sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Crítica: O Gato de Botas



O ano de 2011, que já presenteou os fãs de animação com os excelentes: Operação Presente, Rio, Kung Fu Panda 2, Rango, Carros 2 e (por que não?) Os Muppets, vai chegando ao fim com a estreia de mais uma imperdível produção: O Gato de Botas.

Saído diretamente das páginas do livro Histórias ou Contos do Tempo Passado com Moralidades (1697), conhecido também como Contos da Velha ou Contos da Mamãe Gansa, de Charles Perrault (1628 - 1703), para o paródico e (claro!) irônico mundo de Shrek, o sedutor bichano de olhos pidões merecidamente retomou as rédeas de sua própria história, mesmo que o enredo seja outro. Com todo charme e safadeza ele volta às telas para viver uma aventura que tem nada a ver com a narrativa clássica de Perrault, mas é tão cheia de ação e fantasia quanto.


O roteirista Tom Wheeler, com base no argumento criado por ele, Brian Lynch e Will Davies, escreveu uma nova origem para O Gato de Botas (voz: Antonio Banderas) que, ainda na infância, trava profunda amizade com o problemático e vingativo Humpty Alexandre Dumpty (voz: Zach Galifianakis), o temperamental cara de ovo (de Aventuras de Alice no país das maravilhas & Através do espelho e o que Alice encontrou por lá), e já adulto conhece a bela e maliciosa Kitty Pata-Leve (voz: Salma Hayek), a maior ladra de toda a Velha Espanha. Juntos, este improvável e ambicioso trio de foras-da-lei vai enfrentar o temido casal de bandidos Jack (voz: Billy Bob Thornton) e Jill (voz: Amy Sedaris), para roubar os três grãos de feijão mágicos, que já pertenceram ao paupérrimo João, que terá um engraçadíssimo encontro com o Gato, numa prisão, ambos vítimas de um embaraçoso equívoco. O propósito do roubo dos feijões mágicos é até nobre: resgatar a honra perdida..., desde que consigam provar que os fins (realmente) justificam os meios.


O Gato de Botas (Puss in Boots, EUA, 2011), dirigido por Chris Miller, se passa antes do Gato conhecer Shrek e o Burro Falante, lá no Reino de Tão Tão Distante.  Como os autores não perdem nem a piada e nem a paródia, o espectador vai se divertir com a Gansa dos Ovos de Ouro, o temeroso Pé de Feijão cruzando vertiginosamente o espaço, no melhor estilo Avatar, e as referências ao Zorro (estrelado pelo Banderas) e à erva-do-gato, entre outras. Ah, e também se deslumbrar com os gatos instrumentistas, numa toca muito especial, e com a espetacular cenografia.


A engraçada animação ganha em agilidade, ao dividir a trama entre os três ótimos protagonistas, sem esquecer o pavoroso e hilário casal marginal e seus javalis, que chegam a roubar (Ôps!) a cena. É evidente que o bom ritmo, o tempo de cada um em cena e o entrelaçamento de todos, só é possível porque os novos personagens (heróis e bandidos) são cativantes, tanto no traço quanto na biografia. Assim fica fácil trabalhar uma narrativa inventiva repleta de humor, romance e aventura e (ainda) sutilmente falar de amizade, honestidade, família, honra, sem incomodar jovens e adultos. É redundância, mas, tecnicamente o filme (também) é irretocável, como as produções citadas acima. Quanto ao 3D (vi no IMAX), parece que somente as animações vêm acertando e apurando a tecnologia, salvo algum tremelique nas legendas, que não chega a incomodar.

7 comentários:

  1. Pois é, Joba, acabou que eu vi mesmo foi O Gato... e que filmaço! Romântico no melhor sentido: ao mesmo tempo rebelde e idealista. Achei literalmente perfeito, na produção, no roteiro e até na moral - e olha que eu tenho andado bastante moralista, ultimamente. Mas confesso que não entendi uma coisa: aquele passarinho amarelo que aparece no final, o que é aquilo? Tem algo a ver com o Ovo? Bem estranho...
    Seja como for, esse sim, foi um Programa Família que valeu a pena. Te devo essa, porque foi seu texto que me convenceu a ir.
    Abraços cinéfilos!

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    1. Olá, Ravel.
      Ainda bem que gostou
      e melhor, se divertiu!

      Acho que o "passarinho" amarelo
      é filhote da Gansa.

      Abs.

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  2. Quero dizer, há essa coisa, que me incomoda, da felicidade comprada a ouro. Mas isso não é o bastante para redimir o Gato (aliás inocente), então não pesa tanto. Sem falar na aparição soberba da mãe gansa, as pessoas fugindo com seus ovos de ouro...

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    1. Siroba, um amigo meu lá de Brasília,grande cartunista,
      excelente artista plástico e arquiteto,
      tem uma leitura muito particular da história
      do João e o Pé de Feijão que, para ele,
      era um jovem ladrão que roubou, matou
      e acabou se dando bem na vida.

      Hora dessas digito o (re)conto dele
      e (re)publico em um dos meus blogs.

      Abs.

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  3. Pois é, contos de fadas são sempre meio sinistros. Aliás, adoro Os Irmãos Grimm de Terry Gilliam. Publique sim, o conto. Abraço!

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    1. Os Irmãos Grimm de Terry Gilliam
      é bem bacana.
      Bem, sou suspeito, gosto de tudo de Terry.

      Abs.

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