terça-feira, 19 de julho de 2011

Crítica: Assalto ao Banco Central



Em agosto de 2005, uma quadrilha de ladrões assaltou o Banco Central do Brasil, em Fortaleza (CE), e levou R$ 164,8 milhões de reais, em notas de R$ 50,00. O que mais chamou a atenção foi a ousadia da empreitada criminosa. Para chegar ao cofre os bandidos alugaram uma casa a 80 metros do banco, cavaram um túnel, com um planejamento impressionante (coisa de crime organizado!), entraram e roubaram, saíram e sumiram..., ou quase. Acredita-se que todo o bando tenha sido preso. Pouco mais de 12% (cerca de 20 milhões) foram recuperados. Ainda hoje há muito disse-me-disse sobre o assunto. Persistem dúvidas sobre os mandantes e executores do crime e se essa dinheirama (que teria sido aplicada em imóveis) será recuperada algum dia. Muita gente ainda duvida que seja coisa de brasileiro.


Seis anos depois estreia nos cinemas Assalto ao Banco Central, uma versão fictícia do evento que deixou o país de queixo caído. Apesar de inspirado em fatos reais, o filme dirigido por Marcos Paulo, com argumento de Antonia Fontenelle e roteiro Renê Belmonte, é assim, digamos, uma versão meio light do que teria acontecido antes, durante e depois do inacreditável assalto. Portanto, não há que se esperar por revelações bombásticas ou veracidade dos fatos.

Assalto ao Banco Central se apresenta meio fantasioso e duplamente linear, por conta da (curiosa) edição. Supondo que o espectador conheça o feito, apresenta ao mesmo tempo o planejamento e a ação dos bandidos e a investigação da polícia após o fato consumado. As narrativas correm simultâneas (indo e vindo) até as duas pontas se encontrarem e culminar num final pra lá de clichê. Com elenco e direção de funcionários da Rede XXXXX, a narrativa, que transita pela aventura, romance (com direito a duas cenas semelhantes de sexo), ação, policial (com direito a cenas de violência), não empolga. O filme é longo demais, se arrasta, tenta decolar, mas voa baixo o tempo todo, embalado por uma “trilha” horrorosa e alguns tropeços técnicos.


A culpa da coisa morna não está no até esforçado elenco: Eriberto Leão (Mineiro), Hermila Guedes (Carla), Milhem Cortaz (Barão), Giulia Gam (Telma), Lima Duarte (Chico Amorim) e ou na caricatura de alguns personagens (principalmente os gays), mas na condução da história cheia de cacos equivocados e embaçados. Se por um lado há o destaque da boa direção de arte, por outro há o senão dos diálogos improváveis. Chega a ser engraçada (apesar de involuntária) a conversa entre os policiais (Telma e Chico Amorim). Na verdade é difícil acreditar na dupla policial (Giulia Gam e Lima Duarte) que parece ter caído de paraquedas no meio da produção.

Muito do que se ouviu falar sobre o assalto está meio que diluído ou exagerado no filme que, para variar, tem mais cara de especial de TV do que de cinema. Tudo bem que não tem ritmo, provoca sono e não convence, mas (ficção por ficção) podia ao menos divertir, como a uma das joias do gênero: Trapaceiros (Small Time Crooks, 2000), do sempre genial Woody Allen. Por falar nessa deliciosa comédia, não é de todo impossível que tenha servido de inspiração para os assaltantes tupiniquins.

4 comentários:

  1. Olá Joba,

    Tudo bem?

    Encontrei seu blog hoje e adorei suas críticas, muito bem escritas.

    Sou editor do site CinePOP.com.br.

    Gostaria de convidá-lo a colaborar no portal.

    Abraços.

    renato@cinepop.com.br

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  2. Olá, Renato.
    Obrigado pela visita e convite.

    Vou entrar em contato.

    Abs.

    T+
    Joba

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  3. Acho que nem vale muito a pena perder tempo com este filme. É mais uma boa história real sendo desperdiçada.

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  4. Olá, Antunes.
    Um dia a retomada entra nos trilhos,
    pra valer.

    Abs.

    T+
    Joba

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