quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Crítica: Burlesque


por Joba Tridente

Burlesque é um musical para quem gosta do gênero, mas não é muito exigente, ou para fãs de Cher e Christina Aguilera. Ele tem cara e clima de filme velho, por causa do estilo musical e da história “ingênua”, que era até divertido (apesar de recorrente) nos primórdios dos musicais hollywoodianos, mas que, hoje, soa apenas risível.

Burlesque (Burlesque, EUA, 2010), dirigido por Steve Antin, não é lá muito original, mas mostra energia e competência nos números musicais, que é o que segura o filme e entretém a plateia. O roteiro, que a princípio parece tolo (mas não de todo improvável em outro contexto) fala de Ali (Christina Aguilera), uma garçonete que sonha fazer carreira como cantora. Um dia ela se cansa da sua vidinha, lá no Iowa, e se muda para Los Angeles, indo parar no cabaré The Burlesque Lounge, de Tess (Cher). Uma casa que apresenta números musicais com alguma picardia.

Excetuando a coreografia da banana (a mais levadinha) e a graciosa “homenagem emplumada” à dançarina burlesca e atriz Sally Rand (1904 - 1979), não há muito com que se preocupar com a pretensa “libertinagem” do lugar. Algumas das canções são conhecidas e há pelo menos um grande momento: Cher cantando a bonita balada You Haven't Seen the Last of Me, de Diane Warren. Os números musicais, na verdade, servem como uma ilustração do bar, estão mais para um apêndice do que parte integrante do roteiro, cujo foco se divide na busca de estrelato de Ali e na manutenção da casa de show de Tess. Também é praticamente impossível não compará-los (em plasticidade) com os números musicais de Moulin Rouge - Amor em Vermelho (2001), de Baz Luhrmann, e de Chicago (2002), de Rob Marshall. E, antes que me esqueça, é bem superior a Nine (2009), também de Marshall.


Observando esses Contos Encantados de Hollywood, em sua maioria protagonizados por garotas fascinadas por uma vida glamourosa, a ótica é sempre a da Borralheira. Ou seja, parece que garçonete é a profissão ideal e comum a todas as candidatas ao estrelado no show business. Elas dão em penca nas lanchonetes, fora e dentro dos filmes hollywoodianos, sempre esperando que um diretor famoso (do teatro ou do cinema), ou seu olheiro, apareça pra fazer um boquinha e as (re)colham do anonimato. Mas não é apenas em Los Angeles ou Nova York, nos EUA, que as jovens apostam no sucesso, aqui no Brasil também se encontra muita gente correndo atrás da fama a qualquer preço (mesmo). Tem até uma série brasileira, na TV XXXXX, sobre isso.

Burlesque é um filme para se ver e se entreter por umas duas horas e depois, possivelmente, esquecer. A narrativa carece de graça, de força dramática, de romance tórrido e de humor. A boa direção dos clipes musicais destoa no resto da “trama”. A atuação do elenco (que inclui: Stanley Tucci, Eric Dane, Peter Gallagher, Kristen Bell e Cam Gigandet) não empolga muito, por conta do insosso roteiro e dos personagens mal resolvidos. É estranho ver bons atores agindo feito barata tonta, sem saber o que estão fazendo na fita. Se a produção (com destaques para a fotografia e direção de arte) não apostasse tanto no clichê de velhos musicais, na facilidade (felicidade?) do “romântico” lugar comum, este seria um musical mais empolgante.

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