sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Crítica: HANAMI – Cerejeiras em Flor


Hanami – Cerejeiras em Flor
Hanami – Cerejeiras em Flor
as aparências enganam

A difícil arte de conviver e de envelhecer é o tema central do contagiante filme alemão Hanami – Cerejeiras em Flor (Kirschblüten, Alemanha, 2008) de Doris Dörrie. Delicado como a flor da cerejeira (que dura poucos dias) ele traça um painel universal sobre as aparências da vida e da morte, expondo o que nos parece eterno na sua “despercebida” fugacidade.

Hanami – Cerejeiras em Flor fala da descoberta de si mesmo na ausência presente do outro. Trudi (Hannelore Elsner) e o marido Rudi (Elmar Wepper) vivem numa bucólica cidade da Baviera. Ela ama a dança japonesa Butoh e sonha visitar o Monte Fuji. Ele prefere ficar em casa, depois do trabalho, bebendo cerveja. Um dia Trudi toma conhecimento da doença terminal de Rudi e, em vez de contar a ele, decide fazer uma grande viagem com o marido. Ela propõe uma visita ao o filho Karl (Maximilian Brückner), que vive em Tóquio, mas acabam indo a Berlim, onde moram outros dois filhos, Klaus (Klaus Angermeier) e Karolin (Birgit Minichmayr), e de lá até o Mar Báltico, onde Trudi morre repentinamente. Decidido a homenagear a esposa, Rudi vai ao Japão visitar Karl e conhecer o Monte Fuji. É a época do Festival das Cerejeiras em Flor e ele encontra beleza em toda parte, inclusive no Butoh, através de Yu (Aya Irizuki), uma garota que dança num parque.

Kazuo Ohno, o grande mestre do Butoh dizia que “A dança (Butoh) não se ensina. Ela está dentro de cada um de nós. Primeiro tem que analisar sua vida, quando entender sua própria vivência, surgirá sua própria dança”. Hanami – Cerejeiras em Flor não é sobre o Butoh, mas a essência da dança está presente em cada fotograma. Assim como o contraste de culturas na valorização da vida e na compreensão da morte. A metáfora se desenha nos detalhes que confrontam as cidades e as suas celebrações de florescimentos de prédios e de cerejeiras. Ou ainda na efêmera vida das moscas. Melancólico e intenso, o filme de Doris Dörrie desvela os signos das cidades que enclausuram homens que enclausuram a si próprios. Através das lentes precisas e nem sempre confortáveis, do fotógrafo Hanno Lentz, registra a brevidade das coisas em um mundo cada vez mais de ontem.

Saudosista, ou não, Hanami – Cerejeiras em Flor é uma obra envolvente e pega de jeito qualquer espectador, com seu nostálgico discurso sobre a vida simples e a simplicidade da vida, em meio aos atropelos capitais. Caminha a passos ágeis ou lentos, conforme as cidades se abrem ou se fecham à passagem de Rudi sob as cerejeiras ou aos pés do Fuji, lembrando que, mesmo na brevidade, há tempo para mudanças.

8 comentários:

  1. Um belo filme. Mas ainda achei um pouco longo demais. Mas quem não viu corra para ver antes que saia de cartaz.

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  2. Olá, Valdelis Gubiã.
    Não percebi a passagem do tempo. Talvez por me entreter (e me envolver) com os detalhes sutis e muito significativos nos contrastes e confrontos entre cidades e entre homens.
    T+
    Joba

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  3. Oi Joba,
    Consegui ver o filme enfim, e o achei muito sutil e delicado. Estranhei um pouco ver aquelas cenas do Japão, em plena decadência financeira, com pessoas morando em meio aos parques, dentro de barracas, nenhum filme até agora mostrou essa realidade. Não esperava que um filme alemão o fizesse, pois o Japão sempre teve muita simpatia e admiração pela “supremacia” alemã e eu julgava que a recíproca fosse verdadeira. Achei ótimo que tivessem revelado o que realmente acontece por lá, pois por trás de toda aquela tecnologia há pessoas e nem sempre a tecnologia pode ajuda-las. Foi um filme muito envolvente e a idéia da efemeridade da vida é uma real e a forma como foi abordada foi quase filosófica.
    Bjs
    Dulcineia

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  4. Olá, Dulcinéia.
    Que bom que conseguiu ver este belo filme realizado com sutilezas na construção e desconstrução do homem frente as cidades e a natureza em flor.
    O filme também me tocou profundamente.

    Bjs.
    T+
    Joba

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  5. Olá, alguém sabe dizer o nome da música final de hanami - Cerejeiras em Flor?
    abs , Luciene
    www.luciene.pimenta@formato.com

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  6. Olá, Luciene.
    Infelizmente não sei lhe dizer o nome da música final de Hanami.
    A trilha é assinada por Claus Bantzer.
    Mas também não saberia dizer se esta música específica foi composta por ele.
    Teria que rever o filme e prestar atenção na relaçao das músicas. Geralmente elas seguem a ordem em que "aparecem".
    Se eu conseguir tal informação, comento por aqui.
    Obrigado.

    T+
    Joba

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  7. QUEM NAO VIU PODE COMPRA-LO POR DEZ REAIS EM FRENTE AO ESPAÇO UNIBANCO NA AUGUSTA JUNTO AOS CAMELÔS CABEÇA DE LÁ...

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  8. Olá, Anônimo.
    Sugiro que aluguem esta maravilha numa locadora.
    Ou que adquiram uma cópia original.

    Abs.

    T+
    Joba

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