quarta-feira, 28 de julho de 2010

Crítica: SALT


SALT
ou Salt Bond Hunter - Uma Agente Explosiva

Salt (Salt, EUA, 2010) é um filme de ação-clichê e nada mais. A antiquada e mirabolante história (anos 1960/70), no requentado estilo guerra de gelo, digo fria, entre EUA e Rússia (como sempre), tem muito barulho, pancadaria, carros e mais carros indo pelos ares, tiros à queima-roupa, à sapeca-roupa, à longe da roupa, e uma dona que, SOZINHA, salva o mundo (mais uma vez) da “perversidade russa” e (mais uma vez) da sandice do roteirista Kurt Wimmer.

A trama (?) dirigida por Phillip Noyce parece uma releitura biruta de Os Meninos do Brasil (The boys from Brazil, EUA, 1978), de Franklin J. Schaffner, baseado no romance homônimo de Ira Levin, que trazia no elenco gente do naipe de Gregory Peck, Laurence Olivier, James Mason, Lili Palmer. Ah, não se lembra do velho drama? É aquele do clonezinhos de Hitler, criados a partir de células hitlerianas congeladas e óvulos de mulheres semelhantes à mãe dele etc. Em Salt, saem os nazistas e entram os russos com um projeto ainda mais descerebrado, desenvolvido pela mente “brilhante” de um estrategista sociopata que, com certeza, deve ter lido o livro de Levin ou visto o filme de Schaffner. Inventa daqui e copia de lá, é só trocar Joseph Mengele (Gregory Peck) por Orlov (Daniel Olbrychski). A “inocente” experiência científica (no Paraguai e na Rússia) visa: Desenvolvimento da ciência? Lavagem cerebral? Domínio mundial? Enfiar os EUA numa saia justa? Ou leitmotiv pros americanos continuarem cometendo tolices cinematográficas do gênero?



Com alguns furos e muita exigência do Tico e Teco, pra fazer de conta que o óbvio que se desenha no princípio não se concluirá no final, Salt, assim como o recente desastre de ação Encontro Explosivo (Knight and Day, EUA, 2010), com Tom Cruise e Cameron Diaz, dirigido por James Mangold, se destina a quem tem problemas pra entender um enredo verossímil ou minimamente elaborado e vai ao cinema apenas pra se adrenalinar com seus ídolos, se é que depois de trocentos filmes iguais ainda consiga entrar no clima. A linda Angelina Jolie (Evelyn Salt) não pergunta, mata! Bem, afinal ela uma agente americana (ou seria russa?) com licença para matar, explodir etc. A matança do começo ao fim (praticamente sem sangue), por conta da faixa etária americana que se incomoda com a gosma, se dá por amor, por dor, por traição, por patriotismo, por profissão etc. Eu culparia principalmente as perucas horrorosas que ela usa. Dizem que perguntar não ofende, assim, filme a filme policialesco, CIA quer dizer Central de Inteligência Americana ou Central de Idiotas Americanos? Porque, ô Agencia Central de Inteligência pra ter gente stupid, digo estúpida. Seria patético, não fossem patetas.


Salt é mais um aventureiro produto de ação (colcha de roteiros) que, assim como Encontro Explosivo, vai pegando carona (no meio, na frente, atrás) em produções onde o que conta são as correrias e assassinatos espetaculares (aos modos de James Bond e Ethan Hunt) e acaba tropeçando e caindo no colo de Dupla Implacável (From Paris With Love, França, 2010) dirigido por Pierre Morel, com John Travolta e Jonathan Rhys Meyers, só que sem o humor. A bem da verdade, a sequência de Evelyn Salt, em trajes sumários, sendo torturada na Coréia do Norte, é uma tentativa pífia de repetir a marcante sequência de tortura de James Bond (Daniel Craig) em 007 - Cassino Royale (Casino Royale, 2006), de Martin Campbell.


Ah, a síncope, digo sinopse de Salt. Conta-se que o filme seria protagonizado por Tom Cruise, que recusou o papel de Edwin Salt, por achá-lo muito parecido com Ethan Hunt, de Missão Impossível, e foi fazer o Roy Miller (acusado de traição e de ser um agente duplo) de Encontro Explosivo, muito parecido com Ethan Hunt, de Missão Impossível. Bem, foram alterados alguns pontos e vírgulas no roteiro de Salt e Angelina Jolie, cujos filhos adoram vê-la dando porrada em homens, assumiu o papel da agente explosiva Evelyn Salt. A funcionária pública da CIA, acusada de traição e de ser uma agente dupla, pronta a instalar o caos no mundo americano, vai correr contra o tempo para provar o contrário do que todos envolvidos (nem) imaginam, mostrando (se conseguir) que o verdadeiro perigo está ao lado deles. Uau!

NOTA: Caro leitor, não se preocupe com a desordem dos parágrafos. Fique à vontade. Leia-os na ordem que bem entender. Até mesmo debaixo pra cima. Essa é uma singela homenagem ao filme.

2 comentários:

  1. E você acredita que ainda querem fazer uma continuação disto???

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  2. Pois é, Antunes, o "filme" já foi lançado com tal possibilidade lucrativa.
    Foi bem na bilheteria? Continuidade nele!
    Resta saber quais filmes irão copiar ou que história vão "recontar".

    Abração.
    T+
    Joba

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