio Orciollo Netto), três amigos inseparáveis que dividem, no Bar Harmonia, o chopp, os problemas profissionais e a dor de cotovelo. Fernando é um arquiteto que não aceita o fato de ter sido deixado pela mulher Vitória (Tainá Muller); O jornalista Honório acredita que está sendo traído pela mulher Leila (Dira Paes); Fonsinho é uma boa-vida, escritor (sem nenhum talento) e conquistador (sem convicção). Os três são metidos a machões, mas são uns mala sem alça e sem rodinhas.

E aí, Comeu?, dirigido por Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora), está mais para drama romântico do que para comédia. O argumento é curioso: homens mal-amados desdenhando (e carentes) de mulheres independentes..., o que pega é o desenvolvimento do roteiro mariposa (dando voltas em volta da lâmpada) assim-assim. Leitura que pode variar conforme a pré-disposição do espectador rir das piadas macho-falocratas (sem graça) do cirrótico trio ou se envolver com a razoável trama “paralela”, onde circulam, além de Vitória e Leila, a garota de programa Alana (Juliana Schalch) e a graciosa ninfeta Gabi (Laura Neiva).

O filme tem alguns cansativos diálogos podres e outros ridículos (o desabafo do jornalista, na redação, e o entusiasmo do publicitário, na rua, são tristes!). As melhores sequências são as extra-bar. Algumas sacadas (ôps!) pouco originais, como as aulas de sexo, segundo os três machões, podem funcionar com os meninos de memória curta. Se bem que as cenas de sexo são bem enfadonhas. Uma ou outra até seria risível se não lembrasse Estômago (de Marcos Jorge). A fotografia e direção de arte são bacanas. O elenco novelístico (chamariz) da TV XXXXX, se faz presente sem muito alarde. Os destaques ficam com Orciollo Netto e Laura Neiva. Para quem gosta de baixaria é um prato quase cheio. A sobremesa pode não ser das melhores, mas alivia um pouco o mal-estar.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Crítica: Prometheus



Na mitologia grega Prometeu é o titã que livrou o homem das trevas e da subserviência divina, dando-lhe o Fogo do Conhecimento. No cinema, Prometheus é a espaçonave que leva uma equipe de cientistas e exploradores em busca do Fogo Primordial.

Dizem que uma parte da humanidade olha para o céu à espera do seu criador e que outra parte perscruta as estrelas (e as águas) ansiosa por saber quem somos, de onde viemos e, mesmo, para onde vamos. Em Prometheus (Prometheus, EUA, 2012), a ficção científica de ação e horror, do diretor Ridley Scott, dois arqueólogos, Elisabeth Shaw (Noomi Rapace) e Holloway (Logan Marshall-Green), encontram, em várias civilizações, indícios da presença de seres oriundos de um mesmo planeta (LV223) e de que estes seriam os deuses criadores da vida na Terra. Com a pesquisa na mão e um projeto na cabeça os cientistas convencem a Weyland Industries a financiar a missão que leva a bordo da espaçonave Prometheus, comandada pelo capitão Janek (Idris Elba), além dos cientistas e o pessoal de segurança, Vickers (Charlize Theron), "executiva" da megacorporação e o androide David (Michael Fassbender), criado pela WI.


Para Elizabeth, cristã criacionista, e seu namorado Holloway, um leigo, digamos, agnóstico, pode ser a chance de desvendar o mito da criação divina dos homens. Para a maioria da tripulação de exploradores é só mais um trabalho. Pelo menos é que eles imaginam, até pousar no inóspito planeta que está longe da imagem do paraíso celestial. Prometheus pode ser visto como prequel (prólogo) da “franquia” Alien, pela referência ao Space Jockey, o gigante extraterrestre com um buraco no peito. Mas também oferece uma leitura paralela à série, para quem não conhece a franquia: Alien, O Oitavo Passageiro (Ridley Scott, 1979), Aliens ( James Cameron, 1986),  Alien 3 (David Fincher, 1992), e Alien Resurrection (Jean-Pierre Jeunet, 1997). As tranqueiras AVP (2004 e 2007) são apêndices estuporados fora do jogo.

À primeira vista, para os amantes da curiosa sci-fi, Prometheus parece meio deslocado, pelo avanço da cinematografia em trinta e três anos e pela mudança de foco no frouxo roteiro dos espetaculosos Jon Spaihts (A Hora da Escuridão) e Damon Lindelof (Lost e Cowboys & Aliens). Vale lembrar que, quanto a tecnologia, o mesmo ocorreu com a franquia Star Wars (George Lucas), cujos episódios I, II, III, filmados 22 anos após os IV, V, VI, eram tecnicamente superiores. Passado o impacto do deslumbre visual, que valoriza ainda mais a obra surreal do artista plástico suíço HR Giger, e a depuração de uma série de referências a filmes (2001 - Uma Odisseia no Espaço, Lawrence da Arábia, Blade Runner, entre outros), é capaz do espectador cinéfilo, chegado em charada, se dar conta de que não sobrou muito espaço para o desenvolvimento da história procedente (?).


O filme inicia com um bocado de perguntas, propondo uma curiosa gênese e explorando bem a ideia do mito de Prometeu (crime e castigo), configurado na nave Prometheus, uma espécie de Olimpo onde a tripulação (feito deuses e homens) discute hierarquias. Ali, o menosprezado e servil androide David, acumulando mais conhecimento que os “companheiros” de viagem, faz as vezes de Prometeu, Epimeteu (criador de homens) e de Pandora (inocente fatal). Assim como, em contrapartida à ciência de Prometeu, a curiosidade de Pandora desencadeou todos os malefícios sobre a humanidade, o emblemático e “infantil”, David, provará sua superioridade sobre os humanos, ao decifrar os códigos que abrem a porta (caixa) que “guarda” segredos e uma força praticamente incontrolável. Se este compartimento estava lacrado para proteger quem estava dentro ou fora da sala, os terráqueos vão descobrir assim que se livrarem de incômodos aliens em fase de evolução. Os limites da ciência e da fé serão testados até o embate final, quando a lei do verbo retornar ao “por quê?” original.

Gostar ou não de Prometheus tem a ver com a capacidade do espectador, fã do Alien (Scott) “viajar na maionese” e descobrir o que é metáfora e o que é embromação (ou filosofia de botequim). Os símbolos (involuntários?) são muitos, mas a maioria leva a lugar nenhum (por enquanto...). O público que aprecia uma história mais profunda, com um roteiro desafiador ao estabelecido, vai ficar na vontade ou esperar por prováveis continuações. É que todo entusiasmo inicial, que dá asas à imaginação, acaba perdendo a corrente de ar em diálogos toscos e situações já vistas em outras produções.


Todavia, quem curte apenas a casca, com certeza vai gostar, porque o filme é muito bonito, alguns efeitos são impressionantes (holograma na pirâmide é de encher os olhos), mas se espera tremer nas bases, com o ataque dos alienígenas, pode se decepcionar. É que neste “prólogo” os bichos estão longe da crueldade daqueles que no futuro atacarão os tripulantes da Nostromo. Não é que sejam bonzinhos, só não convencem. Há, sem dúvida, sequencias pesadas (não de horror), mas elas não afligem tanto. Bom, talvez a cena do parto seja um pouco horripilante. O problema é que quando ocorrem os ataques, o mistério já foi levado pela tempestade de poeira estática.

Prometheus é praticamente o embate dos excelentes Fassbender e Rapace. Frutos da ciência e da fé, seus personagens, David e Elizabeth, são mais completos e complexos que os outros (quase figurantes). Ambos, assim como o replicante Roy Batty (Rutger Hauer), de Blade Runner (1982), são “criaturas” em busca do “criador”, mas por razões diferentes. A única trégua possível, em uma guerra (de egos), é quando sobrevivência de um depende do conhecimento do outro. Pelo menos na ficção, ciência (razão) e fé (esperança) dividem o mesmo “por quê?”. O restante do bom elenco, não tem culpa de seus personagens-clichês e do curto tempo em cena. Quem entrou mudo e saiu calado não deve ter reclamado, já que seu grito não seria ouvido no espaço.

Bom, dizem que no mundo real o que move o homem (espécie) e, por conseguinte, a ciência, são as perguntas e não as respostas, que poderão ser modificadas diante de um novo problema. Certo!? Mas, e no mundo da ficção, o que move um filme, a bilheteria e, por conseguinte, a franquia? Se a resposta (do criador) a um personagem (e ao público) é indiferente, por que perguntar? No caso de Prometheus a narrativa não disse a que veio, pois a questão que o motiva, além de continuar sem resposta, gerou novas questões, agora relacionadas à evolução dos Aliens. Estratégia interessante, mas perigosa, porque, dependendo da bilheteria, a história termina aqui, apesar da promessa final.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Crítica: Carnage - Deus da Carnificina



Em uma discussão, na saída da escola, Zachary, de 11 anos, filho Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz), agride Ethan, 11 anos, filho Penélope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly)..., e sem querer armam o palco para que seus pais, sem ao menos saber a razão da briga, se encontrem para por um fim às desavenças. A princípio os dois casais se mostram excessivamente polidos, compreensivos, dispostos a encerrar o assunto de uma vez por todas. No entanto, com a interlocutora Penélope (que convocou a reunião em sua casa) extremamente protetora, a conversa entre eles vai se tornando agressiva e fora de controle. Sem que consigam se desvencilhar do assunto, vão se expondo cada vez mais, deixando cair a máscara e mostrando o quanto cada um pode superar o outro em hipocrisia.


Carnage - Deus da Carnificina (Carnage, 2011), de Roman Polanski é baseado na peça teatral homônima de Yasmina Reza, que colaborou com Polanski no roteiro. Excetuando os rápidos prólogo e epílogo (que têm a duração dos créditos) a trama toda se passa, praticamente, na sala de um apartamento, onde os personagens tornam-se prisioneiros do próprio verbo e ou, da falta dele, já que os diálogos estão disfarçados em monólogos à procura de um receptor. Todos divagam sobre o mesmo tema, sem a menor possibilidade de concordância. Nessa catarse coletiva e ou terapia em grupo, cada um acaba expondo a sua verdadeira face dentro e fora do casamento e do trabalho. A certa altura, os filhos passam a ser o menor dos seus problemas, pois o que interessa é o “eu?” ou “você!”. Bom..., pelo menos enquanto a “conversa” não é interrompida por insistentes telefonemas que, de tão desconexos, acabam fazendo parte do imbróglio em que se envolvem.  


Carnage - Deus da Carnificina é um filme bastante provocativo. A narrativa surreal, carregada de humor ácido e absurdo, lembra a do antológico O Anjo Exterminador (1962), de Luis Buñuel. O texto é fascinante, um desafio aos nervos do espectador preso ao círculo vicioso e ridículo do quarteto. É impossível ficar alheio à discussão tão real quanto banal dos casais e ou sequer deixar a sala. Ousado, ainda que teatral ou talvez por isso, o drama é capaz de fazer o espectador saudável adorar se aborrecer com o destempero dos seus civilizados personagens e refletir sobre a roupa suja que tem em casa.

Deus da Carnificina é o cinema de autor (diretor, ator, roteirista) em sua essência. Uma obra que realmente faz jus à sétima arte. Tirando a breve escorregadela de Winslet, numa sequência de bebedeira, o prazer de ver a excepcional performance dos quatro atores é grande. Preferir um a outro é difícil. O interesse muda conforme o “protagonista” da cena. Se bem que, há tempos não via Foster tão bem e Reilly tão natural. A maestria da direção de Polanski se completa com a fotografia de Pawel Edelman, que dá uma cor meio anos setenta ao drama. Um filme irresistível e definitivamente sem saída!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Crítica: Madagascar 3: Os Procurados



Quem é que estando de férias e ou a trabalho em outra cidade, em algum momento, já não sentiu vontade de voltar para casa? Pois é o que acontece com o bonachão superstar Alex, o leão domesticado que, a contragosto, saiu do Zoológico de Nova York, na companhia dos amigos Marty (zebra), Melman (girafa) e Gloria (hipopótomo), e foi parar no Continente Africano, onde resgatou parte do seu passado. Por mais intensos (e divertidos) que tenham sidos seus dias na selva ou nas savanas africanas, Alex nunca negou que sentia saudade da “confortável vida” que levava, atrás das grades, no Zoológico do Central Park, onde era tratado como estrela. Saudade, aliás, que nunca foi compartilhada por seus companheiros de “exílio forçado” que, não suportando ver o amigo estressado por causa da vida em liberdade, resolvem acompanha-lo de volta à mesmice do Zoo de Nova York.


Absurdo por absurdo, acabam indo ao encontro dos geniais pinguins (Capitão, Kowalski, Rico e Recruta) e dos alucinados chimpanzés (Mason e Phil), que estão aprontando todas no Cassino de Monte Carlo, na esperança de pegar carona no avião deles. Um pulo ou um furo depois, os quatro emergem das águas na luxuosa estância do Principado de Mônaco. Ali acabam se metendo numa grande confusão e são caçados pela agente francesa de controle de animais Capitão Chantel DuBois, uma farejadora perigosa que não vai sossegar enquanto não prender Alex e ser recompensada com um souvenir. Na fuga o bando acaba se juntando a um circo decadente, em turnê pela Europa, e vê o sonho de voltar para os EUA cada dia mais distante.


Madagascar 3: Os Procurados (Madagascar 3: Europe’s Most Wanted, EUA, 2012), dirigido por Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon, não é exatamente a continuidade do filme anterior, já que toda a nova fauna que havia nele, incluindo os pais de Alex, simplesmente desapareceu da história sem deixar rastro. Os roteiristas Darnell e Noah Baumbach deletaram tudo e sem explicação. Até mesmo o prólogo sugere um novo (re)começo com muitas esquetes. É gag atrás de gag e muita correria, muita cor e muita diversão para a garotada que conseguir acompanhar o ritmo acelerado da animação. Os adultos também vão se divertir um bocado com cenas antológicas como a dos chimpanzés disfarçados de Luiz XIV, o King of Versailles, e da hilária intepretação da Capitão DuBois para a clássica Non, je ne Regrette Rien, de Edith Piaf.


O roteiro de Madagascar 3 é simplório, mas funciona, já que se pretende mais à diversão do que à lição de moral, altruísmo e coisas do gênero.  No entanto é possível encontrar entre uma piada ou sequência de ação (ao gosto norte-americano), mensagens de superação, de autoconfiança, de amizade, que acabam ganhando força e resultam num deslumbrante espetáculo circense, daqueles de fazer cair o queixo da trupe do Cirque du Soleil. Vale destacar o acerto na criação de pelo menos quatro novos e adoráveis personagens: a psicótica e determinada Capitão DuBois; o talentoso tigre Vitaly, líder da trupe do Circo Zaragosa, que anda com baixa autoestima; a grandalhona e melancólica ursa Sônia que, mesmo sem “dizer” uma palavra, cativa o público, ao ser assediada pelo falastrão incorrigível Rei Julien (lêmure); e o inocente leão-marinho Stefano que emociona com a sua lealdade.

O desenho dos personagens, dos elementos de cena, das cidades (Roma é uma delícia), continua impressionante. A dublada versão em 3D é bacana, mas peca ao não legendar as músicas (extensão dos diálogos). O que não é nenhuma novidade, uma vez que no Brasil raramente a trilha sonora é legendada. Nem mesmo a música-tema tem esse privilégio. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Crítica: Para Sempre



Todo mundo sabe que Hollywood adora levar para as telas dramáticas histórias baseadas em fatos reais. Ela não desiste, mesmo com resultados pouco animadores. Ultimamente, talvez para parecer menos comprometida com as fontes, no tom das adaptações ou das versões, o “baseado” virou “inspirado”. O que não faz diferença para o (influenciável) público-fã de “histórias verídicas” que nunca sabe dizer se gostou do filme, por ser baseado em fatos reais, e ou se não gostou, por achar que a vida real não é assim tão cheia de clichês. No entanto, por mais que alguém negue, o mundo humano é abarrotado de clichês, de pieguices, de breguices, principalmente na intimidade do lar e ou, no mínimo, quando fulanos e beltranos se amam ou se odeiam. O problema do clichê (no cinema e outras artes) é o mau uso..., o abuso da fórmula pronta para manipular emoções de “frágeis” espectadores. Daí todos os incômodos.

O livro The Vow (O Voto) que no Brasil, assim como no cinema, recebeu o romântico e apelativo título Para Sempre, em vez de A Promessa (por exemplo), que tem mais a ver com a trama, caiu no gosto das leitoras brasileiras, mas tem dividido opiniões. Eu o conheço apenas das resenhas postadas na web. E pelo que li, a curiosa história do casal Kim e Krickitt Carpenter tem decepcionado leitoras (e alguns leitores) que esperavam algo no estilo Nicholas Sparks e menos a vida como ela é ou pode vir a ser, já que o livro é mais biográfico que romântico.


Para Sempre (The Vow, 2012), melodrama dirigido pelo estreante Michael Sucsy, é inspirado no dramático episódio da vida do casal Kim e Krickitt Carpenter, ambos vitimas de um grave acidente de trânsito, onde ele se feriu sem gravidade e ela, ao se recuperar do coma, não se lembrava do marido. Na versão cinematográfica (excetuando a sequência do acidente) a história ganha leveza e o real vira ficção: o produtor musical Leo (Channing Tatum) e a artista plástica Paige (Rachel McAdams), vivem um drama parecido, onde o rapaz fará de tudo para ajudar a mulher amada a recuperar as memórias que “guardam” os melhores momentos de uma vida feliz e em comum.

Ao ler a sinopse e ou assistir ao filme, com certeza um cinéfilo se lembrará de uma meia dúzia de outros com a mesma temática, em produções de maior ou menor apelo comercial e emocional.  O tema tem a sua boa dose de clichê que funciona tanto em filme “A” quanto “B”. Se bem que, não importa quantas vezes a mesma história é contada, mas em como ela é contada. É como uma velha piada, um bom humorista fará o público rir as trocentas vezes em que a (re)contar.


O que faz de Para Sempre uma adaptação interessante é o comedimento da narrativa. O diretor não tem pressa em contar a história de amor e de estranheza de um casal separado por uma falha da memória. Pode parecer timidez e ou mesmo falta de ousadia de Sucsy, mas, ao final, se verá que a sua opção pela simplicidade (ou vá lá: lugar comum) ao falar das facetas do amor (na saúde e na doença) é o mais acertado. Em vez de correr riscos, ser mais original, mudar o rumo da história (como até ensaiou!), já que é uma obra inspirada e sem compromisso com a verdade, preferiu a segurança do (inspirador?) desfecho real.

Para Sempre não chega a ser uma comédia, já que o seu motivo (romântico) responde melhor ao drama (de superação) do que ao humor, mas tem uma ou outra gracinha. A frieza da narrativa (às vezes excessiva) busca um olhar cinematográfico que (falsamente) o distancia tanto da literatura quanto do grande público emotivo. Por isso, é provável que o público chegado a uma dorzinha alheia não encontre no “sofrimento dos personagens” a empatia esperada (como parece não ter encontrado também no livro). O que não deixa de ser saudável, já que propicia uma análise imparcial do filme (e da história). Vale lembrar que este (falso) distanciamento que lhe dá um ar mais cool, tem nada a ver com a ótima performance (e química) de Tatum e McAdams. A princípio parece mais uma busca de estilo de Michael Sucsy, que procura evitar o sentimentalismo barato, indo direto ao que interessa..., mas sem atropelar as sutilezas do (por exemplo) adorável Mnemonic Café. Quer saber o que significa mnemônico? Vá ao Google.


A qualidade de um filme nem sempre é medida pelo grau de prazer e ou de dor que provoca no espectador. Para Sempre, dependendo da leitura, pode ser mais ou menos que uma sessão da tarde. A produção é bem cuidada e a excelência dos atores (incluindo coadjuvantes de luxo: Sam Neill e Jessica Lange) dá um sabor de veracidade ao drama leve, pulverizando clichês. Porém, só o fato de passar ao largo das baixarias que fazem parte do cardápio das novas produções estadunidenses, já é um convite para uma olhadinha descompromissada.

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