segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Crítica: SENNA


Ele deu um suspiro e relaxou. Eu não sou um homem de Fé, mas acredito que foi o momento em que a sua alma deixou o corpo!Professor Sid Watkins, grande amigo de Ayrton Senna e ex-médico da F1.

SENNA é um documentário singular. Mais que breve biografia de um dos maiores pilotos de Fórmula 1, é um Raio X da própria Fórmula 1. Mostra um Ayrton Senna pouco ou nunca visto em atividade e em família. Um Ayrton simples, tímido, brigão, familiar, amoroso, profissional e altamente determinado a vencer, porque acreditava no seu potencial. Um homem de Fé inabalável. Prost temia tanta religiosidade.


SENNA é uma fantástica e original colagem de registros em vídeos domésticos e profissionais e de entrevistas à imprensa, do começo ao fim da carreira do grande ídolo brasileiro. Há o que é e foi dito na hora..., naquele tempo, provocando saudade, riso ou raiva. Há ânimos exaltados que lá (atrás) ficaram, e ainda coçam a orelha. Há momentos de “heroísmo” e de “vilania”. Há entrevistas divertidas, sérias, polêmicas, momentos de intimidade e de Fé, num documentário para se ver, ouvir e concluir.


O diretor Asif Kapadia, fez um filme para que cada espectador e fã de Ayrton Senna, em todo o mundo, (re)conheça verdadeiramente o piloto que marcou definitivamente a Fórmula 1. Nele encontramos um Senna em contraste e confronto com o “choramingas” Alain Prost e com o senhor de todos os poderes automobilísticos: Jean-Marie Balestre. Vimos como o prazer de correr, do garoto do kart, aos poucos vai se tornando frustrante, diante da corrupção (politicagem, grana alta, benevolência) que se desenha naquele grande circo. Aprendemos que jogo de cintura não ganha corrida, mas ser conterrâneo pode fazer enorme diferença.


Baseado no excelente roteiro de Manish Pandey, o documentário, narrado em inglês e português, tem uma dinâmica própria, na medida. A voz brasileira não poderia ter tido melhor escolha: Reginaldo Leme, àquela odiosa do pé-frio da TV XXXXX. Mas, escorrega na trilha sonora de Antônio Pinto, com uma música intrusa, grandiloquente, mórbida, trágica e desnecessariamente emotiva, sobrepondo-se à própria emoção impregnada em todo o filme. Em uma obra dessa natureza, que se busca a linguagem perfeita, e a encontra, quando as imagens falam por si e ressaltam a emoção à flor da pele, é preciso cuidar para que o açúcar esfarelado não desande a calda. Poucas vezes uma música me pareceu tão descartável e desnecessária!

De repente, percebi que não estava mais dirigindo o carro conscientemente. Eu estava em uma dimensão diferente. Era como se estivesse em um túnel... Eu estava muito além do limite, mas conseguia ir além.Ayrton Senna

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...