segunda-feira, 12 de abril de 2010

Crítica: Aproximação


Aproximação

Aproximação (Disengagement – Alemanha, Itália, Israel, França - 2007), o melodrama do diretor Amos Gitai, finalmente estréia no Brasil. Pra quem quiser rever ou manter distância, vale lembrar que é o mesmo filme exibido na Mostra Internacional de São Paulo, em 2007, com o título: Retirada. Ambos os títulos têm a ver com a película, um tanto quanto fragmentada e superficial, nas razões de aproximação e de retirada (envolvendo israelenses), ao falar de heranças deixadas (por pais) ou herdadas (por filhos), sejam bens materiais, imateriais..., ou terras alheias.

Aproximação tem um começo estranho (?), com cenas e sequências sem sentido (?): Uli (Liron Levo) é um miliciano de Israel que vai à Avignon, na França, se encontrar com Anna (Juliette Binoche), sua irmã adotiva, no funeral do pai. Anna está extremamente feliz (?) com a morte do pai, o fim do seu casamento e o reencontro com o “irmão”, por quem sente incontida atração sexual e a quem se insinua durante toda a estada do rapaz. Talvez esteja aí a oportuna razão de tanta alegria. Uli, por sua vez, prefere dormir amontoado com um bando de gente (imigrantes ilegais?) escondido (?) num minúsculo quarto (porão?) no térreo da casa velha. Na leitura do Testamento, Anna tem uma desconfortável surpresa: nem ela e nem o “irmão” têm direito à herança, deixada pra uma parenta da família que vive num kibutz, na Faixa de Gaza. Por questões pessoais os dois viajam atrás de herdeiros: ela, pra reencontrar alguém que deixou lá, na sua adolescência; ele, pra reencontrar os israelenses assentados ilegalmente na Faixa de Gaza e coordenar a sua retirada. No “retorno” às origens (em meio a um conflito, digamos, étnico) os “irmãos” já não têm mais idéia da real identidade de cada um.

Ao assistir Aproximação, a impressão que fica é a de que (independente dos problemas técnicos e de continuidade), a cada filme, Gitai perde mais e mais a mão. Mas, como (também) em cinema cada um entende o que quer, este exemplar (também) pode ser visto como metáfora, ironia, sátira, piada..., sobre o eterno conflito no oriente médio. E também sobre nada disso. São ridículas, além de enfadonhas, as cenas (SEMPRE EM CLOSE) de um punhado de israelense, “farreando” em frente da câmera (ENCHENDO A TELA), na retirada (?) dos ocupantes do território Palestino. Uma pífia tentativa de ”esclarecer” que aqueles “pobres coitados”, tão “maltratados” pela milícia israelense (seu próprio povo!), na desocupação (?), não têm culpa se a terra “herdada” dos seus governantes já tinha (?) dono. Nem noveleiro latino-americano filmaria algo tão constrangedor. Além do mais, se os posseiros fossem só um punhado de chorões e ripongas, que parecem ter saído diretamente do espetáculo Jesus Cristo Superstar, a intifada tinha resolvido a situação a pau e pedra.

Aproximação, com roteiro de Amos, em colaboração com Marie-Jose Sanselme, é uma típica produção pra quem acredita que o judeu é a eterna vítima do mundo, ou que o culpado é sempre o outro. Um engodo do panfletário diretor israelense Amos Gitai, para delírio do povo judeu e admiradores da causa bélica deles. A única dúvida é se é um filme com pieguice na medida certa pra agradar o público americano ou se é um filme, ao molde americano, com pieguice na medida certa para agradar o público israelense. Porque, Gitai continua discutindo questões “políticas” e “religiosas” com a profundidade de uma cova rasa.

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