quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crítica: Cyrus


Cyrus
um filme raro

Quem gosta de um bom drama psicológico, com pitadas de suspense e algum humor, não pode perder o excelente Cyrus (Cyrus, EUA, 2010), filme produzido pelos irmãos Scott (Ridley e Tony) e dirigido pelos criativos irmãos Jay Duplass e Mark Duplass.

Cyrus é um típico cinema independente que nunca se espera que chegue ao Brasil (assim como não chegaram os curiosos – e bem cotados - filmes anteriores dos Duplass: The Puffy Chair, que mostra a saga de um filho tentando levar uma poltrona de presente para o pai, e Baghead, sobre um grupo de atores perseguido por uma pessoa usando um saco de papel na cabeça), acostumados que estamos com o lixo que Hollywood nos (ab)arrota. Ôps! Será que algo está mudando no mundo do entretenimento americano, que agora começa a descobrir que há muito mais inteligência nos econômicos realizadores independentes do que imaginava existir nos esbanjadores realizadores “explode quarteirões, cidades, planetas”? Ou será que tudo não passa de mais uma jogada moneytária?


Voltando ao que interessa, Cyrus tem uma trama interessante e um roteiro muito bem elaborado. Ele fala da difícil arte de amar, da dependência e da dificuldade em “libertar” um ex-amor ou partilhar um novo amor, quando não se tem autoestima. O solitário John (John C. Reilly) é um editor que vive “separado” da ex-mulher Jamie (Catherine Keener), que também é a sua melhor amiga. Quando ela lhe informa que vai se casar novamente, ele entra em parafuso, perde totalmente o chão. Em uma festa, que vai a contragosto, conhece Molly (Marisa Tomei). A sintonia entre os dois é perfeita ou deveria ser, não fosse a onipresença do adorável filho dela: Cyrus (Jonah Hill), de 21 anos.


O cativante (e estranho) embate entre John e Cyrus (pelo amor de Molly) provoca as mais diversas emoções e expectativas. Longe dos clichês habituais, é praticamente impossível ao espectador (a não ser que algum chato lhe conte!) conhecer a verdadeira personalidade de Cyrus, com a sua cara e jeito de bebezão carente, antes do final. O trabalho de direção é formidável e ganha maior visibilidade porque os Duplass só trabalham com atores que saibam e gostem de improvisar, dando mais veracidade aos diálogos. Outra curiosidade é o fato deles gravarem tudo em ordem cronológica, o que facilita o trabalho do ator na construção e evolução do seu personagem.


Cyrus é um filme que se vê com muito interesse e, como toda produção independente, tem lá as suas estranhezas, como, por exemplo, o movimento de câmera e enquadramento. A força dos diálogos, na narrativa simples, faz tudo parecer (e não é?) casual. Não há tipos caricatos, efeitos especiais e muito menos piadas escatológicas. Não há tiroteios, perseguição de carros, pancadaria. Há apenas uma bela e deliciosa história vivida por atores que acreditam nela. Em Cyrus tudo é discreto, até a trilha sonora. Ou, na medida dos custos que enriquecem a criatividade. Não é uma comédia hilária, como promete o cartaz, mas tem lá a sua graça. Enfim, um filme original que não subestima a inteligência do público que adora cinema. E precisa mais?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Crítica: SENNA


Ele deu um suspiro e relaxou. Eu não sou um homem de Fé, mas acredito que foi o momento em que a sua alma deixou o corpo!Professor Sid Watkins, grande amigo de Ayrton Senna e ex-médico da F1.

SENNA é um documentário singular. Mais que breve biografia de um dos maiores pilotos de Fórmula 1, é um Raio X da própria Fórmula 1. Mostra um Ayrton Senna pouco ou nunca visto em atividade e em família. Um Ayrton simples, tímido, brigão, familiar, amoroso, profissional e altamente determinado a vencer, porque acreditava no seu potencial. Um homem de Fé inabalável. Prost temia tanta religiosidade.


SENNA é uma fantástica e original colagem de registros em vídeos domésticos e profissionais e de entrevistas à imprensa, do começo ao fim da carreira do grande ídolo brasileiro. Há o que é e foi dito na hora..., naquele tempo, provocando saudade, riso ou raiva. Há ânimos exaltados que lá (atrás) ficaram, e ainda coçam a orelha. Há momentos de “heroísmo” e de “vilania”. Há entrevistas divertidas, sérias, polêmicas, momentos de intimidade e de Fé, num documentário para se ver, ouvir e concluir.


O diretor Asif Kapadia, fez um filme para que cada espectador e fã de Ayrton Senna, em todo o mundo, (re)conheça verdadeiramente o piloto que marcou definitivamente a Fórmula 1. Nele encontramos um Senna em contraste e confronto com o “choramingas” Alain Prost e com o senhor de todos os poderes automobilísticos: Jean-Marie Balestre. Vimos como o prazer de correr, do garoto do kart, aos poucos vai se tornando frustrante, diante da corrupção (politicagem, grana alta, benevolência) que se desenha naquele grande circo. Aprendemos que jogo de cintura não ganha corrida, mas ser conterrâneo pode fazer enorme diferença.


Baseado no excelente roteiro de Manish Pandey, o documentário, narrado em inglês e português, tem uma dinâmica própria, na medida. A voz brasileira não poderia ter tido melhor escolha: Reginaldo Leme, àquela odiosa do pé-frio da TV XXXXX. Mas, escorrega na trilha sonora de Antônio Pinto, com uma música intrusa, grandiloquente, mórbida, trágica e desnecessariamente emotiva, sobrepondo-se à própria emoção impregnada em todo o filme. Em uma obra dessa natureza, que se busca a linguagem perfeita, e a encontra, quando as imagens falam por si e ressaltam a emoção à flor da pele, é preciso cuidar para que o açúcar esfarelado não desande a calda. Poucas vezes uma música me pareceu tão descartável e desnecessária!

De repente, percebi que não estava mais dirigindo o carro conscientemente. Eu estava em uma dimensão diferente. Era como se estivesse em um túnel... Eu estava muito além do limite, mas conseguia ir além.Ayrton Senna

sábado, 13 de novembro de 2010

Cinema: 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos


Vlado - 30 Anos Depois

5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos
na América do Sul

A Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1174 - Centro - 41-3321-3252) apresenta, no período de 17 a 23 de Novembro de 2010, a 5ªº Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul (o formato de exibição dos filmes é DVCAM). A mostra tem entrada franca e todos os filmes possuem acessibilidade para deficientes auditivos, com close caption. Excepcionalmente no dia 22 de Novembro, às 14h00, haverá uma sessão especial para deficientes visuais com audiodescrição. O Catálogo completo (em PDF) com textos e sinopses de toda programação pode ser acessada em 5ª Mostra. O Catálogo (em PDF) apenas com a programação em Curitiba pode ser acessado em 5ª Mostra Curitiba. Abaixo um texto do Ministro Paulo Vannuchi, transcrito do catálogo.

Meu Companheiro

Direitos Humanos nas luzes do cinema

Em 2010, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul completa cinco anos. Criada em 2006 para celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Mostra vem se firmando como um espaço de reflexão, inspiração e promoção do respeito à dignidade intrínseca da pessoa humana.

O Brasil tem buscado fortalecer a educação e a cultura em Direitos Humanos, visando à formação de uma nova mentalidade para o exercício da solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância. Como expressão artística, o cinema possui uma linguagem própria, capaz de tocar pessoas, despertar sentimentos, sensibilizar olhares e construir identidades comuns. Desta forma, a arte permite conhecer e interagir.

Inicialmente exibida em quatro cidades, a Mostra veio crescendo a cada ano. Esta quinta edição estará presente em 20 capitais brasileiras, percorrendo as cinco regiões do Brasil. No ano passado, registrou um público superior a 20 mil pessoas, em 16 cidades. A estimativa para este ano é que este número seja duplicado, pelo aumento no número de cidades participantes e pelo reconhecimento que o evento já conquistou.

Carnaval dos Deuses

Como nos anos anteriores, a programação contempla a pluralidade de temas que compõem o mosaico dos Direitos Humanos: valorização da pessoa idosa, inclusão das pessoas com deficiência, garantia dos direitos da criança e do adolescente, população de rua, saúde mental, igualdade de gênero, diversidade sexual, preconceito racial, liberdade religiosa, acesso a terra, direito ao trabalho decente, inclusão social, direito à memória e à verdade, e muitos outros.

Para esta edição, a partir de uma chamada pública amplamente divulgada e de cuidadosa pesquisa junto a produtores sul-americanos, foram selecionados 41 filmes. Curador da Mostra desde 2008, Francisco Cesar Filho, conhecido por todos no cinema brasileiro como Chiquinho, separou as obras participantes em três seções – Contemporâneos, Retrospectiva Histórica e Homenagem.

Mundo Alas

Na seção Contemporâneos, que reúne produções recentes, Mundo Alas (2009), de León Gieco, Fernando Molnar e Sebastián Schindel, é um road movie que conta a história de uma banda de artistas com necessidades especiais numa turnê pela Argentina. Ao longo dos ensaios, shows e entre uma parada e outra, os músicos, bailarinos e pintores da banda se comunicam e expressam suas visões de mundo sob diferentes formas. Sensível e ao mesmo tempo engraçado, o filme apresenta um universo em que a superação das limitações e a integração entre pessoas se mostram possíveis, e a igualdade na diferença torna-se realidade.

Perdão, Mister Fiel

Essa seção contempla ainda o documentário Perdão, Mister Fiel, de Jorge Oliveira (2009). A partir do relato da história de Manoel Fiel Filho, trabalhador metalúrgico que foi torturado e morto, em 1976, durante a ditadura no Brasil, esse longa-metragem retrata as violações aos Direitos Humanos ocorridas durante os regimes ditatoriais na América do Sul nos anos 1960 e 70.

A Batalha do Chile

Sob o olhar de diversos produtores sul-americanos, a Retrospectiva Histórica também aborda o passado ditatorial vivido pela maioria dos países da região. O registro do passado por intermédio da narrativa cinematográfica permite resgatar a memória daquele período, com o objetivo de evitar que ele torne a se repetir. Considerado um dos melhores e mais completos documentários latino-americanos, A Batalha do Chile (1975) é o resultado de seis anos de trabalho do cineasta Patricio Guzmán. Dividido em três partes (“A insurreição da burguesia”, “O golpe militar” e “O poder popular”), o filme enfoca um período turbulento da história chilena: desde os esforços do presidente Salvador Allende para implantar um regime socialista com democracia, até o golpe de Estado que, em 1973, instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet.

O Filho da Noiva

Na seção Homenagem, a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul presta tributo ao ator argentino Ricardo Darín, cujo trabalho é bastante reconhecido no cinema mundial, e especialmente no Brasil, com filmes em que a temática dos Direitos Humanos está sempre presente. Dentre os escolhidos para representar sua carreira, destaca-se O Filho da Noiva, que aborda o envelhecimento, as chamadas instituições de longa permanência e as relações intergeracionais. No filme, o personagem principal, vivido por Darín, sofre um enfarto e, a partir daí, reconstrói a visão que tem de sua vida e do relacionamento com seus pais.

A 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira, patrocínio da Petrobras e apoio do SESC-SP, da TV Brasil e do Ministério das Relações Exteriores. Com todas as sessões gratuitas, sempre em salas acessíveis para pessoas com deficiência, a Mostra é um convite ao olhar e à sensibilidade cinematográficos, que traduzem temas atuais de Direitos Humanos e despertam a reflexão e a construção de identidades na diversidade.

Prevista no eixo Educação e Cultura em Direitos Humanos do Programa Nacional de Direitos Humanos/PNDH-3, que foi apresentado pelo presidente Lula em 2009, a realização da Mostra possibilita que o cinema seja reconhecido como importante instrumento para o debate, a promoção e o respeito aos direitos fundamentais. Em sua quinta edição, a Mostra já pode ser vista como um marco consolidado no calendário anual dos Direitos Humanos em nosso País. Ela está destinada a prosseguir e se ampliar sempre mais nos próximos anos.

Participe você também desta edição comemorativa!

Paulo Vannuchi
Ministro de Estado-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vídeo: Direitos Humanos em Mostra Online


69 Praça da Luz
Mostra Online Entretodos
comemora o Dia dos Direitos Humanos

A Elo Company realiza, a partir de 16 de novembro de 2010, a Mostra Online Entretodos, no canal Elo Comunidade . A Mostra pretende aflorar o olhar crítico e construtivo da sociedade, difundindo os Direitos Humanos por meio da produção audiovisual independente.

Questões de gênero, sustentabilidade, cidadania, etnias e outros temas serão abordados nas mais de 40 obras (selecionados entre as três edições do festival) que serão exibidas até o dia 10 de dezembro. Produções premiadas, como Boa Noite Fátima (2008) e 69 Praça da Luz (2007) fazem parte da programação oficial.

O público poderá votar em seus vídeos favoritos durante toda a mostra, por meio das redes sociais da Elo Company (Twitter – www.twitter.com/@elochannels e Facebook - Página Elo Channels). Os filmes mais votados serão premiados com uma máquina fotográfica digital e o livro Direitos Humanos no Cotidiano, organizado pelo Ministério da Justiça, Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Unesco e Universidade de São Paulo.

O Entretodos é um festival realizado pela Comissão Municipal de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo e pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Seu foco é divulgar e promover obras audiovisuais que abordem questões atuais com uma linguagem livre e criativa, propondo ações sociais capazes de mover o cenário de verdadeiros Direitos Humanos

A parceria com o festival Entretodos é uma das ramificações do trabalho nas áreas social e de sustentabilidade desenvolvidos pela Elo Company. A empresa estimula e promove produções cinematográficas independentes que abordam temáticas focadas em fomentar a discussão e a conscientização da sociedade por meio do audiovisual.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crítica: Muita Calma Nessa Hora


Muita Calma Nessa Hora

Quem achou ruim o filme brasileiro A Suprema Felicidade, de Arnaldo Jabor, é porque ainda não viu o que está chegando por aí: Muita Calma Nessa Hora.

Realmente é preciso muita calma pra assistir a essa “comédia” juvenilesca “dirigida” por Felipe Joffily, baseada no “roteiro” de Bruno Mazzeo, João Avelino, Rosana Ferrão, com a colaboração Fabiana Egrejas. O “filme” é algo na medida pra quem tem certeza de que seus Tico e Teco estão aposentados e não serão incomodados (ou eletrocutados) na tentativa de “traduzir” as “piadas”. Também porque elas não têm a menor graça. A história? Bem, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianni Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza) são três amigas, com problemas amorosos e profissionais, que decidem passar uns dias em Búzios, no Rio de Janeiro, regados a maconha (oh!), álcool (oh!) e sexo (oh!). É tão “moderna” essa velharia que até inclui uma hipponga, Estrella (Débora Lamm), e sua samambaia, que se “comunica” (a hippie) usando letras de música. Parece uma versão piorada (se é que é possível) daquelas comediazinhas americanas que reúne em uma praia um monte de gente bonita e sarada pra curtir a vida adoidado, como se não houvesse amanhã. Não falta nem os clichês escatológicos americanos.

Nessa “novelinha” adolescente (sem noção), bem ao gosto da TV XXXXX, de onde saiu para a “praia” quase todo o chato elenco canastrão, há também a presença de “humoristas” (que se acham a cereja do bolo) de “formação” MTioV, digo, MTV e ex-canal musical. Se você pensa que pelo menos a trilha sonora (de André Moraes) pode ser uma prancha de salvação no mar agitado dessa tolice, vai morrer afogado. Ela é um amontoado de “popemozinho”, ao gosto (?) do “público (tiro ao) alvo”. É um clipe atrás do outro, com alguns segundos de uma “música” animadora de cena (ou seria tradutora de sequência?).

Muita Calma Nessa Hora (Brasil, 2010) é uma “comédia” aborrecida (que se espera ansioso pelo fim), uma idiotice feita para aquele “espectador” que tem preguiça mental e só vai ao cinema pra “ver” seus atores e “humoristas” (de TV) preferidos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Cinema: IV Encontro de Cinema Negro


IV Encontro de Cinema Negro - África e Caribe

De 8 a 14 de Novembro de 2010, na cidade do Rio de Janeiro, acontecerá o IV Encontro de Cinema Negro - África e Caribe, com exibição de filmes premiados, lançamentos, debates e seminários. A ampla e diversificada programação está disponível no site.

Sobre o IV Encontro de Cinema Negro, diz Zózimo Bulbul, conforme texto publicado na página do Centro Afro Carioca de Cinema :

Dentro das mudanças políticas deste ano, eu pergunto: Cadê a representação da cultura afro brasileira dentro dos programas políticos? Continua sendo desconhecida. Por isso chegar ao IV Encontro com a sensação de que as nossas metas estão sendo concretizadas está me deixando bem contente, bem mais leve. Ufa! Eu e a minha equipe estamos conseguindo chegar até aqui! Este foi um ano de reconhecimento, as pessoas estão se aproximando mais, demos continuidade a antigas parcerias, como a Fundação Cultural Palmares (Minc), o Ministério de Relações Exteriores, a Secretaria de Promoção de Políticas Pela Igualdade Racial (Seppir), o Governo do Estado do Rio de Janeiro, retomamos o apoio do Governo do Estado da Bahia, e conseguimos novos parceiros, como a Oi, a Eletrobras e a Prefeitura do Rio.

Tudo isso me deixou com mais entusiasmo, e me dá uma força muito grande para continuar buscando recursos a fim de trazer novos cineastas para trocar conhecimentos. Vejo que o meu trabalho está sendo mais respeitado dentro do meu país.

O primeiro Encontro de Cinema Negro foi um susto; o segundo foi difícil; e no terceiro Encontro de Cinema o nosso evento começa a se consolidar, e o resultado desse trabalho é o início de um reconhecimento que reflete neste quarto Encontro. Não é que seja nada fácil, mas acho que estão começando a perceber que é um evento importante e internacional.

No ano anterior, os cineastas internacionais que participaram do III Encontro de Cinema Negro, redigiram uma carta onde foi firmado um compromisso em apoiar a difusão do cinema negro pelo mundo, e todos endossaram esse projeto. Isso também contribuiu para a realização do nosso primeiro trabalho internacional, o filme “Renascimento Africano”, que foi rodado no primeiro semestre de 2010 em Dakar/ Senegal.

Sei que essa expansão requer mais trabalho, a tendência é crescer e estamos nos preparando para isso, buscando novas parcerias e colaborações. A responsabilidade aumenta a cada dia, e o meu trabalho é esse, fazer com que a África seja desmistificada através do nosso olhar.

Cinema: 5 x Favela é exibido na Internet


5 x Favela - Agora por Nós Mesmos
é exibido na Mostra Online Especial da Favela

Tema de reflexão e debate durante toda a história do cinema brasileiro, a favela é o assunto retratado na Mostra Online Especial da Favela, em homenagem ao Dia da Favela (4 de novembro), realizada graças à parceria entre a Central Única das Favelas (CUFA) e a Elo Company.

O longa-metragem 5 x Favela - Agora por Nós Mesmos e vídeos produzidos por moradores de comunidades carentes serão exibidos durante todo o mês de novembro no canal Elo Comunidade. Eles retratam, sob uma nova perspectiva, os conflitos e desafios enfrentados por moradores de comunidades carentes que ganham cada vez mais espaço para expressar de maneira legítima suas provocações e anseios.

Produzido por Cacá Diegues, o filme 5 x Favela – Agora por Nós Mesmos, até então exibido apenas em salas de cinema tradicionais, será veiculado pela primeira vez em uma mostra de cinema online, na WEBTV da Elo Company. O público também poderá assistir a filmes premiados como a ficção BMW Vermelho, o documentário sobre o compositor Luiz Carlos da Vila “O Poeta do Samba” e a animação Meu Barraco é na Favela.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Crítica: Um Parto de Viagem



Um Parto de Viagem

Quando li a sinopse de Um Parto de Viagem (Due Date, EUA, 2010), do diretor Todd Phillips, estrelado por Robert Downey Jr. e Zach Galifianakis, pensei que havia visto este filme em algum momento da minha vida: O arquiteto Peter Highman (Downey), um pai estreante, cuja esposa Sarah (Michele Monaghan) está com 8 meses e 29 dias de gravidez, se apressa a pegar um avião em Atlanta, para chegar a tempo do nascimento do bebê, em Los Angeles. No entanto, as suas melhores intenções vão por água abaixo, quando encontra, por acaso, o aspirante a ator Ethan Tremblay (Galifianakis) e seu inseparável buldogue francês Sonny. As confusões e rixas entre os dois começam na porta do aeroporto, vão para dentro do avião (de onde são expulsos) e continuam na estrada, quando se vêem obrigados a dividir um automóvel, para atravessar o país e chegar a tempo em LA/Hollywood. Enfim, uma história envolvendo dois improváveis companheiros de viagem: um estressado (metido a gente fina) e um mala sem alça (metido a ator esperto), apenas com um destino em comum.


Antes Só do que Mal Acompanhado

Então me lembrei da divertida comédia Antes Só do que Mal Acompanhado (Planes, Trains and Automobiles, EUA, 1987), com Steve Martin e John Candy (1950-1994), dirigido por John Hughes (1950-2009): Neal Page (Martin) é um publicitário que está em Nova York e decide ir de avião à Chicago, para passar o Dia de Ação de Graças com sua família. Ao chegar no aeroporto ele descobre que o vôo está atrasado e, posteriormente, que sua passagem de primeira classe foi transferida por engano para a classe turística. Ao embarcar, finalmente, é obrigado a aturar, ao seu lado, o chato e inconveniente Del Griffith (Candy), um vendedor de alças para cortinas de chuveiro. Como se não bastasse tantos transtornos, por conta de uma nevasca, que impede aterrissagem em Chicago, o avião é obrigado a pousar em uma pequena cidade do Kansas. Por conta dos problemas no tráfego aéreo e ansioso para chegar em casa, acaba dividindo um carro com Griffith, que transforma aquela viagem, pelos EUA, num inferno. Enfim, uma história envolvendo dois improváveis companheiros de viagem: um estressado (metido a gente fina) e um mala sem alça (metido a vendedor esperto), apenas com um destino em comum.


Como se vê, a Hollywood de hoje continua “relendo” ou “reinterpretando” ou “reescrevendo” histórias da Hollywood de anteontem. Nas duas comédias até os atores são meio parecidos fisicamente: Steve Martin/Robert Downey Jr. e John Candy/Zach Galifianakis. O que se pode argumentar (?) a favor de um ou detrimento de outro é que, se em Antes Só do que Mal Acompanhado, John Hughes, propunha uma humor simples e direto, na versão update Um Parto de Viagem, Todd Phillips dá voltas com um humor travestido de transgressor, irreverente, politicamente incorreto, numa new comedy old repleta de novos clichês velhos. Basta um cochilo e lá vêm as mesmas tais “transgressoras” sequências (de novo) em uma (nova) comédia remix americana. É pior do que filme na TV XXXXX, não importa o quanto foi (re)exibido, vai ser sempre “filme inédito!”. Para os “moderninhos” diretores, o suprassumo é colocar em cena um personagem queimando fumo “adoidado” ou... É melhor deixar a “surpresa” sexual (?) para os “fãs” dos atores e diretor. Por falar em transgressão, vale lembrar (aos novatos) que ela está presente na “inocente” obra (teen) de Hughes desde o tempo da National Lampoon Magazine, ganhando vista em alguns de seus melhores filmes e roteiros.


Um Parto de Viagem é uma comédia (?) fraca, de pouca graça (pra quem se cansou de “releitura”) forçada no humor (clichê) quase negro. É bem verdade que o roteiro pobre e batido (de dupla improvável) não ajuda muito. Os atores são ótimos, têm química, e fazem o que podem com seus personagens já desgastados (em todos os gêneros imagináveis) e quando não dão mais conta, entram as cenas de violência gratuita, correrias, perseguição automobilísticas, destruição de carros, tiros a esmo etc. Mesmo assim é enfadonho e previsivelmente bobo. Um drama “cômico” ou “comédia’ dramática, sei lá, que insinua mais do que ousa e decepciona quem busca algo que fuja do lugar comum. O que, em se tratando de cinema norte-americano que chega ao Brasil, é praticamente impossível. No entanto, deve agradar (?) quem nunca viu (?) algo parecido no cinema ou na TV.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vídeo: Café Filosófico no Canal CPFL Cultura


Café Filosófico no Canal CPFL CULTURA
traz vídeos com temas variados sobre filosofia, cinema e sustentabilidade

Grandes nomes do intelecto brasileiro, como Fernão Ramos, Marcelo Tas, Jorge Mautner, Marcelo Gleiser, dentre outros, estão presentes nos novos vídeos exibidos no canal CPFL Cultura, disponibilizado pela Elo Company .

O CPFL Cultura é um canal específico para disponibilizar de forma gratuita e democrática o conteúdo do programa Café Filosófico. Os vídeos reúnem uma série de encontros nos quais são abordados temas contemporâneos, como as relações humanas em face ao mundo virtual, a história da filosofia e sua relação com a psicanálise, a economia do aquecimento global, a eficiência energética, as perspectivas culturais para o século XXI e as imagens das favelas brasileiras na produção audiovisual recorrente.

Ao todo, 45 vídeos distribuídos em seis programas temáticos serão exibidos gradativamente até o mês de janeiro. O canal CPFL Cultura estreou no mês de maio de 2010, com programas que contaram com a participação de importantes pensadores da cultura nacional, como Contardo Calligaris, Demétrio Magnoli e Anna Verônica Mautner.
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